Henrique J. C. de Oliveira, Os Meios Audiovisuais na Escola Portuguesa, 1996. |
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partir do momento em que começou a surgir o ensino colectivo, em escolas de
tipo paroquial, como foi, por exemplo, o caso da França, tornou-se indispensável
a criação de material escolar adequado aos objectivos do ensino. Além de
instrumentos e materiais diversos de escrita (canetas, tinteiros, folhas,
cadernos, carteiras, etc.), as escolas começaram a ser dotadas com quadros
murais. Em França, de acordo com as
prescrições de J. B. de La Salle, em Da
conduta das escolas cristãs[1]
(1720), entre os materiais pedagógicos constam cartas murais de grandes dimensões,
com a representação das letras, ditongos e sílabas, para aprendizagem da
leitura, e quadros para o ensino das matemáticas, que constituem os precursores
do tradicional quadro preto. Tal como se lê no citado documento de La Salle, «é
necessário que as duas faces desta prancha sejam pintadas a óleo de cor preta,
a fim de que se possa aí escrever as regras com giz branco.» Ao lado
destes quadros, deveriam figurar nas paredes, além do crucifixo, imagens
piedosas. Em meados do século XIX,
após o período da Revolução Francesa, os textos oficiais relativos às
normas educativas fazem mesmo uma alusão explícita à utilização do quadro
preto. Os artigos 10º e 11º do Regulamento de 15 de Agosto de 1851 mencionam
unicamente este recurso pedagógico, o qual tinha obrigatoriamente que existir
para exercícios de escrita, ortografia, cálculo e desenho linear: «Haverá
na escola pelo menos um quadro preto, destinado aos exercícios de escrita,
ortografia, cálculo e desenho linear. Numa parte apropriada da parede ou em
quadros móveis pendurados nas paredes serão traçadas máximas religiosas e
morais, as medidas usuais do sistema métrico, a tábua da multiplicação, os
mapas geográficos da França e do departamento.»[2] / 53 / No continente norte-americano, antes de 1800, o ensino nos diferentes níveis era essencialmente de tipo individual. E nas poucas escolas existentes, próprias para ensino em grupo, estas eram extremamente rudimentares e com reduzido material escolar. A partir do século XIX, com o sistema educativo lançado por Joseph Lancaster (1778-1838), o ensino passa a ser essencialmente ministrado em escolas públicas. Como materiais escolares, por questões económicas, é criado uma variante do quadro preto, para uso de cada aluno, que poderíamos designar por «quadro de areia». Tal como nos é referido por P. Saettler[3], «sobre cada carteira era espalhada uma fina camada de areia para a prática da escrita.» E os alunos escreviam «com um ponteiro afiado de madeira e apagavam o quadro passando por cima uma régua de madeira, economizando-se deste modo papel e tinta.» Para
a aprendizagem da leitura, eram impressos quadros com textos com letras de
grandes dimensões, que eram pendurados nas paredes, servindo deste modo toda a
turma. E «por meio de ardósias, centenas
de alunos escreviam e soletravam a mesma palavra ao mesmo tempo.»[4] O quadro preto, hoje com um elevado número de variantes e modelos, foi considerado, no século passado, como uma das maiores inovações no campo pedagógico, por permitir que um só professor pudesse comunicar com turmas com elevado número de alunos, quer através da escrita, quer de esquemas, gráficos e desenhos. E apesar da elevada quantidade de novos recursos pedagógicos que a moderna tecnologia tem criado para apoio à comunicação em grupo, continua ainda a ser um recurso presente e indispensável em todos os estabelecimentos de ensino. |
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