Futurismo
Em Páginas íntimas e de Auto-Interpretação,
escreve Fernando Pessoa: «A atitude principal do
Futurismo é a objectividade absoluta, a eliminação, da
arte, de tudo quanto é alma, quanto é sentimento, emoção,
lirismo, subjectividade, em suma.»
Altino M. Cardoso, na sua «Antologia - Fernando
Pessoa», sistematiza do seguinte modo as características
desta corrente que procura substituir a estética aristotélica
do Belo (conseguida a partir da imitação da Natureza),
por uma nova estética de Força, dinamismo,
agressividade:
«1.º O esquecimento do passado e o propósito
eficaz de criar e construir o futuro;
2.º O desprezo de tudo o que é clássico,
tradicional e estático: museus, academias, servilismo
aos mestres;
3.º O repúdio do sentimentalismo (o repúdio do
homem contemplativo) e o ingresso frenético na vida
activa (a exaltação do homem de acção);
4.º O culto da liberdade, da velocidade, da
energia, da força física, da máquina, da violência, do
perigo;
5.º A veneração pela originalidade.»
Como se conclui daqui, o conceito aristotélico da
Arte, que visa o Belo identificado com a imitação da
Natureza, foi substituído por outro em que a Arte visa a
força, o dinâmico, o domínio do próximo.
No que particularmente respeita à poesia, preceitua
o Futurismo:
1. O versilibrismo (verso livre, sem métrica
definida);
2. As palavras em liberdade, mesmo com sacrifício
da correcção gramatical;
3. A comunicação de ideias de inteligência a
inteligência, sem interferência de imagens e símbolos;
4. Exploração do interior da alma, da inquietação,
da insatisfação, do que se não tem e está para vir,
das ciências ocultas, da astrologia, do metapsiquismo;
5. A proscrição do idealismo romântico.
Exemplo da presença do Futurismo é o poema Ode
Triunfal de Álvaro Campos, um dos heterónimos de
Fernando Pessoa.
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