Temos vindo a assistir, nas duas últimas décadas, a
um novo paradigma de gestão em que os recursos estratégicos
das organizações são a tecnologia, os recursos humanos e a
comunicação.
Na comunicação empresarial, a vertente interna é um
factor decisivo para a sedimentação da sua cultura, dos seus
valores e da sua notoriedade. Por outras palavras, a comunicação
interna é considerada um mecanismo basilar ao bom funcionamento
da comunicação e corresponde a uma necessidade básica que,
sendo um referente para os indivíduos que compõem a organização,
promove a dinamização das estruturas e a melhoria dos
resultados.
A imagem de uma empresa depende, em grande parte, da
imagem que é transmitida pelos seus colaboradores. Só um
colaborador informado e motivado poderá responder às críticas,
explicar as dificuldades, realçar os méritos e veicular os
sucessos, actuando como embaixador credível e positivo. A
grande aposta é o desenvolvimento, o aperfeiçoamento e a
recriação das relações internas da organização.
No presente trabalho monográfico abordamos o tema da
comunicação interna nas organizações. Procuraremos
demonstrar, não só, alguns aspectos relativos à importância
da comunicação nas empresas modernas, como também procurar
verificar a importância da comunicação interna para a
comunicação corporativa das organizações, na tentativa de
obter respostas para as questões formuladas.
A escolha desta temática deveu-se, em primeiro lugar,
ao interesse pessoal da autora por esta área específica da
comunicação e em segundo lugar, à importância que tem vindo
progressivamente a ser concedida ao desempenho do elemento
humano nas empresas modernas, apesar de não ter sido ainda
suficientemente reconhecida a importância da comunicação
interna nas empresas portuguesas, sendo preterida relativamente
à comunicação externa.
A escolha do C.E.T. - Centro de Estudos de Telecomunicações
- , uma Direcção da Portugal Telecom, como objecto de
pesquisa, está directamente relacionada com dois aspectos: o
primeiro é o facto de integrar, na sua estrutura
organizacional, um Gabinete de Relações Públicas; o segundo,
por se tratar de uma organização estritamente ligada à
Comunicação. Foram estes os motivos que nos levaram à realização
de um estágio que considerámos uma etapa muito importante para
a concretização deste trabalho. Um trabalho deste género, no
qual se pretende avaliar a situação da comunicação interna
de uma empresa, deveria abranger a totalidade da mesma. Todavia,
esta seria uma tarefa que exigiria, não só, outros recursos
materiais e humanos como um período de tempo mais dilatado. O
facto de realizarmos estágio no C.E.T. foi o segundo factor
determinante que delimitou a nossa investigação a esta
organização sem nos expandirmos à Portugal Telecom. Todo o
trabalho realizado durante o período de estágio se encontra
devidamente calendarizado, constituindo o cronograma do
mapa 8, do Apêndice 13.
A metodologia adoptada para esta monografia assenta na
sustentação teórica do assunto recorrendo a apoio bibliográfico
e no trabalho de investigação, através da realização de
inquéritos por questionário, entrevistas directas pessoais e
através da observação directa participante.
Para a nossa investigação, seleccionámos
bibliografia das áreas científicas de Comunicação, Relações
Públicas e Gestão, tendo sido abordados os autores que
exploravam os assuntos do nosso interesse. Recorremos
principalmente às Bibliotecas da Universidade Fernando Pessoa e
da Universidade de Aveiro, ao Centro de Documentação e Informação
do Instituto Superior de Estudos Empresariais da Universidade do
Porto e ainda à Internet.
A monografia tem como objectivo principal reflectir
sobre uma comunicação eficaz no C.E.T. com o seu público
interno, através de um trabalho desenvolvido pelas Relações Públicas.
Pretendemos acima de tudo, demonstrar
que as Relações Públicas podem actuar eficazmente na
comunicação interna, na tentativa de verificar a necessidade
desta área funcional nas empresas modernas e o contributo que
podem prestar na sua organização e gestão.
Do ponto de vista formal, o trabalho monográfico
encontra-se dividido em duas partes distintas, a primeira de carácter
teórico e a segunda de carácter experimental. A primeira parte
é constituída por três capítulos que fazem o enquadramento
teórico do tema.
No primeiro capítulo, intitulado «A comunicação nas
Organizações», procuramos dar uma ideia sobre a importância
da comunicação nas organizações da actualidade. Referimos
algumas das características das organizações comunicativas e
de uma comunicação organizada. Apresentamos as funções que a
comunicação desempenha nas organizações, assim como os tipos
e formas de comunicação que as empresas têm ao seu dispor.
Defendemos o princípio de que a comunicação excelente,
fazendo parte integrante da gestão, pode contribuir para o
sucesso organizacional. Por último, exploramos o papel das Relações
Públicas como parte integrante da comunicação.
