BIBLIOGRAFIA

O ARQVIVO DO DISTRITO DE AVEIRO dará sempre notícia das obras à sua Redacção enviadas quer por autores quer por editores.

De harmonia com a prática seguida pelas publicações suas congéneres, fará também algum comentário crítico aos livros de que receba dois exemplares.


COLECÇÃO DE CLÁSSICOS SÁ DA COSTA, da Liv. Sá da Costa, L.da

Mercê de várias circunstâncias, não nos temos referido ao aparecimento dos últimos volumes desta notável e benemérita Colecção, que, apesar da tremenda crise que o livro atravessa, vai seguindo impávida, e com a regularidade e firmeza que são timbre daquela acreditada livraria lisbonense.

Chegou, porém, o ensejo de procedermos à inventariação desses volumes, para os quais nos apraz chamar a atenção daqueles assinantes do Arquivo que porventura ainda os não conheçam:

DIOGO BERNARDESObras Completas − VOL. II (1946) − O Lima, 358 páginas. Notas do Prof. MARQUES BRAGA. Consta de 20 églogas e 33 cartas. --- Vol. III (1946) − Várias Rimas ao Bom Jesus. Notas do mesmo professor. Vol. de 224 páginas, as duas últimas das quais de «correcções e aditamentos».


JOÃO DE BARROS
Décadas. Selecção e notas de ANTÓNIO BAIÃO. Vol, III (1946), 302 páginas − Segunda Década, Liv. 3.º, capítulos, I, II a VI, VIII e IX; Liv. 4.º, cap. I e V; Liv. 5.º, cap. lII a XI; Liv. 6.º, cap. II a VIII. - Vol. IV e último (1946), 298 páginas − Segunda Década, Liv. 7.º, cap. I, lI a IX; Liv. 8.º, cap. II a VI; Liv. 10.º, cap. I a VIII; Terceira Década, Liv. 5.º, cap. VI a X; Liv. 9.º, cap. I a III.


LUÍS DE CAMÕESObras Completas. Prefácio e notas do Prof. HERNÂNI CIDADE: VOL. I (1946) − Redondilhas e Sonetos. Prefácio de LIV páginas [I − Escorço biográfico; II − O cânone das «Rimas»; III − Como foi organizada a presente edição]. O texto das redondilhas e sonetos, segundo «a lição das primeiras edições e variantes», ocupa, com o índice e corrigenda, 363 páginas. − Vol. II (1946) − Géneros Líricos Maiores. Nota prévia de pág. V a VIII. O texto, que ocupa, com o índice, 309 páginas, consta de Éclogas (ed. de 1595), Odes (ed. de 1595, 1598, 1616, 1861), Sextina (1595), Oitavas (1595, 1616, 1685), Elegias (1595, 1598, 1616, 1668, 1861) e Canções (1595, 1861). − Vol. III (1946) − Autos e Cartas. Prefácio de pág. VII a XXV; Auto dos Enfatriões (pág. 1 a 76), El-rei Seleuco (pág. 77 a 126), e Auto chamado de Filodemo (pág. 127 a 223). As Cartas vão de pág. 225 a 264.
/ 159 /  Seguem-se as variantes dos «Enfatriões» e de «Filodemo», notas e variantes dos poemas insertos no voI. II, que ocupam de pág. 285 a 375. índice e notas e corrigenda vão até a pág. 378. − Vol. IV (1947) − Os Lusíadas (Cantos I a V): Prefácio, pág. VII a LII: I − História do texto; II − O significado e o valor estético d'Os Lusíadas.

O texto do alvará régio, do parecer do censor de 1572 e da nota relativa ao titulo do poema vão até a pág. LX. Os cinco cantos, sobriamente anotados, ocupam, com o índice e corrigenda, 299 páginas. − Vol. V (1947) − Os Lusíadas (Cantos VI a X). Vol. de 301 páginas, incluídas as variantes da edição E, de 1572 (pág. 265 a 268), o índice dos nomes próprios (pág. 271 a 298), o índice (pág. 299) e as correcções ao I, ao II e ao lII volume.

Constituem os cinco volumes mais uma prova da competência do ilustre professor da Faculdade de Letras de Lisboa que os organizou e anotou.


FREI LUÍS DE SOUSAVida de Dom Frei Bartolomeu dos Mártires. Prefácio e notas do professor AUGUSTO REIS MACHADO. − Vol. I (1946) − Prefácio e bibliografia, págs. VII a XXXI. Dedicatória-prefácio do Autor, Liv. I e II da obra (até ao cap. XXVIII), 336 páginas. − Vol. II (1946) − Resto do Liv. II, Liv. III e Liv. IV (até ao cap. XXIII), 321 páginas. − VOL, III (1948) − Resto do Liv. IV até o final da obra, 318 páginas. O volume termina com o «glossário das expressões e termos mais característicos» (pág. 319 a 328).


DIOGO DO COUTODécadas. Selecção, prefácio e notas de ANTÓNIO BAIÃO. − VOL. I (1947), CXXIV − 254 páginas. O prefácio é rico de informações inéditas acerca do autor. Do texto, seleccionou-se o seguinte: Década quinta Liv. VIII, cap. IX a XIV; Liv. IX, cap. I a IX; Liv. X, cap. I a XI, Década VI, Liv. I, cap. I a IX. − VOL. II e último (1947), 339 páginas. Década VI, Liv. II, cap. I a X; Liv. III, cap. I a X; Liv. IV, cap. I a IX; Liv. V, cap. I a XI e Liv. VI, cap. I a VIII.


