Considera que os paparazzi são jornalistas?
T.L. – Se nos referirmos ao seu sentido real (pessoas
pagas para fazerem fotografias "escaldantes") não... O problema é que
se chama paparazzis a alguns jornalistas. Por exemplo, no caso "Diana"
isso foi patente. A maioria dos fotógrafos presos após o acidente eram
profissionais reconhecidos, que apenas cumpriam o seu papel.
Acha que o próprio trabalho do jornalista, nomeadamente as exigências
feitas a todos os níveis como prazos e convivência quase diária com
casos dramáticos, contribui para que ele se torne um pouco distante?
T.L. – Talvez. É capaz de ser inevitável. Acabamos por ver
as desgraças numa perspectiva noticiosa. Isto é, aderimos às dos outros
pelas potencialidades de uma boa notícia. Além disso, é fundamental
distanciarmo-nos dos outros. Não nos envolvermos em demasia com essas.
No fundo, preservarmo-nos... Também é uma forma de manter o rigor.
Pensa que o jornalista consegue conciliar a sua vida privada com a
sua profissão?
T.L. – A vida privada do jornalista acaba, muitas vezes,
por ser o próprio jornalismo. Afinal, é-se jornalista 24 horas por dia.
E não é fácil "despir" essa capa. Por isso, cada vez mais, esse
conciliar com actividades externas é difícil. Trata-se de uma profissão
absorvente que nos exige muito... Mas, como tudo na vida, é uma questão
de opção. E, dentro da medida dos possíveis, vai-se conciliando...
Qual a formação específica necessária para exercer a profissão de
jornalista?
T.L. – Para ser sócio do Sindicato de Jornalistas é
necessário, regra geral, o 11.º ano. Porém, penso que a frequência
universitária é fundamental, não do ponto de vista da prática da
profissão, mas do "background" cultural.
MacLuhan afirmou que "O mundo é uma aldeia
global". Concorda com esta afirmação?
T.L. – Sim, cada vez mais vivemos numa aldeia. O que
acontece nas outras partes do Mundo afecta-nos inevitavelmente. E os
Mass Media fazem-nos esse elo. No fundo, contam-nos o que se passa além
fronteiras...
Carla Almeida e Sónia Castro |