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S. Jacinto e Base de Aviação Naval

S. Jacinto (1) é uma pequena aldeia de pescadores situada no cordão litoral, 2 km. ao Norte do Canal da Barra. Pode também visitar-se, seguindo de Aveiro pela estrada da Barra até ao Forte Novo (pág. 527) / 514 / e tomando aqui a barca de passagem que faz carreira entre a margem da Mó do Meio e o cais da Escola de Aviação Naval.

A antiga capela da Senhora das Areias, cujas ruínas ainda se viam em 1836, um pouco para o poente da actual, já existia no séc. XV. O cruzeiro existente junto da capela serviu, por provisão real de 1584, para demarcar o limite do ancoradouro de franquia das naus que demandavam a Cale da Vila (pág. 474). O toponímico S. Jacinto aparece na planta da ria levantada em 1802 pelos engenheiros Oudinot e Luís Gomes. O local, como todo o cordão litoral até alturas de Mira, pertenceu ao termo de Ovar (Var. no marco divisório colocado em 1757, na margem Norte da Vagueira). Durante séculos, pescadores vareiros vinham, na época própria, instalar-se na praia para fazer pesca de sardinha com artes de xávega (pág. 64). Instalação temporária porque a inclemência do local e a carência de água potável e comunicações fáceis impediam a fixação permanente.

[A pesca de arrasto foi consequência da obstrução da barra no século XVII. Impôs-se então a utilização de barcos e aparelhos de «arrastar para terra». Surgiu a xávega, adaptação ao trabalho no mar do chinchorro da pesca lagunar. Equipam-se grandes barcos em forma de meia lua, movidos a remos, aptos a sair directamente para o mar dos varadouros da costa arenosa, deixando em terra um cabo de alar, o roceiro, atravessar a faixa de rebentação, calar (lançar) a rede a distância conveniente, e arribar ao ponto de partida com o outro cabo de alar, a mão-de-barca. A campanha procede depois à faina de alar a rede para terra. Julga-se que este processo começou a ser utilizado no Furadouro, local onde se fixavam, na safra (pág. 63), os pescadores de Ovar. No século passado deu-se nesta técnica uma transformação: a tracção a braço é substituída pela tracção com juntas de bois. Ao pescador alia-se o boieiro. É o processo que na costa espanhola, no litoral de Valência, tem o seu correspondente na chamada pesca del bon.

A aplicação do processo dos cercos americanos, com traineiras (autorizado em 1913), determinou a decadência desta tão pitoresca forma de pesca costeira, dentre Espinho e o Cabo Mondego].

Depois da abertura da Barra Nova, em 1808, os pescadores de Ílhavo começaram a trabalhar na praia da Costa Nova, de mais fácil acesso. Ainda assim, as companhas de S. Jacinto continuaram a ser as melhores organizadas e mais rendosas durante o séc. XIX. Para o transporte do pescado do varadouro da costa para a praia interior da ria foram assentes quatro linhas de decauville, com tracção animal. Em 1890 havia 6 companhas de pesca de arrasto e 26 de mexoalho (caranguejo). Em 1902 fundou-se uma fábrica de conservas. A pouco e pouco, o núcleo de pescadores foi-se tornando estável. Contribuiu muito para a moradia permanente dos pescadores a criação da Mata de S. Jacinto (1888) pelos Serviços Florestais, sob a direcção de Magalhães Mesquita. Apesar das grandes dificuldades naturais que se oferecem às primeiras sementeiras de penisco, os medos cobriram-se de pinheiros marítimos. A arborização não só fixou as dunas e defendeu a ria do assoreamento como permitiu o começo do aproveitamento agrícola de alguns valeiros arenosos mais abrigados e húmidos.

A base da Aviação Naval, instalada durante a Guerra de 1914-18, é hoje a Escola de Aviação Naval Gago Coutinho. A sua guarnição constitui um núcleo importante de população permanente. (Tem uma central termoeléctrica, de 131 kW. de potência e ligação telefónica com a rede geral.)

No extremo Norte da povoação há um pequeno estaleiro. A praia tem o encanto severo do seu isolamento. / 515 / Pouca gente a frequenta. Ao longo da margem da ria, dispõe-se um alinhamento irregular de palheiros e algumas casas modestas, de adobes e alvenaria. Para o lado do mar, casais dispersos. A população é, na sua maioria, oriunda da Murtosa. A água potável provém de alguns poços, pior ou melhor situados.

Ria de Aveiro – O Canal da Barra visto do molhe Norte

Não há iluminação pública. À festa anual da Senhora das Areias, no primeiro domingo de Outubro, afluem, em barcos, muitos romeiros de Aveiro e povoações marginais da ria. A povoação carece de hospedarias.

[A saída de Aveiro, para este passeio de barco, deve fazer-se ao Iniciar-se a vazante, ou seja, no colo da preia-mar. O regresso a Aveiro pode fazer-se pelo esteiro dos Frades, via levemente mais curta. Para tal, é conveniente partir de S. Jacinto no começo da 2.ª metade da enchente para atingir-se o Canal das Pirâmides antes da vazante].
 

2. Ao Carregal (35 km. Noroeste, em 4 horas de ida e outras tantas de volta, em barco à vela, com tempo e maré favoráveis. Em lancha com motor, metade do tempo).

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(1) Informações do Comandante ROCHA E CUNHA.
 

 

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