Henrique J. C. de Oliveira, Os Meios Audiovisuais na Escola Portuguesa, 1996. |
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primeira forma que o homem, em tempos mais recuados, encontrou para registar e
transmitir conhecimentos de uma maneira perene, vencendo a fugacidade da
transmissão oral, terá sido a criação de imagens, utilizando recursos
simples que a observação e a experiência lhe foi permitindo descobrir. Como
instrumentos de escrita e de transmissão de conhecimentos terá aprendido a
utilizar recursos tecnológicos extremamente simples. Além das próprias mãos
e dedos, que impregnados de substâncias naturais cromáticas lhe permitiam
registar as primeiras imagens, em breve terá aprendido a utilizar como
instrumentos de escrita pela imagem pedaços de madeira carbonizada e outros
materiais que, pela sua dureza, permitiam gravar sulcos sobre as superfícies
das rochas e das paredes das cavernas, que passaram a constituir os primeiros
quadros murais utilizados pelo homem para a transmissão do saber, constituindo
o que hoje designamos por arte rupestre. Os
primeiros elementos registados pelo homem eram extremamente simples e só com
uma sequência de fases cada vez mais elaboradas conseguiu alcançar elevada
mestria, dominando formas e materiais cada vez mais elaborados, cujo
conhecimento foi transmitindo de geração em geração: «Os
primeiros traçados digitais encontrados em Toirano multiplicam-se pelas
cavernas cerca de 30 000 a. C. (...) São traços a dedo, em barro maleável que
felizmente a calcite consolidou aqui e acolá. Muitas vezes, traços verticais
descem pelas paredes. Outros irregulares, ondulam, tornam-se serpentiformes.
(...) Poder-se-ia pensar em grafias abstractas, mas parece que não é assim.
(...) Desses traços nasceria uma nova fase pictográfica. Com o dedo pode esboçar-se,
primeiro por acaso e a seguir de propósito, um perfil de animal, uma linha
dorsal ...»[1]
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Este
acumular de conhecimentos e sua transmissão, com a criação de instrumentos
tecnológicos gradualmente mais elaborados, faz com que os antecedentes mais
remotos da tecnologia educativa tenham de se situar em épocas recuadas da vida
do homem: «A teoria e os métodos
educativos têm antecedentes muito antigos, que podem ser traçados a partir do
tempo em que sacerdotes tribais sistematizaram conhecimentos e em que culturas
primitivas inventaram pictogramas ou signos verbais para gravar, preservar,
transmitir e reproduzir informação.[2]» Importa referir que, modernamente, quando se fala em tecnologia educativa, se pensa imediatamente em máquinas utilizadas como recursos educativos, acabando por a palavra «tecnologia» adquirir um sentido erróneo. Como lembra P. Saettler, a palavra tecnologia «não implica necessariamente o uso de máquinas, (...) mas refere-se a qualquer arte prática que utilize o conhecimento científico.[3]» |
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