José Pereira Tavares, História do Liceu de Aveiro, Vol. III, pp. 137-150.

HISTÓRIA DO LICEU DE AVEIRO

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II

A ACTA de 16 de Junho de 1869 encontra-se assinada por um novo professor, «Manoel Ribeiro de Figueiredo», que a seguir à sua assinatura escreve em parêntese «protestando pela sua excluzão da meza de Latinidade» .

Novo Reitor assume a direcção do Liceu, o professor Clemente Pereira Gomes de Carvalho, que como tal assina as actas desde 27 de Julho de 1869 até Junho de 1871.

Em 7 de Setembro de 1869 eram professores o citado Reitor Gomes de Carvalho, e mais: Germano Pinho, João José Pereira de Sousa e Sá, Bernardo Xavier de Magalhães e Elias Fernandes Pereira.

Na sessão desse dia deliberou-se «qe a Biblioteca esteja aberta todos os dias letivos desde as nove oras d'a manhan até o meio dia, e desde as duas até as quatro, desde o comeso do ano até as ferias da Pascoa, incluzive, e desde estas até o ultimo d'Agosto d'as oito ás onze e d'as tres ás seis. Declara-se, qe os dias, em qe a Biblioteca deve estar aberta são todos os, qe não forem santificados, nem os de grande gala».

A primeira sessão de abertura solene das aulas no Liceu de Aveiro fez-se em 1869. Transcreve-se a acta respectiva: «Sesão solene d'abertura d'o ano letivo de 1869 a 1870. Ano d'o Nassimento de Noso Senhor Jezus Cristo de mil e oitosentos e sesenta e nove, no primeiro d'Outubro, n-este Liseu d'Aveiro, e na Biblioteca d'ele, onde se axavam reunidos, o Reitor, tambem Profesor d'Oratoria e Filozofia, os Profesores, de Gramatica e Latim, d'Istoria Cronolojia e Geografia, de Franses e Ingles, de Matematica e Introdusão, e o provizorio d'o curso de Portuges, todos no fim d'est'auto assinados, o Ex.mo Governador Sivil, D. Joze Manuel de Menezes Alarcão, convidado pelo Reitor, os alunos matriculados para o ano letivo, qe oje comesa, e varios espetadores, qe concorreram a este ato, tomando o Reitor o seu / 138 / respetivo logar, e tambem o seu os Profesores, e o Ex.mo Governador Sivil o, qe lhe foi destinado, ele Reitor proferiu o seu discurso, proprio d'esta sesão solene, e asim ficou aberto o ano letivo de mil e oitosentos e sesenta e nove a mil e oitosentos e setenta, e concluida esta sesão, de qe se lavrou este auto, qe asinaram, o dito Reitor e Profesor, D.r Clemente Pereira Gomes de Carvalho, os Profesores, Jermano Ernesto de Pinho, D.r João Joze Pereira de Soiza e Sa, Bernardo Xavier de Magalhains, Elias Fernandes Preira, e P.e Manuel Ribeiro de Figueiredo; e escrevi eu, tambem Secretario, Jermano Ernesto de Pinho».

A acta de 30 de Abril de 1870 é assinada por um novo professor, João da Maia Romão, já dado como fazendo parte do júri de Desenho na de 3 de Novembro de 1869.

Até Setembro de 1876 as actas pouco mais registam do que a distribuição de serviço dos professores, horário das aulas, escolha de livros, organização de júris de exames, casos de indisciplina de alunos e incidentes entre professores.

Em 18 de Julho de 1870, porém, resolveu-se «qe desde o primeiro d'Outubro até o fim d'as ferias d'a Pascoa a Biblioteca esteja aberta desde as nove oras d'a manhan até a uma d'a tarde, e desde as duas até as quatro da tarde; e desde o fim d'as ferias d'a Pascoa até o ultimo de Setembro esteja aberta desde as oito oras d'a manhan até uma d'a tarde; e desde as duas d'a tarde até ás quatro; eissetuando o mes d'Agosto e os primeiros qinze dias de Setembro em que ela estará aberta desde as dés oras d'a manhan até o meio dia».

É a última acta escrita pelo professor Germano de Pinho, que nunca mais exerce o ensino. O cargo de secretário passa a ser desempenhado pelo professor João José Pereira de Sousa e Sá.

A acta de 10 de Novembro do mesmo ano informa-nos de que outro professor, Domingos Tavares Amador, entrara no Liceu. Era professor de ensino livre e pouco tempo prestou serviço.

Na acta da sessão de 20 de Julho de 1871.aparece de novo o reitor João de Moura Coutinho de Almeida de Eça, e o corpo docente é então constituído pelos profs. Clemente, Sousa e Sá, Bernardo de Magalhães, Elias (ausente por doença), Maia Romão, e Ribeiro de Figueiredo.

