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Retrato demográfico de Coimbra
 
por
Luciano Lourenço e Mário Matos


 

ENTRE 1960 e 1991, o distrito de Coimbra viu os seus residentes decrescerem de 433.656 para 427.839, o que correspondeu a uma diminuição de 1,3 por cento, acompanhada por agravamento do índice de envelhecimento demográfico, 87,3 por cento em 1991, muito acima da média do Continente (67,8%).

No tocante à capacidade das gerações mais novas substituírem as mais idosas, o distrito atingiu, nesse ano, o valor de 1,17, enquanto a média do Continente era de 1,27. Deste modo, o distrito aproximava-se do valor 1, limiar abaixo do qual a renovação não está assegurada, o que, em 1991, só se verificava no distrito de Castelo Branco, com uma relação de substituição de 0,945.

Porém, a evolução populacional do centro urbano de Coimbra foi bem diferente. Com 46.313 residentes em 1960, registava 96.142 em 1991 - um aumento de quase 108 por cento. 

Este acréscimo não foi generalizado às doze freguesias que o constituem, pois algumas delas perderam população e, na área urbana, apenas cinco registaram aumentos. As freguesias que perderam população (Almedina, Santa Cruz, São Bartolomeu e Sé Nova) correspondem à área mais antiga da cidade. 

A pirâmide etária relativa à população do centro urbano reflecte bem o que anteriormente descrevemos sobre o envelhecimento demográfico. Também esta reflecte uma diminuição dos efectivos pela base, nas classes dos 0-19 anos, e um alargamento nas idades mais avançadas. Tendo em conta o «peso» dos jovens e dos idosos sobre os adultos, verifica-se que há 77 jovens e velhos para cada 100 adultos.

Na cidade da Figueira da Foz, o aumento da população foi de 138,9 por cento, superior ao registado em Coimbra, tendo passado de 10.855 residentes, em 1960, para 25.929, em 1991. 

Porém, a análise da sua estrutura etária mostrava uma população mais envelhecida do que a de Coimbra, com um índice de envelhecimento situado pelos 86,8 por cento, muito mais próximo do valor distrital (87,3%), reflectindo-se na re­lação dos jovens e velhos com os adultos (0,88), — 88 jovens e velhos para cada 100 adultos. Este centro urbano distribui-se por cinco freguesias: Buarcos, Tavarede, Vila Verde, S. Pedro e S. Julião, a mais pequena em área (3,495 km2), mas de maior densidade populacional (3.509,5 hab./km2.)

Montemor-o-Velho, com 936 habitantes em 1991, apresentava uma população ainda mais envelhecida, cifrando-se o seu índice de envelhecimento em 130,4 por cento e existindo 100,9 jovens e velhos por cada 100 adultos.

Em 1991, na cidade de Coimbra apenas 0,6 por cento dos seus activos se ocupavam no sector primário (0,4% de homens e 0,2% de mulheres). Por sua vez, o sector secundário, com 19,6 por cento dos activos, detinha 13,4 por cento de mão-de-obra masculina e 6,2 por cento de feminina. 

O sector terciário, com quase 80 por cento dos activos (3 8,7% de homens e 42% de mulheres), concentrava a maior fatia de mão-de-obra, nos serviços de natureza social, com 44,5 por cento do total. 

Na Figueira da Foz, dos 11.289 activos 5,6 por cento faziam parte do sector primário. A indústria, com um total de 28,6 por cento de activos, e os serviços 65,8 por cento. 

Em Montemor-o-Velho, pelo recenseamento de 1991, dos 431 residentes activos, 5,3 por cento integravam o sector primário. O sector secundário usava 16 por cento da mão-de-obra e o terciário ocupava 78,7 por cento.

Perante estes valores, Coimbra surge como uma cidade essencialmente prestadora de serviços, uma vez que o sector industrial tem pouco significado. Do mesmo modo, a Figueira da Foz aparece também com um sector terciário bem destacado, mas, a importância do sector secun­dário é maior do que em Coimbra. 

LUCIANO LOURENÇO e MÁRIO MATOS
Instituto de Estudos Geográficos da Universidade de Coimbra


Panorama socioeconómico

 

COIMBRA caracteriza-se pela quase total ausência de indústria e pela absoluta predominância dos serviços. Acusa-se a Universidade, ou pelo menos alguns dos seus mais destacados próceres, de terem impedido a instalação de indústrias em Coimbra. 

Com essa postura, a Universidade cumpriria assim a lei do materialismo dialéctico segundo a qual tudo aquilo que começa por ser um factor de progresso e de desenvolvimento acaba inevitavelmente por se transformar num entrave a esse mesmo progresso e desenvolvimento. 

Coimbra é, assim, uma cidade dominada pelo comércio e pelos serviços, principalmente do sector público, assumindo especial destaque a saúde e o ensino. Ironicamente, diz-se que as actividades mais lucrativas da cidade são o aluguer de quartos e a «indústria das fotocópias». 

Curiosamente, a situação não parece preocupar os poucos empresários da cidade. Num recente colóquio sobre o futuro da região, o tema mais acaloradamente debatido foi o de saber se o cortejo da Queima das Fitas do Porto era maior que o de Coimbra.


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