Francisco Ferreira Neves, Inventário das pratas e outros objectos do extinto convento de Serém, Vol. II, pp. 191-197..

O INVENTÁRIO DAS

PRATAS E OUTROS OBJECTOS DO

EXTINTO CONVENTO DE SERÉM

O Convento de Serém, da invocação de Santo António, foi mandado construir por Diogo Soares, senhor desta vila, conselheiro de Sua Majestade e seu secretário na corte de Madrid, e oferecido por ele aos religiosos da Ordem de S. Francisco da Província de Santo António, para nele viverem doze religiosos.


A licença para a construção do convento foi dada por provisão régia de 16 de Setembro de 1634. Aos religiosos da ordem mencionada muito lhes convinha um convento situado neste local, para agasalho dos que tinham de fazer percursos pela estrada do Porto a Coimbra, notando-se que, em relação a Serém, os conventos mais próximos eram o de Cucujães e os de Buçaco e Coimbra, e mesmo assim, de outra religião
(1).


O convento foi de facto edificado e habitado, e durou até o ano de 1834, em que foi extinto.


Das pratas do convento ficou legal depositário Diogo José de Carvalho, de Albergaria-a-Velha, que as entregou depois a José Teixeira Meireles, reitor da Contadoria da Província do Douro.


Parece que destas pratas se extraviaram dois castiçais, pois que o Administrador Geral do Distrito de Aveiro, em ofício de 4 de Novembro de 1839, ordenava ao Administrador do concelho de Albergaria-a-Velha que averiguasse o paradeiro de dois castiçais.

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Este informou que o depositário de todas as pratas as havia entregado a José Teixeira de Meireles, do Porto, e apresentava uma cópia legal do auto de depósito dos paramentos e vasos sagrados pertencentes ao extinto Convento de Serém, e recibo e quitação da sua entrega em 8 de Julho de 1835.


Não se deu por satisfeito o Administrador Geral do Distrito de Aveiro, e em ofício de 5 de Dezembro de 1839 pedia ao Administrador do concelho de Albergaria a cópia do termo de depósito e recibo da entrega das pratas a José Teixeira de Meireles.


Este administrador forneceu a cópia pedida como se constata pelo seu ofício de 13 de Dezembro de 1839. Por esta cópia autêntica que temos presente, bem como os originais dos documentos que adiante publicamos, se prova que o inventário dos bens do Convento de Serém foi feito em 21 de Julho de 1834.


Do inventário constava o legado ao convento feito pelo Desembargador José Patrocínio Dinis, e constante de ouro, pratas, vestimentas e móveis, o «legado do Oratória» e os vasos
sagrados do Convento.


O depositário entregou à Comissão Administradora dos Conventos extintos da Província do Douro todos os objectos que constavam do inventário, com excepção dos vasos sagrados que, por ordem do Governo, foram entregues ao Bispo de Aveiro.


Das Contas correntes dos objectos preciosos de ouro, prata, e jóias que pertenceram aos conventos suprimidos do continente do Reino (Lisboa, Imprensa Nacional, 1842), se verifica (sob o N.º 361) a conta corrente do Convento de Stº António, da Província da Conceição da Ordem de S. Francisco, com a Fazenda Nacional
(2), resumida no mapa que antecede os documentos acima referidos.

F. FERREIRA NEVES


As restantes páginas, referentes a este inventário, vão reproduzidas em formato PDF.

 

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(1) −  Veja-se o opúsculo Convento de Serém Documentos varias sobre a sua fundação e para a sua historia, extrahídos de um velho manuscrito que pertenceu ao arquivo d'aquelle convento e obsequiosamente cedido pelo rev. prior de Macinhata do Vouga, sr. Padre J. Gomes dos Santos. Compilados por J. de Pinho. 

(2)  Em nota acrescenta-se: «Deste Convento existe reservado na Casa da Moeda 1 custódia». Convém esclarecer que a antiga província de Santo António se dividiu em 1694 em duas: Santo António e Conceição. A esta última ficou pertencendo o Convento de Serém, bem como todos os outros que estavam para o norte de Cantanhede.

 

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