Para substituir o prof. Germano foi nomeado o professor provisório Abílio César Henriques de Aguiar, que assina as actas a partir de 3 de Outubro de 1871.

Na acta de 27 de Maio de 1872 figura o prof. provisório Francisco António Marques de Moura, que substitui o prof. Elias Pereira até Agosto de 1873.

O prof. Elias Fernandes Pereira apresenta ao Conselho, reunido em 10 de Julho de 1876, uma curiosa proposta. «Disse, que visto ser esta a primeira vez desde Maio ultimo, em que se acham presentes ao conselho todos os membros d'elle, aproveitava / 139 / a occasião para fazer a seguinte proposta: Havendo em todos os estabelecimentos d'instrucção publica, pelo menos e com certeza nos d'instrucção superior, o fraternal uso de conservar-se os retratos dos membros do corpo docente que se vão finando; e tendo nós, infelizmente, agora, uma solemne occasião de trazer para a practica aquella tão boa idêa, visto que faleceu em Maio ultimo o professor mais antigo d'este Lyceu, Germano Antonio Ernesto de Pinho, proponho que á custa de todos nós seja erigido em logar appropriadod'este estabelecimento o retrato a oleo d'aquelle nosso fallecido collega, e que seja lançado na acta um voto de sentimento por tão sentida morte.=Esta proposta foi, depois d'algumas breves considerações, approvada por unanimidade em ambas as suas partes, e encarregou o professor de desenho, João da Maia Romão, de sollicitar a acquisição do mencionado retrato, missão que elle acceitou». Esta acta é subscrita pelo Reitor João de Moura Coutinho de Almeida de Eça e pelos profs. Clemente, Sousa e Sá, Magalhães, Elias, Romão, e Aguiar.

Não consta, porém, que a resolução tenha sido efectivada. Pelo menos, não existe actualmente no Liceu retrato algum de qualquer professor daquele tempo.

A última acta do livro 2.º de actas é de 30 de Setembro de 1876.

O livro 3.º de actas abre com a da sessão de 11 de Dezembro de 1876. O Conselho reuniu para dar «cumprimento à portaria de 4 de Novembro próximo passado respondendo ao questionário da comissão encarregada de propor ao governo o plano de reforma da instrução secundária».

Pela acta de 23 de Junho de 1877, vê-se que José Rodrigues Soares, ao depois professor efectivo, exerceu nessa altura o ensino, no impedimento dalgum professor.

Em 24 de Novembro de 1879, o reitor João de Moura Coutinho consulta o Conselho sobre a substituição do prof. Bernardo X. de Magalhães, dois dias antes atacado de paralisia [Veio a falecer no dia 14 de Abril de 1882]; e logo em 7 de Janeiro do ano seguinte igual consulta é feita a propósito do professor Clemente Pereira Gomes de Carvalho haver sido mandado prestar serviço no Liceu Nacional do Porto. A acta deste dia está assinada pelo Reitor e pelos profs. Sousa e Sá, Elias, Romão e Aguiar.

A acta de 24 de Abril de 1880 está assinada também por Álvaro de Moura Coutinho de Almeida de Eça (sobrinho e genro do Reitor João de Moura), mais tarde Reitor.

É para nós muito importante a acta da sessão de 20 de Agosto de 1880. O Conselho reúne para dar cumprimento a uma portaria recente, relativa ao provimento de professores. Por proposta do Reitor, declaram-se providas definitivamente: / 140 /

1) − 

O prof. Sousa e Sá na 4.ª cadeira (História, Geografia e Cosmografia), de que era proprietário por carta régia de 20 de Maio de 1860;
 

2) − 

O prof. Bernardo de Magalhães na 2.ª cadeira (língua francesa), de que é proprietário por carta régia de 20 de Abril de 1862;
 

3) − 

O prof. Elias Pereira, «professor das cadeiras de mathemática elementar e principios de physica e chimica e introducção aos trez reinos da natureza que sempre tem regido e de que é proprietario por carta regia de 3 d'Outubro de 1865, na 6.ª cadeira (elementos de physica, chimica e historia natural), pela qual optou;
 

4) − 

O prof. Abílio César Henriques de Aguiar, «provido nas cadeiras de grammatica portugueza, latina e latinidade e francez de Penamacôr annexas ao lyceu nacional de Castelo Branco por decreto de 5 d'Agosto de 1865, e mandado em commissão para reger a 2.ª e 3.ª d'estas disciplinas n'este lyceu por portaria de 17 d'Agosto de 1871»
 

5) − 

O prof. Maia Romão, na cadeira de desenho, para que fora nomeado por portaria de 16 de Maio de 1861;
 

6) − 

O prof. Clemente de Carvalho, em comissão de serviço no Porto, provido na 5.ª cadeira (aritmética, álgebra, geometria, e trigonometria);
 

7) − 

O prof. Álvaro de Eça, provida na cadeira (língua portuguesa), visto que cabalmente se desempenhara do ensino da cadeira de filosofia, agora extinta, para que tinha sido nomeado por portaria de 9 de Janeiro de 1870, e tinha dado provas da «sua aptidão, zelo e integência».

