João Pereira de Lemos, Os Gafos da Ilha de Sama, Aveiro, C.M.A., 2001, pp. 9-10.


Preâmbulo

Quase todas as personagens deste livro existiram de facto naquela época de Quinhentos na Vila de Aveiro. Imaginei um ou outro personagem que teria sido avô, tio ou de outro parentesco, apenas respeitando os apelidos, às vezes dos dois ramos.

Quase todos os factos narrados foram passados, dando-lhes no entanto interpretação pessoal, contrariando algumas vezes autores consagrados, considerados e credíveis.

O fio condutor da narração procura não ser um emara­nhado de ligações, mas tão somente o que una personagens para dar sequência. Por isso, esta narrativa não será mera fic­ção, mas não poderá ser também um ensaio de história pátria circunscrita quase exclusivamente a Aveiro.

Pretende situar-nos numa época em que uma série de acontecimentos dominaram a Vila e que, por uma razão ou por outra, escapam ao conhecimento dos actuais aveirenses e outros eventuais interessados. Também podia chamar-lhe romance Renascentista, mas o mais conveniente é o leitor aferir do conteúdo, e interpretar à sua maneira e gosto.

Se o livro contribuir de algum modo para investigadores e historiadores pesquisarem mais profundamente os vários acontecimentos aflorados, creio que contribuímos para um maior e melhor conhecimento da historiografia aveirense.

Por mim, o gosto foi esquadrinhar e escrever pormeno­res da vida quotidiana daquela época, socorrendo-me de alguma dedução, mas, sobretudo dos autores a quem recorri e a quem presto as minhas homenagens.

Frei Luís de Sousa, Marques Gomes, Rangel de Quadros, Pinho Queimado, Ferreira Neves, Rocha Madahil, Domingos Maurício, Rodrigues Lapa, António Christo, Evangelista de Campos, Manuel Barreira, Daniel Tércio, Avelar Duarte, P. Simões Reis, Maria João V. B. Marques da Silva, Jaime S. Pato, Fausto Ferreira e por fim, os contemporâneos Amaro Neves e Mons. P. Gonçalves Gaspar, talvez controversos para alguns, mas de certeza os mais prolíferos e preocupados a perpetuar em todas as vertentes históricas, o passado e o presente de Aveiro, e a quem os vindouros muito ficarão a dever.

Sem os testemunhos destes homens bons e honrados, a minha narrativa de quase verdadeira, não passaria de mera ficção.

 João P. Lemos


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