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Dados Pessoais


 

Luís Serrano é natural de Évora onde nasceu a 10 de Novembro de 1938.

Fez os seus estudos primários, secundários e superiores em Coimbra, em cuja Universidade se licenciou em Ciências Geológicas em 1964.

Posteriormente, frequentou a Faculdade de Ciências de Bordéus (1965-1966) onde fez um curso de especialização em Hidrogeologia.

Exerceu o ensino secundário nos anos lectivos de 1963-64 e 1964-65.

Foi geólogo do Serviço de Fomento Mineiro (Direcção-Geral de Minas e Serviços Geológicos) de Outubro de 1969 a Abril de 1975. Nesta data ingressou na Universidade de Aveiro, onde tem sido responsável pela leccionação de numerosas cadeiras, sendo, actualmente, Investigador-Auxiliar da mesma Universidade. Ligado à sua profissão, tem publicado vários trabalhos científicos em revistas da especialidade no domínio da alteração das rochas.

 

Fez parte do Conselho de Redacção de Vértice (1967-1969). 

Foi Presidente da Direcção do Círculo Experimental de Teatro de Aveiro (1981-1982).

É sócio fundador da Associação de Jornalistas e Escritores da Bairrada, a cujos corpos directivos pertence.

Fez parte do júri do IV Festival Internacional de Cinema dos países de Língua Oficial Portuguesa (Aveiro, Outubro, 1990).

É sócio da Sociedade Portuguesa de Autores.

 

Foi co-fundador do Caderno de Poesia Êxodo (Livraria Almedina, Coimbra, 1961) onde publicou A Taça e o Brinde.

Colaborou nos Cadernos de Poesia Alfa (Amicitia, Portalegre, 1965) e em Poemas Livres (Coimbra, 1968).

Encontra-se representado nas seguintes antologias: Antologia da Poesia Universitária (Portugália Editora, Lisboa, 1964), Poesia Portuguesa do Pós-Guerra 1945-1965 (Editora Ulisseia, Lisboa, 1965) e Poemabril (Nova Realidade, Tomar, 1984).

Tem colaboração dispersa em várias publicações, nomeadamente, em "Vértice" e "Jornal de Noticias".

Entre sono e abandono é o seu segundo livro tendo publicado antes Poemas do Tempo incerto (Vértice, 1983).

Tem viajado por quase toda a Europa por razões que se prendem com a arte e a cultura.

 
 

Currículo Literário


 

LIVROS PUBLICADOS

Poemas do Tempo Incerto (Vértice, Coimbra, 1983),

Entre Sono e Abandono (Estante Editora, Aveiro, 1990),

As Casas Pressentidas (Edição de Autor, Aveiro, 1999)

Nas Colinas do Esquecimento (Campo das Letras, 2004)

Quando se Apagam as Cerejeiras (Chiado Editora, 2012)

Calavam-se as Estrelas na Mágoa Daquele Inverno (Chiado Editora, 2017)

Viagem ao Silêncio das Ervas Adormecidas (Letras Paralelas, 2019)

As Casas Pressentidas foi um dos quatro livros premiados com o Prémio Nacional Guerra Junqueiro em 1995.

 

BIBLIOGRAFIA PASSIVA

Opiniões críticas sobre a obra

As Casas Pressentidas é o título, belíssimo, deste livro de Luís Serrano, (...). É um extraordinário livro de maturidade de um notável poeta que acende, nas casas que lhe habitam o imaginário, um fogo que nos aquece (ou nelas deixa, por vezes, a suspeita de um frio que nos arrefece...).

 

Eugénio Lisboa, LER, nº 47, Outubro 1999

 

Como Luís Serrano, poucos poetas há que cultivem uma atenta e riquíssima experiência poética publicando uma obra de visibilidade aparentemente mínima

Rosa Maria Oliveira, Diário de Aveiro de 02.06.2003

 

[...] Um livro [Nas Colinas do Esquecimento] onde a extrema beleza estilística – admirável em toda a sua interioridade e contenção – e a melancolia que facilmente se identifica, não são um estado ou condição, mas sim o próprio acto de consciência perfazendo-se no mais puro sentido da sua totalidade. Nas quais, aliás, se tentarmos definir o acto poético (e seja qual for a definição) encontraremos implícitas a razão aberta e vigilante, o espírito de comunhão com o mundo e uma chocante e lúcida fraternidade carregada de tristeza, bem definida no poema sobre a guerra: “matéria de sombras / que gostaria de esquecer / para sempre”. [...]

