Henrique J. C. de Oliveira, Os Meios Audiovisuais na Escola Portuguesa, 1996. |
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É
na Grécia que geralmente se situam os antepassados do ensino tecnológico. No
campo pedagógico, possivelmente a imagem terá tido alguma importância. No
entanto, através das obras que chegaram até nós, nada nos é dito de
relevante, embora se encontrem referências à imagem. Tudo o que sabemos é que
na educação grega, institucionalizada a partir do século VI a. C. e
ministrada por professores especializados, tem lugar preponderante a ginástica
e todas as actividades tendentes a desenvolver o físico sobre as restantes
disciplinas. Entre o século IV e III a. C., existe já uma organização fixa
das estruturas educativas, estando o ensino dividido por vários níveis etários:
na primeira fase, que poderemos designar, por analogia com o nosso tempo, por
ciclo primário ou básico, predomina a cultura física; na fase secundária, a
formação está essencialmente voltada para os estudos literários. Com o
aparecimento dos sofistas, que P. Saettler considera como provavelmente tendo
sido os primeiros técnicos do ensino[3],
e a criação de escolas fixas, surge um ensino superior de elevado nível
(filosófico, político e científico). Entre
os séculos III e I a. C., o Estado é o responsável pela educação e esta é
essencialmente de cunho intelectual. As escolas multiplicam-se e o ensino
reparte-se por dois níveis: dos 7 aos 14 anos, o jovem ateniense aprende a ler,
escrever, recitar e contar, ocupando os exercícios físicos cerca de um terço
do dia escolar; dos 14 aos 18 anos, o adolescente inicia-se na oratória, na
matemática, na filosofia e na medicina. Embora saibamos, por exemplo, que a técnica de análise aplicada ao ensino da retórica pelos sofistas se estendia a diversos campos do conhecimento, abrangendo disciplinas como a geografia, a lógica, a história, a pintura, o desenho, a religião e outras, a verdade é que não é possível dizer qual o papel que a imagem desempenharia como recurso pedagógico, muito embora se possa deduzir que o ensino da pintura e do desenho deveria ser feito essencialmente pelo recurso à observação e análise directa das obras dos grandes artistas helénicos. Do que sabemos rigorosamente é que os sofistas se preocupavam essencialmente com a arte da política e com o desenvolvimento do poder intelectual e da arte oratória, tendo provavelmente sido os primeiros a inventar e a desenvolver técnicas de análise no ensino da retórica. Relativamente ao método socrático, embora procurando abranger um conhecimento universal, recorria à técnica do diálogo, através do qual o mestre conduzia, por meio de perguntas rigorosas e logicamente encadeadas, à descoberta do saber. O método socrático assentava no princípio de que todo o conhecimento é inato, apenas se tornando necessário torná-lo consciente por meio de questões / 45 / criteriosamente conduzidas pelo mestre e tendo um objectivo bem definido. Este método dialéctico (pergunta-resposta) partia sempre de factos já conhecidos pelo aluno, de modo a fornecer-lhe um conjunto de dados a partir dos quais pudesse chegar a novas conclusões[4].
[1] - J. CLOUTIER, A era de EMEREC ou A comunicação audio-scripto-visual na hora dos self-media, Lisboa, I. T. E., s/d, p. 24. [4] - Devido ao facto do método socrático procurar levar ao conhecimento mediante um conjunto de questões criteriosamente elaboradas de acordo com objectivos rigorosamente definidos, os adeptos do ensino programado consideraram incorrectamente Sócrates como o patrono deste método de ensino. Como refere P. Saettler, o método socrático parte do pressuposto que o conhecimento é inato, enquanto o ensino programado assenta num princípio totalmente diferente, que é o da associação estímulo-resposta (Skinner). |
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