Quase todas as
personagens deste livro existiram de facto naquela época de
Quinhentos na Vila de Aveiro. Imaginei um ou outro personagem
que teria sido avô, tio ou de outro parentesco, apenas
respeitando os apelidos, às vezes dos dois ramos.
Quase todos os
factos narrados foram passados, dando-lhes no entanto interpretação
pessoal, contrariando algumas vezes autores consagrados,
considerados e credíveis.
O fio condutor
da narração procura não ser um emaranhado de ligações,
mas tão somente o que una personagens para dar sequência. Por
isso, esta narrativa não será mera ficção, mas não poderá
ser também um ensaio de história pátria circunscrita quase
exclusivamente a Aveiro.
Pretende
situar-nos numa época em que uma série de acontecimentos
dominaram a Vila e que, por uma razão ou por outra, escapam ao
conhecimento dos actuais aveirenses e outros eventuais
interessados. Também podia chamar-lhe romance Renascentista,
mas o mais conveniente é o leitor aferir do conteúdo, e
interpretar à sua maneira e gosto.
Se o livro
contribuir de algum modo para investigadores e historiadores
pesquisarem mais profundamente os vários acontecimentos
aflorados, creio que contribuímos para um maior e melhor
conhecimento da historiografia aveirense.
Por mim, o
gosto foi esquadrinhar e escrever pormenores da vida
quotidiana daquela época, socorrendo-me de alguma dedução,
mas, sobretudo dos autores a quem recorri e a quem presto as
minhas homenagens.
Frei Luís de
Sousa, Marques Gomes, Rangel de Quadros, Pinho Queimado,
Ferreira Neves, Rocha Madahil, Domingos Maurício, Rodrigues
Lapa, António Christo, Evangelista de Campos, Manuel Barreira,
Daniel Tércio, Avelar Duarte, P. Simões Reis, Maria João V.
B. Marques da Silva, Jaime S. Pato, Fausto Ferreira e por fim,
os contemporâneos Amaro Neves e Mons. P. Gonçalves Gaspar,
talvez controversos para alguns, mas de certeza os mais prolíferos
e preocupados a perpetuar em todas as vertentes históricas, o
passado e o presente de Aveiro, e a quem os vindouros muito
ficarão a dever.
Sem os
testemunhos destes homens bons e honrados, a minha narrativa de
quase verdadeira, não passaria de mera ficção.
João P. Lemos