HOMEROPoemetos e Fragmentos. Tradução do grego, introdução e notas do P.e M. ALVES CORREIA. VoI. de págs. XL − 186 páginas (1947). A introdução abre com estas palavras: − «Juntando à Ilíada e Odisseia as composições do presente volume − Pequenos Poemas e Fragmentos temos as obras completas de Homero. − Esta designação é aceite condicionalmente desde há muito, pelos editores dos livros clássicos. Julgo desnecessário prevenir os leitores de que nenhum dos «pequenos poemas» ou «fragmentos» é do autor (ou autores) da Ilíada e Odisseia»... −

Apesar disso, não deixarão de interessar aos leitores dos dois poemas gregos estas obras menores e fragmentos da velha musa helénica, quanto mais não seja por muito citados e por se não encontrarem, até agora, vertidos em língua portuguesa. É por isso meritória a publicação da «Batalha dos Ratos e Batráquios», dos hinos a Hermeias, Apolão, Afrodite, Deméter, etc., bem como das restantes produções que com as citadas compõem o volume.

Aveiro, Maio de 1948.

J. T.


Roteiro dos Monumentos Militares Portugueses − pelo General JOÃO DE ALMEIDA.

Pertencente à série «Ao Serviço do Império», publicou o Sr. General João de Almeida os primeiros três volumes daquele trabalho, o primeiro de 642 páginas, relativo aos distritos da Guarda, Castelo Branco e Viseu (1935); o segundo, de 342 páginas, dedicado a Aveiro, Coimbra, Leiria / 160 / e Santarém (1946); e o terceiro, de 574 páginas, respeitante aos distritos de Portalegre, Évora, Beja e Faro (1948).

Os volumes são ilustrados com muitas gravuras insertas no texto e bastantes «hors-texte», e cada um deles contém, na devida altura, o mapa itinerário de cada distrito, sobre o qual, impresso a vermelho em papel vegetal, se vê o mapa das fortalezas e das estradas romanas respectivas.

Na introdução ao voI. I (pág. 9 a 36), o autor, expondo a orientação seguida, frisa a importância que para a história têm os monumentos de pedra, em especial os militares, e afirma que «fazer o estudo das fortalezas das terras portuguesas é alicerçar a história da nossa raça». Prosseguindo, escreve: − «Organizar, pois, o inventário anotado dos monumentos militares da raça portuguesa através das idades, desde as origens até aos nossos dias, definindo melhor o seu esqueleto, as etapas da vida passada, especialmente as dos tempos nebulosos da pré-história, oferecendo assim novas e mais certas bases para o estudo da nossa história, tal é o objectivo deste nosso Roteiro dos Monumentos Militares Portugueses. − Todo o nosso trabalho, abstraindo daquela ciência livresca, que só serve para confundir, é baseado na observação pessoal e no estudo, in loco, das condições e características que informam cada monumento militar».

Os volumes II e III são precedidos da Nota preliminar, em que o autor chama a atenção dos leitores para a introdução geral e faz novas observações que lhes servirão de guia no estudo.

É natural que o trabalho deste Português ilustre, a quem o nosso país tanto deve pelo que em prol do Império tem feito, já como soldado em África, já como escritor militar, não esteja isento de erros e deslizes, tão vasta é a matéria abarcada, e tão difícil trabalhar no terreno, naturalmente movediço e perigoso, dos assuntos arqueológicos. No entanto, quaisquer que sejam as discordâncias dos especializados a respeito do que na obra se afirme de mais conjectural, o que fica é ainda motivo para o reconhecimento dos Portugueses ao indefesso trabalhador que delineou e levou avante o esboço de uma obra de vulto mais gigantesco.

Insere o vol. II, em que Aveiro figura, a pág. 14, a fotografia das ruínas da porta do Cojo (S. Domingos), ou seja de restos da muralha que cingia a antiga vila. Foi pena que o Sr. General João de Almeida não reproduzisse também os restos existentes junto do Anexo do actual Liceu, os quais, com os reproduzidos na fotografia, constituem o que das muralhas existe.

Na pág. 19, fala-se de Casal de dimas. É engano: Casal de Ima é o nome de um lugar da freguesia da Branca, que no foral de Figueiredo e Bemposta (Arquivo, vol. II, pág. 39) se designa por Ima, por exemplo: − «Na branca Ioham fernandez da yma de trigo sabido XlIII alqueires e de milho doze alqueires...».

Na pág. 43, figura a palavra Cristelo em vez de Crestelo, que é como se nomeia a povoação; e na pág. 81 seria conveniente frisar que o lugar de Figueiredo, a que se alude, é hoje Figueiredo de Baixo, lugar da freguesia do Pinheiro da Bemposta, onde existem vestígios da sua remota antiguidade.

Felicitando o Sr. General João de Almeida, nosso prezado Amigo, por mais esta prova da sua competência e patriotismo, apraz-nos citar uma obra que, não tendo outras aspirações que a de simples esboço de maior trabalho, é no entanto suficiente para provocar a gratidão de todos quantos prezam a sua Pátria e a sua autonomia.

Aveiro, Junho de 1948.

J. T.

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