Dois professores novos tomam assento na sessão de 8 de Novembro de 1880: José Rodrigues Soares(1) e Manuel Gonçalves de Figueiredo, que já ocupara o lugar de Reitor.

A primeira referência a José Estêvão, em actas do Conselho Escolar, encontra-se na da sessão de 1 de Junho de 1882, a propósito do lançamento da primeira pedra do monumento ao grande aveirense. O Reitor disse «que havendo assistido, no dia 8 de Maio findo, e por convite da commissão promotora d'um monumento á memoria do insigne orador e prestante cidadão José Estevam Coelho de Magalhães no largo municipal, fronteiro ao edificio d' este lyceu á inauguração do principio dos trabalhos d'aquelle monumento e recebido uma das chaves do cofre em que fôra encerrado o auto d'aquella solemnidade para ser collocado nos respectivos alicerces, apresentava a dita chave ao / 141 / conselho e o consultava sobre o destino que devia ser-lhe dado. O Conselho foi de parecer que ella fosse encerrada n'um pequeno cofre fechado e ficasse archivada na secretaria d'este lyceu, como pareceu ser a vontade da referida com missão(2).

Da acta de 31 de Outubro de 1882 consta que o prof. Aguiar foi transitoriamente substituído pelo prof. interino de Latim, Viriato de Sousa Marques (vulgo Padre Viriatinho).

Na acta de 21 de Outubro de 1884, figura a assinatura do prof. provisório de legislação civil, João Maria de Almeida e Moura, que assiste pela última vez a um conselho, em 27 de Fevereiro de 1886.

A seguir, só nos interessa a acta de 20 de Outubro de 1885. Por ela consta que o Reitor (João de Moura) disse «que constando-lhe que por haver sido supprimido por decreto do primeiro do corrente mez o curso ecclesiastico d'este extincto bispado, se andava procedendo, por ordem do excellentissimo prelado diocesano ao inventario dos objectos ainda existentes no edificio da extincta sé e pertencentes ao dito curso, se lembrára de sollicitar do mesmo excellentissimo prelado a cedencia dos livros que constituíam a bibliotheca do extincto seminario para serem encorporados na d'este lyceu; e por isso consultava o conselho sobre a necessidade e conveniencia d'este pedido.

   Dr. Manuel Gonçalves de Figueiredo (1834-1902)

Depois de ponderado que os livros em questão decerto não farão falta ao seminario de Coimbra, que possue uma numerosa e escolhida bibliotheca, como de todos é sabido, e que ao contrario augmentavão e tornavão mais variada e util a d'este lyceu, approvaram por unanimidade que ao excellentissimo prelado fosse pedida, em nome d'este conselho, a cedencia dos livros indicados, que / 142 / são, como é publico, restos da hibliotheca dos antigos Bispos d'Aveiro e que ultimamente estavam ao serviço do seminário».

A acta de 2 de Janeiro de 1886 é assinada pelo prof. Sousa e Sá, como reitor interino por falecimento do efectivo (João de Moura) e redigida por Gonçalves de Figueiredo, secretário interino.

O novo reitor, José Cândido Gomes de Oliveira Vidal, apresenta-se pela primeira vez perante o conselho, em 31 de Março de 1886(3).

