Pormenor do retrato a óleo de José Estêvão existente na sala de professores.

Escola Secundária José Estêvão
Departamento de Línguas Românicas e Clássicas

PORTUGUÊS

E. Melo e Castro, As Vanguardas na Poesia Portuguesa do século XX. 


CORRENTES MODERNISTAS

O primeiro surto de Poesia Moderna em Portugal com caracterís­ticas de vanguarda centrou-se na publicação dos dois únicos números da revista Orpheu. Mas Orpheu não era esteticamente homogénea nem foi a única prática de vanguarda desses anos. aliás em sintonia cronológica com  outros movimentos das primeiras vanguardas europeias: Futurismo (1911); Imagismo (1911). Dadaísmo (1914); Orpheu (1915). É por isso muito natural esse pluralismo estético nas páginas de Orpheu, pois que às manifestas importações, principalmente Futuristas, se juntavam as coordenadas da nossa própria Poesia nas quais já se detectavam anteriormente alguns sinais de estremecimentos de renova­ção, embora envoltos em névoas pós-simbolistas e decadentistas.

 

Orpheu deve, pois, considerar-se como uma prática de ruptura de vanguarda, mas também como uma plataforma de encontro entre o passado e o futuro já que entre os seus organizadores e participan­tes as posições estéticas pós-simbolistas coexistiam com a preocupa­ção da busca de novas formas de praticar a poesia, de a comunicar e de a fazer actuante na cultura do tempo, nosso e europeu. Preocupa­ções que se manifestam na formulação de várias teorias poéticas ou escolas, das quais a primeira foi o «Paulismo», cujo nome, como é sabido, derivou da primeira palavra de um poema de Fernando Pessoa Pauis cujo titulo genérico era Impressões do Crepúsculo, e foi pu­blicado em A Renascença (1913). A teorização do «Paulismo» é também de Fernando Pessoa, que desde o início é o motor da primeira van­guarda portuguesa.

 

Maria Alice Galhoz, no estudo O momento Poético de «Orpheu», publicado em 1959, prefaciando a reedição de Orpheu, enumera e ca­racteriza assim os diversos «ismos» que confluíram em Orpheu:

 

PAULISMO

Directa ultrapassagem de «A Águia».

Raízes no simbolismo e decadentismo.

Influência difusa dos nossos líricos e contistas afins.

Fernando Pessoa; Sá-Carneiro; Alfredo Pedro Guisado; Cortes Rodrigues; paúlicos à margem do paulismo: Raul Leal e Ângelo de Lima.

 

INTERSECCIONISMO

Ajustamento a uma diferente exploração psíquica.

vaga aproximação à liberdade futurista e ao orfismo de Delau­nay.

Fernando Pessoa - Álvaro de Campos; Sá-Carneiro.

 

SIMULTANEÍSMO

Tradução de uma visão essencialmente plástica.

Sugestão da técnica de continuidade de James Joyce.

Almada Negreiros.

 

 

FUTURISMO

Profissão de fé aos manifestos futuristas

Exaltação do precursor Walt Whitman.

Álvaro de Campos; Almada Negreiros; Santa-Rita Pintor; José Pacheco; Amadeo de Souza-Cardoso, em parte.

 

 

SIMBOLISMO

Persistência quase pura ou contaminada de classicismo. da poé­tica simbolista.

Luís de Montalvor, Ronald de Carvalho, Eduardo Guimarães, Fernando Pessoa.

 

 

 

DECADENTISMO

Quase sempre confundido na estética paúlica.

Emprego de verso ou de prosa.

Sá-Carneiro, Albino de Meneses, Castelo de Morais.

 

 

SENSACIONISMO

Classificação genérica que incluía toda e qualquer tonalidade órfica.

 

 

De todos estes «ismos», interessam-nos mais, sob o ponto de vista de práticas de vanguarda, o Paulismo, o Futurismo e o Sensaci­onismo pelo que se seguirão algumas análises de texto e referências a práticas poéticas características de cada um deles.

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