HAIKU
- poesia
tradicional japonesa
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POEMA DE BASHÔ
Este é um dos poemas mais conhecidos
de Bashô, aqui traduzido pelo professor e literato brasileiro Paulo
Franchetti. Sendo uma tradução, não é possível
verificar aspectos formais importantes, presentes nos textos originais: a
ausência de rima e o uso de 17 sílabas métricas japonesas (5-7-5).
Apenas constatamos que são três versos, pelos quais se distribuem não mais
do que duas frases. Quanto ao conteúdo, é notória a
expressão de dois elementos, em separado, um imediato (o salto ruidoso da
rã ) e um mais geral (o velho tanque). A separação (kireji) é feita
pelo hífen. A percepção sensorial (visual e
auditiva) do som da rã a saltar enquadra-se numa percepção sugestiva mais
ampla, a do velho tanque que poderá evocar um velho jardim, velhas árvores
de outras eras, o silêncio que permite escutar o barulho da rã, o repouso
que permite acompanhar o seu salto para o tanque. É um súbito elemento da
natureza que inspira um ambiente, talvez de quietude, talvez de
intemporalidade. É o movimento ruidoso da rã que define o imediato e
efémero; é o velho tanque com suas águas que representa o eterno e
intemporal. O hífen é o elemento de separação entre o que é físico e
imediato e o que é mais amplo e passível de
sugestões. Segundo a filosofia Zen, seguida por
Bashô, podemos reconhecer no poema o conceito de iluminação súbita que
permite a percepção da verdade: o movimento ruidoso da rã permite
reconhecer o transitório e o eterno, que não se antagonizam mas se unem
num instante único.
E, no entanto, o poeta diz apenas que
ouviu o som de uma rã saltando para dentro de um velho tanque. Nada mais
diz, explica ou esconde. Aqui reside o conciso, o depurado, a simplicidade, a
fluência e a beleza natural do haiku. A expressão minimalista que
harmoniza o caos num único instante. |