Foi este Reitor quem primeiro se esforçou por que do edifício do Liceu saíssem as repartições do Governo Civil e Fazenda, que desde 1864, como vimos, lhe ocupavam o primeiro pavimento. A esse respeito, é muito importante a acta de 2 de Abril desse mesmo ano de 1886: «Disse o mesmo reitor que constando-lhe ha muito que a permanencia das repartições do governo civil e da fazenda do districto no edificio do lyceu tem embaraçado sempre a regularidade do ensino pela natureza diversissima dos serviços d'ambos, e tornam absolutamente impracticaveis algumas disposições da reforma d'instrucção secundaria na parte respectiva ao mesmo lyceu, porquanto o andar do edificio occupado por este nem é bastante para as suas aulas diarias, nem tem casas para secretaria, conselhos, gabinetes ou salas d'estudo e d'exames; sendo que ainda assim o governo civil, tambem por mal acomodado, lhe invade frequentes vezes a bibliotheca (onde já funccionam duas aulas em falta de logar proprio) para n'ella celebrar as sessões da junta geral do districto: que estes gravissimos inconvenientes foram já ponderados pelo senhor inspector da instrução secundaria em Janeiro de mil oitocentos oitenta e um ao governo de Sua Magestade, que, reconhecendo-os, providenciou ordenando ao governador civil que estudasse o modo de desembaraçar o edificio, a fim de se accommodarem convenientemente as aulas e mais pertenças do lyceu, restituindo-lhes as casas que lhe pertenciam. O ministerio porem que dera essa ordem, deixou poucos mezes depois o poder, entrou novo governador civil, e não consta que se fizesse, até agora, a minima diligencia para cumprir as determinações recebidas; e assim continuam os mesmos inconvenientes accusados em prejuizo do serviço do lyceu. Que por isso elle reitor propunha que se pedisse instantemente ao governo de Sua Magestade as providencias necessarias para que o edificio do lyceu seja promptamente desoccupado pelas repartições do governo civil e da fazenda do districto; ou que ao menos, e para já, em quanto não houver casa para todas essas repartições estranhas ao lyceu, saia a repartição de fazenda das salas que occupa, passando as repartições do governo civil para uma d' essas a do lado direito do salão d'entrada a fim de que as duas / 143 / salas do lado esquerdo sejam destinadas para aulas e secretaria e reuniões do conselho do lyceu. O conselho, tomando em consideração esta proposta, que  acha justa, affirma por verdadeiros os motivos que lhe são fundamento, e unanimemente delibera que se envie copia d'esta acta ao senhor inspector da instrucção secundaria para impetrar do governo de Sua Magestade as providencias precisas, a fim de serem removidas do edificio do lyceu todas as repartições publicas estranhas ao mesmo; e porque não seria facil achar-se de prompto um edificio que as comporte todas, delibera tambem que se inste pela remoção immediata da repartição de fazenda do districto para alguma das diversas casas da cidade, onde bem pode instalar-se sem prejuiso do seu serviço, a fim de que, na proxima epoca d'exames, o lyceu possa já aproveitar-se das salas, que ella occupa; e que o governo civil despeje a parte do edificio do lyceu em que está estabelecido, até ao fim do corrente anno lectivo.»

Como veremos, estes desejos do Conselho só muito mais tarde foram satisfeitos.

Na sessão de 15 de Setembro de 1886 e para dar cumprimento ao Art.º 70.º do Regulamento de 12 de Agosto desse ano, é feita a seguinte colocação de professores:

Língua e literatura portuguesa Álvaro de Moura Coutinho de Almeida de Eça (provisório);

Língua francesa José Rodrigues Soares (provisório);

Língua latina Abílio Aguiar (proprietário);

Princípios de Física e Química e História Natural (Elias Pereira (proprietário);

   Cónego José Cândido Gomes de Oliveira Vidal
    (1829-1892)

Geografia e História Sousa e Sá (proprietário);

Flosofia elementar Clemente de Carvalho (proprietário);

Desenho João da Maia Romão (proprietário). / 144 /

Ficava vaga a cadeira de Inglês.

Na acta de 5 de Novembro de 1886 figura o professor provisório de Inglês, Albino Dias Ladeira de Castro, e assina-a como secretário interino o professor José Rodrigues Soares, que exerce esse lugar até Dezembro de 1889.

Mais dois professores provisórios são dados como presentes na acta da sessão de 1 de Dezembro de 1886 Alexandre José da Fonseca e José Maria Barbosa de Magalhães.

Em 2 do mesmo mês tomam-se resoluções sobre os livros oferecidos ao liceu pelo Bispo. «Disse o Reitor que, pela extincção do curso ecclesiastico d'Aveiro, foram entregues pelo Ex.mo Bispo Conde a este lyceu 2500 livros que pertenceram outr'ora á livraria particular dos Bispos, e que esses livros, entre os quaes se contam obras de muito valor, estão ainda sobre o soalho da bibliotheca do lyceu sem que até agora tenham podido ser escrupulosamente catalogados e collocados em estantes de modo a poderem ser consultados; que assim elle reitor convidava o Conselho a occupar-se d'este assumpto, deliberando o que julgasse mais conveniente para se tirar o proveito necessario da concessão dos mesmos livros á bibliotheca do lyceu. O conselho, depois de larga discussão sobre este negocio, reconhece que é urgente catalogar esses livros, comparar o catalogo com o da bibliotheca para assim separar as obras em duplicado, rever todas cuidadosamente para retirar das estantes, onde já não há espaço para mais livros, as obras que estiverem truncadas e as que já hoje são de valor nullo. Conhecendo, porem, quanto será penoso e demorado este trabalho, que demanda muito tempo, esforço e competencia litteraria, delibera que se represente ao Governo de Sua Magestade, pedindo: 1.º a nomeação do professor d'este lyceu, Elias Fernandes Pereira para levar a effeito o trabalho acima indicado, mediante uma gratificação mensal que ao Governo parecer justa, ao que o dito professor se presta; 2.º auctorisação para vender ou trocar as obras que se acharem em duplicado por outras, que não ha na bibliotheca, de facil e proveitosa consulta para os alumnos do lyceu sobre as disciplinas n'elle professadas e que estejam a par do estado litterario actual, vendendo-se tambem para o mesmo fim as obras que se encontrarem sem valor litterario entre todos esses livros; 3.º auctorisação para ampliar e vedar por meio de redes d'arame as estantes da bibliotheca que mais economicamente podem assim ser arranjadas de modo a comportarem maior numero de livros. Deliberou tambem o conselho que d'esta acta se tirasse copia para ser remettida á Direcção Geral d'Instrucção Publica para os devidos effeitos»(4) / 145 /

