O Grelhado | ||||||||||||||||||||
O grelhado obtém-se, expondo a peça que se pretende cozinhar a um calor seco e intenso (quase sempre lume vivo) com a interposição de uma grelha ou sobre uma chapa, em presença somente de uma pequena porção de gordura. A cozedura assim obtida é bastante rápida, dado que se processa a uma temperatura de cerca de 300°C.
1. FONTE DE CALOR O grelhado pode executar-se por irradiação ou por contacto. No primeiro caso, a fonte de calor é, quase sempre, um grelhador (a gás ou eléctrico), colocado por cima da peça a cozinhar e que produz raios infra-vermelhos. No segundo caso, podemos utilizar brasas, chama curta (gás, lenha, carvão, etc.) e chapa aquecida (carvão, lenha ou eléctrica), colocadas por debaixo do alimento. O combustível que fornece melhor grelhado é o carvão de madeira (brasas). Este coloca-se no fogareiro em pequenos pedaços, bem acamado, e acende-se com bastante antecedência, por forma a que, na altura da grelhagem, não só o lume esteja uniformemente repartido, como também a chama, que inicialmente é muito viva, esteja já amortecida. As brasas, então, devem ser espalhadas de forma a que fiquem com uma altura uniforme de 2 a 3 dedos. A superfície irradiante de calor deve ser bastante maior que a das peças a grelhar. A altura da «cama» de brasas varia com a espessura e a natureza da peça que se quer cozinhar. Se se pretende uma grelhagem a fogo vivo, a altura é maior. Pode-se moderar o fogo, deitando cinza quente sobre as brasas (nunca fria).
2. MATERIAL Além das fontes de calor já indicadas, é indispensável a utilização de uma grelha. Esta toma diversos feitios e, na sua forma mais simples, pode ser constituída apenas por uma grade de arame grosso.
3. O QUE SE PODE GRELHAR Quando falamos em grelhado, é quase certo que tal diz respeito a carne; contudo, esta técnica é aplicada também a peixe e aves, embora, nalguns casos, tome impràpriamente o nome de assado. Estão, nestas condições, o bacalhau e as sardinhas. No caso, por exemplo, do salmonete, já é normal dar-se-lhe o nome de grelhado. É também frequente grelhar o frango (churrasco), só se prestando, para tal, os muito pequenos e depois de bem espalmados.
a) Carne (em geral, só a de primeira qualidade):
- Vaca - bifes de lombo, tornedós, entrecosto,
rins, fígado, costeletas, etc. b) Aves - frango e pombo. c) Peixe (pequenos ou grandes, cortados em postas): sardinhas, salmonetes, barbo, dourada, linguado, etc. d) Legumes - tomates e pimentos (assados).
4. EFEITOS OBTIDOS COM A GRELHAGEM Coagulação quase imediata das proteínas e caramelização dos açúcares (ambos à superfície da peça). Estas transformações superficiais, impedindo a saída dos sucos, são indispensáveis para a obtenção de um bom paladar.
5. TEMPOS DE COZEDURA O tempo que um alimento consome na grelhagem varia com as suas dimensões. Quanto maior for a espessura, maior deve ser a duração da cozedura o que, portanto, implica uma temperatura mais branda. As peças que, normalmente, carecem de mais tempo para a grelhagem, são os peixes e as carnes brancas.