 

Ascêncio de Freitas, O Ilhavense, de 10.01.2005

 

Nas Colinas do Esquecimento é o último livro publicado por Luís Serrano. [...]A poesia que escreve caracteriza-se pelo equilíbrio, pelo bem conseguido rigor, pela contenção: Este livro fala do esquecimento (...), hálito inevitável e nocturno / óxido corrosivo que se instala / sobre o véu translúcido da lembrança. (...) Não te iludas: / são apenas palavras.

O registo dominante corresponde à lisura das coisas, ao espaço aberto ou, como nos diz, à música ázima. Daí uma visão especial da realidade, tendendo para uma construção de índole elíptica, nela parecendo estar ausente qualquer desenvolvimento sentimental. Mas não é bem assim. Há também uma visão emocionada, embora se revele como se fosse uma palavra ferida / pelo silêncio. [...]

 

Fernando Guimarães, JL nº 907 (19.01 a 01.02.2005)

 

A propósito de Quando se apagam as cerejeiras

Na viagem sem termo de LS, neste caminho que os seus poemas percorrem, é visível o traço daquilo que foi e que permanece – poeticamente permanece – uma inquietude, uma interrogação, uma perda, mas também uma alegria, um prazer como o que deriva da fruição de uma peça musical, um filme, um quadro ou um poema, isto é, da arte, como se o ponto de partida da viagem poética de Quando se apagam as cerejeiras se convertesse no seu próprio ponto de chegada, ou seja, como se a sua verdadeira origem fosse o seu único objectivo. Por uma razão simples: é que esta é a única forma de impedir que a viagem termine.

Abílio Hernandez, palavras extraídas da apresentação da obra

 na Universidade de Aveiro, 12.06.2012

 

Ainda a propósito de Quando se apagam as cerejeiras

Na sua poética, […] revela uma perfeita geometria rítmica e a «projecção metafórica de uma realidade em decomposição, sujeita a um processo degenerativo, da fragmentação de um mundo do qual nos fica a memória através da palavra» (como noutro lugar já tive ocasião de salientar), o discurso inscreve também aqui um tempo balizado por cicatrizes, pela inquietação e pelo medo […]

Manuel Simões, As Artes Entre as Letras, 11 de Julho 2012

 

Ainda a propósito de Quando se apagam as cerejeiras

[…] Com efeito, Luís Serrano é sob uma forma implícita que no seu livro por vezes se refere à morte; o último poema, porém, intitula-se Escrevi sobre a morte: “escrevi sobre a morte / sobre as neblinas que a precedem / […] encostei o ouvido à terra”. O diferimento advém do facto dos poemas serem […] “uma reflexão sobre a morte filtrada através de grandes obras de arte […]. E, sendo assim, talvez pudéssemos falar de novo no “eros produtivo”, isto é, na possibilidade do homem se metamorfosear nas suas próprias criações…

Fernando Guimarães, JL, nº 1093 de 22.08 a 04.09.2012

 

A propósito de Calavam-se as estrelas na mágoa daquele inverno

[...] A primeira referência, porém, que está na base do desenvolvimento textual da nova colectânea, é constituída por uma espécie de exegese crítica do grande clássico de Dostoievski, sobretudo através da figura de Raskólnikov, modelo de "sombra e penumbra",  "ordem e desordem / amor e morte" ("No coração do eclipse"), com quem o sujeito parece identificar-se ("Raskólnikov c'est moi"), recusando todavia "a expiação o esquecimento // não se lembrar / é a forma eufemística / de perdoar o erro / [...] é a porta / para sempre fechada / no coração do homem" ("Em ti Ródia convergem"). E aqui se manifestam, quanto a mim, as metáforas da memória ligadas intrinsecamente às do esquecimento para delas emergir como memória profunda do "não-esquecer", uma das funções da arte e, portanto, da literatura.  […]

Manuel Simões, As Artes Entre as Letras, nº 204 de 11 de Outubro de 2017

 

Ainda a propósito de Calavam-se as estrelas na mágoa daquele inverno

[...] Ora há na poesia que tem escrito, incluindo a do seu novo livro, uma característica que está precisamente em consonância com a dos anos 60, poesia essa muito orientada para uma concisão expressiva que, por exemplo, se faz sentir agora em poemas como este:

 "É um murmúrio de ervas / um estremecimento de lágrimas / que ouço / se a música aflora / ao rés do pântano // talvez a morte / seja assim serena / quando abraça a terra // as mãos perdidas / no rosto ambíguo / dos pássaros // o céu distante / os astros dispersos  / a alma cada vez mais diluída / e o sono agora próximo / agora nada".

