Secundária
José Estevão presta homenagem
Cecília Sacramento e Aveiro-Arte laureados
Cecília
Sacramento e o Grupo Aveiro-Arte/Círculo Experimental dos Artistas
Plásticos de Aveiro foram homenageados pela Escola Secundária José
Estevão. Nesta ocasião, Cecília Sacramento anunciou ao Diário de
Aveiro que tem já terminado o próximo romance, intitulado de «Cidade
Azul», pronto a ser publicado. O Aveiro-Arte, na voz de Gaspar
Albino, membro fundador, «é
um movimento único no país», acreditando que «não deve
haver mais nada semelhante». Página
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Escola Secundária José Estevão presta homenagem
Cecília Sacramento
e Aveiro-Arte laureados
A Escola
Secundária José Estevão prestou uma singela homenagem à
escritora Cecília Sacramento e ao Grupo Aveiro-Arte/Círculo
Experimental dos Artistas Plásticos de Aveiro. Em paralelo foi
inaugurada uma exposição relacionada com a vida e obra dos
homenageados.
CRISTINA PAREDES/PAULO RAMOS (FOTO)
Cecília
Sacramento e o Grupo Aveiro-Arte foram homenageados, anteontem, pela
Escola Secundária José Estevão. A homenagem, que partiu do
Departamento de Línguas Românicas e Clássicas, vai já na segunda
edição, tendo, no ano passado, laureado Vasco Branco, Costa e Melo,
Bartolomeu Conde e o CETA.
«Eu nem
acredito que isto seja para mim. Parece que sou uma estranha a tudo
isto», diz Cecília Sacramento ao Diário de Aveiro, com um ar doce
e calmo, quando questionada sobre a importância da singela
homenagem. Mais, considera, «acho que ultrapassa todos os limites
que me são próprios». Todavia, sublinha, «a homenagem tem uma
coisa muito positiva. Quando estou a escrever, às vezes sinto-me
desanimada, pensando que ninguém me lê. Por isso, quando alguém
fala dos meus livros e troca impressões comigo, eu fico muito
contente», refere. Assim sendo, conclui, «a homenagem trouxe-me
uma prova realmente inestimável, ficando eu com a certeza de que
regionalmente sou lida».
A escritora
aproveitou a ocasião para dedicar a homenagem a um grande amigo e
outrora seu professor - José Pereira Tavares -, na altura reitor da
Secundária José Estevão, frequentada por Cecília Sacramento. Do
contacto que manteve com o docente, a escritora recorda o momento em
que ele lhe contou a história do seu nome, associando-o à
padroeira da música, também ela Cecília. Um amigo que não
esquece, garantindo que a ele se fica a dever o facto de ter
enveredado pela via da escrita. «Pedia-me sempre para ler as minhas
redacções à turma», facto que se repetiu durante os cinco anos
em que foi meu professor», recorda com uma certa nostalgia,
considerando que «o estímulo daquele grande mestre» viria a fazer
com que se tornasse escritora. Sem tempo, com uma vida difícil, Cecília
Sacramento só viria a escrever a sua primeira obra após ter-se
reformado.
A sua
bibliografia é composta por seis obras: «Apenas uma luz inclinada»,
um romance (1993); «Uma flor para Manuela», romance (1994); «Palavras
de Luz», romance (1995); «Tempos
do Tempo», pequenos contos (1999); «O rasto dos dias», livro de
memórias e afectos (2000) e, por fim, «Por terra batida», romance
(2001).
A escritora
tem, no entanto, um novo romance para ser publicado e que intitula
de «Cidade Azul». O primeiro livro que escreveu foi talvez aquele
que mais entusiasmo lhe deu, «por ser o que muito esperou para ser
escrito, porque o tempo e os afazeres não deixavam».
Aveiro-Arte,
«um
movimento único»
«Acima de
tudo a homenagem é confortante. Além disso, é consolador
verificar que instituições com um peso tão grande na vida
cultural e na formação dos aveirenses são reconhecidas»,
considerou Gaspar Albino, membro fundador do Aveiro-Arte. Mais,
defende, «quando os estabelecimentos de ensino promovem este tipo
de homenagens a pessoas, como Cecília Sacramento, ou a instituições,
como o Aveiro-Arte, sem dúvida que há um elo que se estabelece
entre a escola que forma jovens e as pessoas que poderão ajudar
nessa mesma formação». Assim sendo, aplaude, «se este tipo de
homenagens favorecer esse relacionamento, isso será muito bom».
Criado em
1970, o Grupo Aveiro-Arte surge no seguimento de uma iniciativa
nascida no seio do Clube dos Galitos - o Círculo de Artes Plásticas
-, recorda Gaspar Albino. A seu ver, o que importa «é o facto do
Aveiro-Arte ter conseguido subsistir (graças à carolice, por
exemplo, de Artur Fino, Jeremias Bandarra e Vasco Banco) como grupo
de amigos, sem estatutos (reconhecidos só em 2000), a quem cabia
fazer uma exposição de obras novas por ano». «Julgo ser um
movimento único no país, não deve haver mais nada semelhante»,
resume.
A escolha
dos homenageados (nunca pessoas já falecidas), segundo Abílio
Tarrinha, coordenador do Departamento de Línguas Românicas e Clássicas,
«partiu de uma proposta apresentada pela equipa base, composta
pelas docentes Fátima Nunes e Alice Pinho, entretanto aprovada».
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