O segundo capítulo, denominado «A Comunicação
Corporativa», aborda as formas de comunicação corporativa, os
conceitos de identidade e imagem corporativa, demonstrando a
importância destes dois últimos conceitos na comunicação
corporativa e o processo de formação da imagem. Esta questão
remete-nos para a ideia seguinte desenvolvida na monografia, ou
seja, um maior conhecimento do funcionamento da comunicação
interna nas organizações, como factor de grande influência na
comunicação corporativa.
O terceiro capítulo, aborda «A Comunicação Interna»
e começamos por dizer em que consiste este tipo de comunicação,
as suas funções na organização e os instrumentos que podem
se utilizados neste tipo de comunicação. Seguidamente, expomos
as temáticas das comunicações com os empregados e falamos da
importância da comunicação interna. Abordamos o papel da
comunicação no envolvimento dos empregados; a necessidade do
seu desenvolvimento, demonstrando o papel dos gestores no
processo de comunicação. Fazemos um paralelo entre défice e
problema de comunicação, apresentando a necessidade de gerir a
comunicação interna. Expomos algumas características dos
programas de comunicação interna e procuramos focar o papel da
comunicação interna na qualidade e na mudança. Por último,
apresentamos um modelo de comunicação interna, que visa uma
comunicação mais eficaz, por se ter mostrado relevante para o
clima empresarial actual.
A segunda parte diz respeito à componente experimental
relativa ao estudo da comunicação interna efectuado no C.E.T.-
Centro de Estudos de Telecomunicações - e que se encontra
dividida em quatro capítulos. O tema escolhido para a presente
dissertação monográfica entronca precisamente nesse estudo.
O primeiro capítulo, reporta-se à «Apresentação do
C.E.T.», no qual
fazemos uma breve apresentação da Portugal Telecom (P.T.),
empresa onde a organização em estudo se encontra integrada,
apresentamos um breve historial do C.E.T.
e a sua estrutura interna, fazendo uma breve descrição
dos departamentos de comunicação aí existentes. Descrevemos o
seu modo de actuação relativamente às suas políticas e práticas
organizacionais, os seus públicos e os meios utilizados pela
organização na comunicação com os empregados e com o
exterior. Exploramos ainda os objectivos da comunicação
interna e externa para os próximos anos.
No segundo capítulo, designado por «Objecto de Estudo
e Metodologia de Trabalho», após o enquadramento e justificação
do problema, apresentamos os objectivos e formulamos a hipótese.
Efectuamos também a delineação do problema e a caracterização
da população e da amostra recolhida. Apresentamos, em seguida,
a metodologia utilizada, na realização do trabalho
experimental, abordando as suas diferentes fases do
desenvolvimento, os instrumentos criados para a recolha de
informação e os meios utilizados para o seu tratamento.
No terceiro capítulo, intitulado « A Comunicação
Interna no C.E.T.- Apresentação e Análise dos Dados da
Investigação», são fornecidos todos os elementos recolhidos
junto dos colaboradores do C.E.T., apresentando e analisando os
resultados dos dois inquéritos realizados.
No quarto capítulo, «Conclusões», após uma reflexão
ponderada sobre a hipótese apresentada no segundo capítulo da
segunda parte e de termos formulado algumas questões dela
decorrentes, procuramos tirar algumas conclusões mais
importantes do trabalho desenvolvido. O capítulo termina com
uma síntese das principais conclusões e a apresentação de
sugestões que possam, de algum modo, contribuir para melhorar
alguns aspectos da comunicação interna, contribuindo assim
para uma gestão mais eficaz.
Este trabalho encontra-se desdobrado em dois volumes.
No primeiro, apresenta-se toda a exposição referente à
componente teórica e prática; no segundo, em Apêndice, os
diferentes tipos de instrumentos criados, mapas, entrevistas e
tabelas que permitiram a realização do trabalho, constituindo
os Anexos informações adicionais, importantes para uma melhor
compreensão do trabalho desenvolvido.
Não obstante a reunião de gráficos e quadros, em índices
separados, designamos intencionalmente os elementos apresentados
em índice de figuras, com o intuito de os distinguir dos
elementos (gráficos e quadros) da parte prática.
Com este trabalho de investigação pretendemos
responder às seguintes questões:
1
- Como é feita a comunicação interna no C.E.T.?
2 - A comunicação interna processa-se de uma forma
eficaz?
3 -
A comunicação satisfaz as necessidades e
expectativas dos empregados e das chefias?
4 - Qual a autonomia do C.E.T.,
relativamente à P.T., para desenvolver o sistema de
comunicação interna ?
5 -
O Gabinete de Relações Públicas desempenha as funções
de comunicação interna com eficácia?
Antes
de encerrarmos este capítulo introdutório, queremos alertar
que o presente trabalho monográfico excede o número de páginas
regulamentado pela Universidade Fernando Pessoa, no entanto, sem
prejuízo do seu teor e liberto de intuitos encomiásticos, a
pertinência da temática e a investigação exaustiva que
precedeu a sua elaboração não permitiram a sua total obediência
àquele aspecto formal.
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