A catalogação dos livros veio a fazê-la o professor Elias Pereira, e as obras da biblioteca foram adjudicadas a Fernando Homem Cristo em 4 de Abril de 1887, «em cumprimento do disposto no officio do Ministerio do Reino de 21 de Janeiro de 1887 que auctorisa as obras na bibliotheca d'este lyceu segundo as condições que estiveram patentes no acto da arrematação a que o mesmo Reitor mandou proceder»(5).

A 14 de Janeiro desse ano de 1887, o Conselho reune extraordinariamente, «com o fim de discutir o projecto do regulamento interno dos empregados menores d'este lyceu, cuja elaboração fòra previamente encarregada a uma commissão composta dos professores d'este lyceu, Elias Fernandes Pereira, Alvaro de Moura Coutinho d'Almeida d'Eça e José Rodrigues Soares».

Em 26 de Outubro do mesmo ano, o corpo docente compunha-se dos professores Romão, Elias, Álvaro de Eça, José Soares, Figueiredo, Ladeira, Alexandre Fonseca, Barbosa de Magalhães, e Francisco da Costa Júnior, que substituía provisoriamente o professor Aguiar, transferido para o Liceu de Coimbra(6).

Tendo o actual edifício sido construído propositadamente para nele se instalar o Liceu, surpreende-nos que apenas vinte e sete anos após a sua inauguração se pensasse em instalar noutro edifício os serviços do mesmo Liceu. Coisas da política do tempo. Felizmente, essas tentativas nenhum resultado deram, e o Liceu continuou onde estava. Mas vejamos o que a tal respeito nos dizem as actas.

Na sessão extraordinária de 23 de Dezembro de 1887, o Reitor, Cónego Oliveira Vidal, deu conhecimento aos vogais do conselho da consulta que lhes fora feita pelo Presidente da Comissão Distrital(7) acerca da mudança do liceu para um edifício que se edificasse de novo. O professor Manuel Gonçalves de Figueiredo propôs como questão prévia que o conselho se abstivesse de responder á consulta feita pela Comissão Distrital, por isso que, tratando-se de instrução secundária e de dar novo destino a um edifício do Governo, entendia que a consulta devia partir ou do Governo, ou do Inspector desta circunscrição. E tendo-se discutido esta proposta, o conselho deliberou por maioria que se tomasse conhecimento do assunto da consulta. Em seguida o reitor, expondo a questão, resumiu-a nos três quesitos seguintes: 1.º O actual edifício do liceu pode, / 146 / como está, satisfazer ás necessidades do ensino? 2.º O mesmo edifício, convenientemente modificado, pode satisfazer? 3.º Outro edifício construído de novo pode satisfazer melhor que o actual depois de modificado? O Conselho tendo ponderado estes quesitos, votou-os todos afirmativamente, sendo o 1º e 3.º por unanimidade e o 2.º por maioria. Em seguida a esta votação, o Reitor apresentou a planta-projecto do novo edifício, que lhe fora enviada pelo Presidente da Comissão Distrital e havida pelo mesmo Presidente do Director das obras publicas do distrito, e propôs ao conselho que deliberasse se este projecto, realiszando-se, daria liceu com as condições que o progresso da ciência actual exige, por ficar melhor que o actual liceu depois de modificado. Logo o professor Albino Ladeira propôs que se nomeasse uma comissão de entre os vogais do conselho que apreciasse o projecto apresentado e desse o seu parecer não só sobre quaisquer alterações que entendesse necessárias para que o novo edifício satisfizesse a todas as condições do ensino escolar, senão também sobre a comparação desse seu estudo com o do projecto de modificação do actual liceu. Sendo aceita a proposta, o conselho nomeou para vogais da referida comissão os professores: Romão, Elias e Figueiredo. O professor Romão pediu escusa do seu serviço nesta comissão, que o conselho aceitou, nomeando para o substituir o professor Álvaro d'Eça.

