Escola Secundária José
Estevão presta homenagem a escritores
Literatura
lembrada no mês
da lusofonia
CRISTINA PAREDES
EDUARDO PINA (FOTO aqui
omitida)
O
Departamento de Línguas Românicas e Clássicas da Escola
Secundária José Estêvão (ESJE) prestou, esta semana, uma
homenagem a Costa e Melo, Vasco Branco, Bartolomeu Conde e CETA, ali
representado por Arlindo Silva. A iniciativa insere-se nas comemorações
do Ano Europeu das Línguas e, mais concretamente, no mês dedicado
à portuguesa.
Sobre
a iniciativa que homenageou personalidades ligadas à escrita de
obras, cinematografia e à arte teatral, Arsélio Martins,
presidente do Conselho Executivo da ESJE, sublinhou a sua importância,
mostrando-se de acordo com o facto dos professores reunirem com
pessoas que «fazem parte da língua, ao nível local, que a
apresentam, fazendo-a falar bem, chamam-na à atenção e dão corpo
aos textos». Mas, Arsélio Martins é da opinião que «a homenagem
ficaria completa se esta geração de professores levasse tudo isto
até às últimas consequências, tornando claro qual é a selecta
literária dos autores regionais, além da selecta literária dos
valores nacionais e literários portugueses». No seu entender, esta
acção é «arriscada», mas é um trabalho que faz parte das
preocupações do Ministério da Educação, com vista a completar a
educação das crianças dessa maneira.
Licenciado
em Direito, Costa e Melo começou por exercer a sua função de
advogado e notário nos Açores, em 1936. Entre outras actividades,
conta-se a de fundador do PS e a de governador civil de Aveiro, em
1976. Costa e Melo manteve a colaboração permanente em jornais e
revistas da região, e não só. Entre as suas obras de poesia
poder-se-á destacar «Ecos do mesmo grito», publicada em 1960.
Para o escritor, falar da língua portuguesa faz-lhe lembrar
Aquilino Ribeiro, nomeadamente «a sua riqueza habitual ao nível
da terminologia que não deixa de enriquecer e respeitar os valores
da língua portuguesa». Ultimamente, Costa e Melo tem-se dedicado a
escrever livros, limitando-se a dar razão à sua força interior,
que julga ter, no sentido de contar o que se passou consigo, o que
se tem passado e o que gostaria que se tivesse passado.
Vasco
Branco nasceu em Aveiro, em 1919, e desde aí tem preenchido a sua
bibliografia com inúmeras obras literárias e cinematográficas,
dedicando-se também às artes plásticas. Em 1945 fez a sua
primeira exposição de pintura e, dois anos mais tarde, inicia a
colaboração regular na revista “Mundo Literário”. Em 1952
publica a primeira de um total de 12 produções literárias, a que
chamou de «Telhados de Vidro». «Fonte Seca» é o seu segundo
livro, editado pelo jornal «Litoral», com o qual foi colaborando.
Em 1957 edita o romance «Gente ao acaso» e, um anos depois, o seu
primeiro filme - «O bebé e eu» -, que lhe valeu o primeiro prémio
português do Cinema de Amadores de Lisboa. Actualmente, continua a
dedicar-se à arte da cerâmica. Sobre a homenagem, o artista
considera-a como uma forma dos alunos tomarem conhecimento dos
problemas de algumas pessoas mais velhas que passaram por experiências
de várias ordens. Neste contexto, Vasco Branco mostrou-se disponível
em colaborar com a ESJE, no sentido de poder mostrar aos alunos
alguns dos seus filmes relacionados com a vida de Aveiro (no
passado), a Ria, entre outros.
Inicialmente
como empregado de mercearia e cerieiro, Bartolomeu Conde foi
sucessivamente passando pela fábrica de pólvora, em Chelas, e
pelas minas de Moncorvo. Mais tarde, viria a desempenhar a função
de chefe de redacção do jornal «O Aveiro». As suas obras literárias
estão directamente ligadas a aspectos etnográficos da região.
Entre elas contam-se os três volumes intitulados «Cacia e Baixo
Vouga» e, também, «Sarrazola, apontamentos etimológicos». Sobre
o encontro, que não considera propriamente uma homenagem, diz que
«recordar o que foi feito será, então, homenagear todas as
pessoas que se interessam pela cultura popular».
O
CETA fez-se representar por Arlindo Silva, presidente da Assembleia
Geral e actor há 36 anos, que entende a homenagem como «uma
simbiose bem vista, porque no fim de contas o teatro também é uma
escola de leitura, onde se cultiva a língua».
Abílio
Tarrinha, coordenador do departamento que organizou a iniciativa,
justifica a realização do encontro com a importância da celebração
da língua portuguesa. Por isso foi criado o mês da lusofonia. Abílio
Tarrinha adiantou ainda que a ESJE está a estudar a possibilidade de
vir a conseguir revitalizar o teatro escolar e, para tal, - estão
a ser definidas as bases para a celebração de um protocolo com o
CETA. |