6. PROCEDIMENTO GERAL a) - Preparação do alimento: (1) Carne - corta-se em pedaços de peso nunca superior a 500 g e de espessura entre 2 a 3 cm (2) Peixes - escamam-se, amanham-se e cortam-se em postas (se necessário). (3) Aves - depois de depenadas e amanhadas, cortam-se ao meio, no sentido longitudinal, e espalmam-se de forma a que ofereçam uma maior superfície à chama e se reduza ao mínimo a sua espessura. (4) Legumes -lavam-se muito bem.
b) - Aquece-se, previamente, a grelha (5 ou 10 minutos, seja qual for a natureza do combustível utilizado). Evita-se, assim, que a peça se pegue e abra fendas na altura em que Se volta. Para as carnes, estas fendas constituem uma passagem aberta à saída dos sucos, que assim se perdem. No caso dos peixes, estas fendas podem provocar a desagregação da peça. c) - Coloca-se o alimento, untado de azeite ou óleo, sobre a grelha. O azeite (sem gosto) é a gordura que de preferência se deve utilizar, por suportar altas temperaturas sem queimar. Muitas vezes, durante a grelhagem e, em especial, quando esta é demorada, é necessário passar várias vezes sobre a peça um pincel (ou uma pena grande de ave) embebido na mesma gordura que inicialmente se utilizou. Impede-se, assim, que sequem as partes já tostadas, enquanto dura a cozedura do interior. d) - Deixa-se grelhar até que a face inferior comece a tostar. e) - Vira-se a peça eom um garfo (sem picar) ou uma espátula. f) - Deixa-se dourar do outro lado. g) - Coloca-se no prato ou travessa (quentes), tempera-se de sal dos dois lados e junta-se o acompanhamento e o molho especial (se houver). Não se deve temperar de sal a carne, antes ou durante a cozedura. O sal, em contacto com a carne crua, dissolve-se e cria uma «humidade» que se opõe à tostagem e provoca a saída dos sucos, na altura em que mais importa mantê-los no interior. Também se pode, e em certos casos é preferível, deitar o sal pouco antes de retirar a peça do lume.
5. PARA GRELHAR CARNE VERMELHA (Ver nota) A grelhagem da carne pode ser levada a diversos «pontos» que variam com o gosto de cada um. Há quem goste dele em sangue e há quem, pelo contrário, a prefira bem passada. Isso tem de ser levado em conta no cálculo do tempo de cozedura, na maior ou menor aproximação a que a peça se coloca do fogo ou ainda à maior ou menor intensidade do calor aplicado. O fogo deve ser suficientemente forte para que se obtenha em pouco tempo uma crosta superficial tostada e resistente que forma como um invólucro que mantém o suco dentro da peça. É esse mesmo suco que, aquecendo progressivamente, vai provocar a cozedura do interior da peça sem a secar (desde que, a tempo, se retire do lume). Nunca se deve voltar a peça (bife, costeleta, etc.) sem que a primeira face colocada do lado do fogo, esteja bem tostada (5 a 6 minutos, para uma espessura de cerca de 2 cm). (Nota) - A carne pode ser: branca (vitela, criação e coelho manso) é a mais tenra e delicada; vermelha (vaca, carneiro, cavalo, etc.); negra (caça) - chama-se assim, porque depois de cozida, toma um tom escuro.
Para se saber até que ponto a peça está cozida, carrega-se com um dedo na sua superfície:
- se a carne aparenta uma certa elasticidade, é
sinal de que está ainda «em sangue»;
6. PARA GRELHAR PEIXES Os peixes de grossura média devem ser golpeados com incisões transversais pouco profundas; os peixes mais achatados devem ser golpeados no sentido e ao longo da espinha. Depois, mergulham-se em leite e passam-se por farinha e, ainda, por azeite (sem gosto) ou manteiga derretida. Assim, consegue-se obter uma ligeira crosta que impede a carne (do peixe) de secar e também um belo tom dourado. Este procedimento não se usa no caso dos peixes considerados gordos (sardinha, salmão, arenque, sarda, salmonete) que apenas se pincelam com manteiga derretida ou azeite, antes de se colocarem na grelha. Seja qual for a grossura do peixe, é sempre grelhado em forno moderado e passado frequentemente com um pincel (ou pena) embebido em manteiga, óleo ou azeite, durante a cozedura. O ponto de grelhagem é atingido quando a espinha se despega com facilidade. |
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