País de líquenes
e musgos
confundidos
país de pedra
de paredes nuas
e solitárias raízes
país de mar aberto
e rostos de cinza
de cabras dispersas
ruminando a rocha dura
tal
um mapa de bolor
e névoa
país de sobreiros
ou espectros descascados
na planura
de sons puros e sol
vertical
país de água
e pássaros
e pessoas
que partem e chegam
no comboio da lua
país emigrado
com
suas velas
marítimos esqueletos pousados
na memória recente
país de gente
(já
perdido o céu)
de nervos desatados
e ossos
viajando no convés
país epiderme
apenas
por dentro da noite
o sonho semeando
de coisa nenhuma
pais de pinheiros
acordados sobre as dunas
uma tão remota
frustração de barcos
país parado na
berma da agonia
em ti morre o sonho
se apaga a noite
se
consome o dia
em ti submerso e tenso
um povo (ou um incêndio)
a
si próprio se ilumina
Julho, 1979
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