Certas
perspectivas, no que concerne ao estudo da Lógica, costumam opor pensamento
e linguagem, como se estas
duas expressões pertencessem a universos distintos. Todavia, deve ser
referido que pensamento e linguagem não são mais do que as duas faces da mesma moeda. Isto
é, trata-se da mesma realidade que pode ser equacionada em termos de
pensamento e/ou em termos de linguagem verbal.
Podemos
ir mais longe, recorrendo aos estudos dos pensadores do Circulo de
Viena, que o próprio pensamento só consegue exercer a sua actividade
cognitiva em virtude de estar imiscuído e enraizado no seio da própria
linguagem. Pensamento sem linguagem seria indecifrável, obscuro,
enigmático e inacessível. Com efeito, a linguagem não é senão o
pensamento expresso verbalmente, e da mesma forma, o pensamento não
é senão uma linguagem interior silenciosa.
Perante
o que foi referido, importa pois estudar as três dimensões do
discurso que permitem a efectivação de uma comunicação integral e
com um risco mínimo de ambiguidades.
Sintaxe
A
função sintáctica da linguagem é a que permite determinar o lugar
dos caracteres numa palavra, ou o lugar dos termos numa frase. Dessa
forma, o discurso obedece
a um conjunto de regras gramaticais que regulamentarão todo o
discurso verbal, oral ou escrito.
Podemos
pois concluir que a sintaxe é o conjunto de regras que determinarão
a organização dos signos num acto de expressão oral ou escrito.
Por
exemplo: otrPo não passa de um amontoado de letras sem qualquer
significado, uma vez que não respeita qualquer regra sintáctica
existente na língua portuguesa. Mas se ordenarmos os referidos
caracteres, podemos obter o seguinte termo Porto, conteúdo perfeitamente compreensível e que corresponde
ao nome de uma cidade existente em Portugal.
Semântica
Deveremos
entender por semântica,
aquela função que se debruça sobre o conteúdo das palavras. Isto
é, trata-se de averiguar se o signo empregue se adequa ao seu
significado, ou dito de outra forma, procuramos descobrir que conteúdos
ou que realidades uma dada palavra pode transmitir. A capacidade semântica
de um termo é muito variável, e por vezes equívoca.
Com
efeito, um termo pode ter vários significados subjacentes e se
tivermos em consideração o respectivo contexto, o leque de conteúdos
que potencialmente poderão ser expressos, alargaria
consideravelmente.
Por
exemplo, a palavra banco pode designar diferentes realidades: banco
hospitalar, instituição bancária, banco de sangue, banco de areia ,
banco de apoio, etc.
Pragmática
O
discurso não se reduz às dimensões referidas. Normalmente, todos os
sujeitos utilizadores de um código linguístico têm uma finalidade,
comunicam com uma intenção, vivem uma dada situação, fazem um
determinado uso da linguagem.
Estas
especificidades sem as quais muito dificilmente compreenderíamos uma
determinada mensagem, constituem a função pragmática da linguagem e
que nos permitirão esclarecer quais os equívocos que por vezes se
formam numa determinada comunicação.
Por
exemplo, quando alguém diz estarei
por perto, esta afirmação poderá ser interpretada como um
sinal de apoio ou, ao invés, como uma forma de pressão e de vigilância.
Só conhecendo o contexto, as intenções e as expectativas dos
intervenientes, é que poderemos tomar consciência da complexidade do
processo comunicativo.
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