Há aqui uma voz extremamente contida, em que tudo fica suspenso ou implícito, porque as palavras apenas afloram o que "seria do silêncio / senão a folha / perdida"

Fernando Guimarães, JL, nº 1230 de 22.11 a 05.12.2017

 

Ainda a propósito de Calavam-se as estrelas na mágoa daquele inverno

[...]Não conhecendo, naturalmente, todas as obras e autores referenciados pelo poeta, tendo um ouvido musical indiscutivelmente menos apurado que o de Luís Serrano, uma experiência menos vasta do que a sua no domínio da geografia e da pintura - eu compreendo, no entanto, e sou tocado, pela beleza desta poesia. [...]  Eu creio que a cultura é fundamentalmente isto: inter-relacionamento no seio de um sistema cujos nós progressivamente se multiplicam e avivam. Densificar essa rede é crescer e evoluir, conhecer o seu lugar no universo. A poesia de Luís Serrano contribui, e em que medida!, para essa evolução intelectual e humana.

Cristino Cortes, A Guarda, n.º 5606 de 02.11.2017

 

Ainda a propósito de Calavam-se as estrelas na mágoa daquele inverno

 [...]É que estes poemas remetem, em elevado número, para outras obras artísticas, da música e do cinema, da pintura mas sobretudo da literatura. Muito em particular, neste caso, para o romance Crime e Castigo, de Dostoievski uma vez que vários destes poemas referem-se a personagens desta obra emblemática do grande mestre russo. E o que eu me interrogo é se a compreensão desta poesia de Luís Serrano é a mesma por parte de quem conhece, ou desconhece, o livro acima citado.

Luís Serrano é um poeta contido, de palavra ponderada. [...]

Cristino Cortes, A Poesia na Confluência das Artes in As Artes Entre as Letras, nº 213 de 28 de Fevereiro de 2017

 

Ainda a propósito de Calavam-se as estrelas na mágoa daquele inverno

[...] Esta é uma pequena amostra da temática deste livro, sobre o qual não sei o que mais admirar, se o engenho poético do Autor, se a sua vasta cultura, que vem da literatura até à música (Bruckner, Linz, Brahms, Webern) e à pintura (Matisse, Van Gogh), passando pela religião (S. João Baptista, S. João Hospitaleiro) e à História (Joana D'Arc, Dreyfus, Guerra Civil Espanhola, Síria) e ao cinema (Murnau, Truffaut, Visconti), etc., todos com representação neste livro.

A junção destes itens dá-o não só como conhecedor minudente das grandes obras, tragédias e mitos, mas também como uma espécie de crítico literário que, ao invés de recensear segundo o paradigma, recria, através da poesia, as impressões que colhe, até ao ponto de configurar uma participação na criação das obras sobre as quais se debruça. E tudo isto o faz de forma extremamente concisa, condensando até ao limite o poder da palavra e o sentido que ela transporta.

Ramiro Teixeira, inédito, Abril, 2017

 

A propósito de Viagem ao Silêncio das Ervas Adormecidas

Viagem ao silêncio das ervas adormecidas não acrescenta apenas mais um belo título a juntar aos anteriores livros do poeta. Ele é também, juntamente com As casas pressentidas, um dos marcos mais importantes da obra de Luís Serrano.

Abílio Hernandez, palavras extraídas da apresentação da obra

na Universidade de Aveiro, 26.11.2019

 

Um dos poemas do seu novo livro, intitulado Viagem ao silêncio das ervas adormecidas, demarca bem o sentido da sua poesia. Ele é-nos dado nestes termos: “O escritor / lavra o texto com palavras // agricultura / onde as sílabas reverdecem / se o arado as quebra / em torrões / e pedra dura”.

Esta lavra do texto poético conjuga-se neste livro com o que seria uma secreta procura de um tempo passado e adormecido. A memória – na primeira parte do livro – surge como uma grande figura que conduz à tal “viagem ao silêncio” que no título se anuncia. Nela tanto a criança como o adulto se encontram para descobrirem “a verdade da vida […] / as chaves do passado”

 Fernando Guimarães, JL, nº 1289 de 26.02 a 10.03.2020

 


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