São como gotas
de água as palavras
pequenas céluIas
que se estilhaçam
quando o silêncio
as toca de sombra
e claridade
palavras cujo
eco
ressoa por abóbadas
e se desfazem
em coágulos vivos
de silêncio
ou se transmudam
em pedra
e são o que resta
de velhíssimas catedrais
submersas pelo tempo
a língua (e o
poema)
estão nestas pedras
na grafia rigorosa do bolor
com que palavras
e pedras
se transfiguram
nos charcos de
silêncio
onde se abrem
os rios da lembrança
e do esquecimento
Setembro, 1981
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