Isto em 23 de Dezembro. Logo em3 de Janeiro de 1888, de novo reúne extraordinariamente o conselho «para apreciar e votar o parecer que a referida comissão em seguida apresentou
e que é do theor seguinte:
«A Commissão encarregada de dar parecer sôbre o projecto apresentado para o edifício do novo lyceo a edificar no local das ruinas do palacete do Visconde de Almeidinha(8) nos termos do mesmo projecto é de parecer que elle satisfaz a todas as exigencias do ensino secundario, se poder (sic) ser modificado do seguinte modo: 1.º que o comprimento do edificio seja augmentado pelo lado sul numa extensão egual à largura da capella; 2.º que a escada fique de tres lanços apenas, começando por um central e desdobrando-se em dois superiormente; 3.º que a largura de cinco metros que o vestíbulo tem na planta fique reduzido a tres, fazendo accrescer um dos dois à largura da sala para espera de professores, e sendo o outro aproveitado para o desenvolvimento da escada; 4.º que aquelle vestibulo de tres metros corra em toda a volta da escada, formando um varandim abaulaustrado; 5.º que o espaço tomado pelas aulas numero tres e quatro seja destinado para / 147 / secretaria e sala do conselho e gabinete do Reitor; 6.º que as portas das duas arrecadações subjacentes á escada no andar terreo abram para o atrio; 7.º que seja expropriada a capella para que a sua area com a da arrecadação junta fique para uma só arrecadação; 8.º que o gabinete do andar superior seja exclusivamente destinado ao bibliothecario, devendo na aula numero 6 tirar-se pelo lado sul um espaço egual ao mesmo gabinete com destino especial de sala para espera de professores; 9.º que seja expropriado o arco junto a fim de que a aula contigua possa receber luz pela frente. Confrontando depois este projecto, modificado dos termos expostos, com outro que foi presente a esta commissão elaborado no sentido de accommodar o actual edificio ás necessidades do ensino é a mesma commissão de parecer que o primeiro é superior ao segundo. O membro da comissão, Manuel Gonçalves de Figueiredo declarou que assignava vencido relativamente à comparação dos dois projectos por se não conformar com a opinião dos outros dois membros. Aveiro, tres de Janeiro de mil oito centos e oitenta e oito. Elias Fernandes Pereira, Álvaro de Moura Coutinho de Almeida d'Eça, Manuel Gonçalves de Figueiredo». O conselho tendo discutido largamente este assumpto, depois d'examinar não só os trabalhos da commissão mas tambem os dois projectos, procedeu á votação, approvando por unanimidade a primeira parte do parecer, relativa ao projecto do novo edificio com as modificações indicadas, e por maioria a segunda parte, em que, confrontando aquelie projecto com o da modificação do edificio actual, julga o primeiro superior ao segundo».

Em actas do Conselho do Liceu não mais volta a falar-se em mudança. O caso apaixonou a opinião pública e a imprensa local. Como sempre acontece, dividiram-se as opiniões. Homem Cristo, no Povo de Aveiro, abriu violenta campanha contra a mudança, e esta não se fez. O primeiro artigo saiu no número 312, 1.ª série, de 27 de Novembro de 1887, antes da primeira reünião do Conselho, e a ele pertencem estas criteriosas e justas palavras: «O lyceu está perfeitamente no sitio em que se encontra. Representa um melhoramento de primeira ordem. É um documento vivo e permanente do maior patriota que tivemos. É uma tradicção gloriosa que será mais do que um erro, porque será um crime, não acatarmos e pouparmos. Motivos de sobra para que aquelie edificio fique para o fim, grandioso e bello, a que os seus fundadores o destinaram».

Durante três meses, diz HOMEM CRISTO(9), em cada número de O Povo de Aveiro se publicou um artigo sobre o assunto(10).

A comissão da estátua de José Estêvão, que então andava / 148 / ultimando os seus trabalhos, protestou também, energicamente, perante o Presidente da Comissão Executiva da Junta Geral do Distrito, em 18 de Dezembro de 1887, contra o projecto de mudança do Liceu. Dizia assim o seu protesto: «Illmo e Ex.mo Snr. Presidente da Commissão Executiva da Junta Geral. Os abaixo assignados, membros da Commissão que promove os meios de elevar n'esta cidade uma estatua em marmore do grande orador portuguez José Estevam Coelho de Magalhães, vem perante V. Ex.ª reprezentar contra a resolução de se tirar o lyceu do magestozo edeficio em que está funcionando. Como V. Ex.ª sabe tão bem como nós, o lyceu actual é um titulo de gratidão que possue a cidade d'Aveiro para com o seu filho dilecto e querido. Ninguem ignora a dedicação que teve José Estevam por aquelle edificio e por aquella instituição e o amor que toda a vida lhe votou. Ir-se desviar hoje do seu primitivo destino, é matar as tradições gloriozas que lhe andam ligadas, é renegar o legado do mais puro e abençoado espirito que surgiu n'esta terra, é desrespeitar uma caza, que já é um monumento, e praticar por consequencia um vandalismo e uma profanação, que ao espirito illustrado e patriotico de V. Ex.ª hade repugnar primeiro do que a nenhum outro. Se os abaixo assignados, como cidadãos e habitantes d'esta terra, vissem na resolução a que se veem referindo um motivo de necessidade suprema ou de conveniencia extraordinaria, seriam os primeiros a calar o sentimento que dictou estas linhas, em face dos interesses maiores da collectividade: Mas ainda se não convenceram de motivo grave que haja para retirar o lyceu do edificio nobre em que tem funcionado até ao prezente. Com o seu aspecto grandiozo, com as suas condições imponentes, nenhum outro melhor para templo da sciencia e tabernaculo das lettras. Com as suas dimensões e amplitude presta-se incontestavelmente ás necessidades e exigencias do ensino moderno. Pelo lado da situação e pelo lado da economia, não se nos affigura que fôsse razão attendivel, por um segundo sequer profanar um monumento, porque não houvesse local mais adequado a sede das repartições publicas, nem que a circunstancia do novo edificio burocratico custar mais dois ou tres contos de reis que um outro edeficio para lyceu fosse motivo justificado e serio de uma população faltar á propria dignidade e ao decoro que se deve desrespeitando a memoria de José Estevam. Isto na hypothese da economia e da situação ficarem prejudicadas, o que não acreditamos de maneira nenhuma, porque nem um novo lyceu deixaria de custar immenso dinheiro para satisfazer ao progresso, á civilização e á corrente da mentalidade nacional, nem seria pequeno o / 149 / dispendio em apropiar o existente a repartições publicas, nem deixa de haver local conveniente para a construcção d'um edeficio politico-administrativo no centro da cidade.

«Ill.mo e Ex.mo Snr! Vae-se pagar d'aqui a dois dias uma divida sagrada á memoria do famozo paladino das franquias populares, ao heroico filho de Aveiro, ao grande cidadão portuguez. Deixae-nos que a estátua de José Estevam se erga defronte do nosso Lyceu. Deixae-nos que o bronze e a pedra attestem o patriotismo do morto e o patriotismo dos vivos. Deixae-nos que os dois monumentos, o amor d'um homem e a gratidão d'um povo, sejam a nossa gloria commum nos dias da festa que se avizinham ahi: Deixae-nos sem uma macula, sem uma sombra, sem um retrahimento que seja, contentes do nosso trabalho e orgulhosos do nosso dever, receber os estranhos que nos vierem vizitar. A vós, orador, jornalista, publicista, a vós que, ainda n'outro dia, defendeste (sic) o melhoramento para esta terra d'um edeficio destinado ás repartições do Estado, levamos este appêllo patriotico. E estamos certos de que seremos attendidos (ass.) a Commissão»(11).

Em 2 de Janeiro de 1890 redige o prof. Elias Pereira a primeira acta como secretário efectivo, cargo que desempenhou até 1920; na acta de 1 de Fevereiro desse ano, figura a assinatura do novo professor de Latim, Manuel Borges Grainha, e na de 3 do mesmo mês a assinatura do professor Manuel Rodrigues Vieira, que neste Liceu exerceu o ensino até ao dia 16 de Dezembro de 1927, em que atingiu o limite de idade (70 anos).

A última acta do Livro 3.º de actas é datada de 13 de Maio desse mesmo ano de 1890.

Nenhuma importância tem para nós a primeira acta do Livro 4.º das actas do Conselho, de 2 de Junho de 1890, bem como as que se lhe seguem até 19 de Agosto do mesmo ano. Na sessão desse dia, o Reitor apresenta um horário especial, no qual se atende à situação em que os alunos se encontravam em face da permanência do Governo Civil e Repartições da Fazenda no primeiro pavimento do edifício do Liceu. Um dos considerandos reza assim: «Considerando que a inevitavel agglomeração de muitos alumnos no salão de entrada do lyceu ou no seu atrio estorva e perturba muitas vezes a regularidade dos trabalhos da repartição do governo civil e da de Fazenda do districto, tudo alojado no primeiro andar do edificio e com as portas para aquelle atrio, sem falar em frequentes conflitos que, procedentes d'aquella agglomeração, teem logar entre estudantes e a guarda / 150 / militar do cofre do districto, apresentara elle Reitor um projecto d'horario que remediasse quanto possivel taes inconvenientes».

A assinatura do professor de Latim, Manuel Borges Grainha, aparece pela última vez na acta do dia 11 de Janeiro de 1891. Na de 3 de Fevereiro consta que esse professor está doente.

Na sessão de 18 de Setembro do mesmo ano, figura o nome do professor Ildefonso Marques Mano.

Em 22 de Março de 1892 falece o Reitor Cónego Oliveira Vidal (acta de 1 de Abril), pelo que assume o lugar de Reitor interino o professor Maia Romão; mas na acta de 30 de Julho desse mesmo ano figura como chefe do Liceu o professor Manuel Gonçalves de Figueiredo.

Até ao dia 2 de Novembro de 1895 apenas há a registar a entrada de dois professores provisórios: na acta de 25 de Novembro de 1893, figura a assinatura de José Marques de Castilho (Latim), que assina as actas até Julho de 1896, e na de 1 de Fevereiro de 1894 a assinatura de José Fernandes Mourão (Matemática), nome que aparece pela última vez na acta de 3 de Novembro desse ano.

Em 14 de Setembro de 1895 é Reitor do Liceu o professor Manuel Gonçalves de Figueiredo e professores os seguintes indivíduos: Maia Romão, Elias Pereira, Álvaro de Eça, José Rodrigues Soares, Manuel Rodrigues Vieira, Marques Mano e Ladeira de Castro, efectivos; e Marques de Castilho, provisório.

Vai abrir-se a terceira fase da existência do Liceu de Aveiro. Até 1895, foram reitores: 1.º Dr. João de Moura Coutinho de Almeida de Eça (1851-1854; Fevereiro a Julho de 1856 e 1871-1885); 2.º Dr. Francisco José de Oliveira Queiroz (Junho de 1857-1861); 3.º Manuel Gonçalves de Figueiredo (Julho de 1862 a Julho de 1863; Junho de 1892 a Dezembro de 1893; Outubro de 1894 a Novembro de 1895); 4.º Clemente Pereira Gomes de Carvalho (1869-1871); 5.º José Cândido de Oliveira Vidal (1886-1892).

Reitores interinos foram-nos os professores Manuel Joaquim de Oliveira Santos (1854-1855), Germano Ernesto de Pinho (1855-1856; 1856-1857; 1862), João José Pereira de Sousa e Sá (]an.º e Fev.º de 1887) e João da Maia Romão (Abril e Maio de 1892, e Janeiro a Setembro de 1894).

Finalmente, durante estas duas primeiras fases (1851-1860; 1860-1895) o Liceu teve quatro secretários efectivos: Manuel Joaquim de Oliveira Santos, Germano António Ernesto de Pinho, João José Pereira de Sousa e Sá, e Elias Fernandes Pereira.

JOSÉ PEREIRA TAVARES
Continua na pág. 221 ►►►

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(1) − Falecido em Aveiro no dia 11 de Janeiro de 1917. 
 

(2) − Afinal essa chave encontra-se hoje na Reitoria, junto do auto da inauguração da estátua, que se acha cuidadosamente encaixilhado. − O Liceu é também depositário de toda a documentação relativa à construção da estátua, que o secretário da Comissão, Domingos José dos Santos Leite, pouco antes de falecer entregou ao Liceu.

 

(3) − Nomeado em 24 de Fevereiro. 

 

(4) − Em 1875 escrevia MARQUES GOMES, acerca dos livros então existentes no Liceu: «...bibliotheca que se compõe de perto de 4 mil volumes, habilmente coordenados pelo illustrado professor o sr. Bernardo Xavier de Magalhães» («Mem. de Aveiro», pág. 138). 

 

(5) − Palavras do «termo de adjudicação», que anda junto, solto, ao Livro 3.º das actas. Foi assinado pelo Reitor Oliveira Vidal, pelo adjudicatário, por Manuel da Rocha como fiador, e pelas testemunhas Faustino Alves e António Augusto Salgado e pelo Secretário interino do Liceu, José Rodrigues Soares. 

 

(6) − Falecido em Coimbra em princípios de 1892 

 

(7) − Comissão delegada da Junta Geral do Distrito. 

 

(8) − A respeito deste palacete escreveu RANGEL DE QUADROS nos «Subsídios para a História de Aveiro», de MARQUES GOMES, pág. 293: «Esta casa foi destruída por um incêndio em 24 de Junho de 1871. Em 1888 começou a ser demolida, para no seu local se construir um edifício para as repartições públicas». E, mais adiante: «Nunca passou de meias paredes!». Escrevia. isto em 1894. É onde hoje se levanta o edifício do Governo Civil.   

 

(9) − Vide n.º 386 de «O Povo de Aveiro» (4.ª série). 

 

(10) −  Leiam-se, em «O Povo de Aveiro», n.os 386, 387 e 388, 4.ª série, respectivamente de 3, 17 e 24 de Março de 1935, os artigos publicados a propósito do que, sobre a frustrada tentativa de mudança do Liceu, afirmou o autor deste estudo, na sua palestra de 17 de Fevereiro do mesmo ano, feita publicamente na biblioteca do Liceu. 

 

(11) −  «Representação dirigida ao Presidente da Comissão Executiva da Junta Geral em 18 de Dezembro de 1887», escrita no Copiador (L. 2.º) da Comissão da estátua, entre um ofício de 23 de Maio e outro de 20 do mesmo mês de 1888, fls. lI. v. a 12 v. A estátua veio a inaugurar-se no dia 12 de Agosto de 1889.

 

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