Escola Secundária José Estêvão, n.º 5, Out. - Dez. de 1991

Do mesmo modo como os cadernos de apontamentos de Marie Sklodowska Curie ainda apresentam sinais de radioactividade dezenas de anos após a sua morte, não deixa de ser útil referenciar ainda no “Aliás” o evento que foi para a nossa escola a realização da Exposição sobre a Vida de Obra de Pierre e Marie Curie, de 23 de Setembro a 19 de Outubro do presente ano lectivo.

Embrionariamente composta por "placards" e um filme vídeo enviados pelo Museu da Ciência e da Técnica (de Coimbra), a exposição acabou por ser complementada por algum material de laboratório – disponível na nossa Escola – relacionado com os assuntos em questão, assim como por um computador com um programa (in)formativo (que por motivos vários não chegou a ficar completamente operacional).

Como é do conhecimento da população desta escola, a referida exposição esteve patente numa (pequena) parte do Museu, tendo sido montada por professores do grupo de Física e Química, nomeadamente pelos professores estagiários (que haviam acabado de se apresentar nesta escola...).

Acerca das vicissitudes sofridas aquando da montagem duma exposição deste tipo e numa instituição com poucos recursos (técnicos e financeiros...) como a nossa, abstemo-nos de as relatar, embora não resistamos a afirmar o tal lugar comum de que "se fizeram os possíveis e os impossíveis" para tentar tornar agradável (?) aquilo que à partida era "intragável" para qualquer mortal. (Foi, por exemplo, impossível arranjar um local maior, sendo talvez desnecessário referir a impossibilidade de assegurar guias especializados presentes a todo o momento – isto a propósito de algumas críticas de visitantes que adiante se transcrevem.)

Também não será demais referir que o próprio Museu da Ciência e da Técnica nenhum apoio concedeu para além de ter enviado via correio os referidos "placards" (a preto e branco e com textos densos – "sem piada nenhuma") e a cassete vídeo, não tendo cedido nenhum material museológico sobre o assunto (só para a Europália é que valerá a pena pensar sobre o assunto?). [Tempos depois, aquando duma acção do referido Museu em que participámos, percebemos o porquê da inoperância do mesmo – mas isso são outras histórias que ficam para outra oportunidade, nomeadamente quando estiver em discussão a tão portuguesa capacidade de improviso e "desenrascanço".]

Visitada por bastantes turmas assim como individualmente por alunos e professores, as opiniões dos visitantes puderam ser expressas através duns impressos/questionários com perguntas de resposta múltipla para avaliação da Exposição. Apresentam-se seguidamente as perguntas apresentadas com a indicação da percentagem de respostas escolhidas (num universo de 71 inquéritos preenchidos), sublinhando-se as opções mais referidas, assim como se transcrevem algumas opiniões finais que se referem a alguns dos aspectos em questão no inquérito.

a) – O que achou da exposição:

Muito interessante – (76%)

Pouco interessante – (17%)

Nada interessante – (7%)

– «Acho que esta exposição é do máximo interesse para esta escola, devendo realizar-se outras do mesmo género

– «Façam outra exposição porque esta não tem piada nenhuma.»


b) – As instalações e o ambiente eram:

Muitos adequados – (5% )

Razoavelmente adequados – (68%)

Nada adequados – (27%)

– «A exposição devia ter melhores instalações, para permitir um melhor estudo da mesma. Devia ter alguém que desse algumas ajudas nas dúvidas dos visitantes em relação à exposição

– «Devia estar noutro sítio, maior de preferência.»
 

c) – O material exposto estava:

Com boa apresentação – (65%)

Com razoável apresentação – (30%)

Com má apresentação – (5%)

– «Não deveria de ser uma exposição com tanta leitura [placards escritos] pois o facto de ter de se ler muito desmotiva o interesse pela exposição.»

– «(...) Os objectos inventados expostos deviam ter uma explicação de qual o seu funcionamento e qual a função do mesmo.» / 28 /
 

d) – Os audiovisuais (vídeo e computador) apresentados estavam:

Bem adequados – (79%)

Pouco adequados – (   )

Nada adequados – (   )

– (...) «Deviam de haver cadeiras para nos sentarmos durante o filme. (...)»

– «O programa de vídeo não estava disponível.»

 

Críticas e/ou sugestões sobre a exposição:

– «Nunca mais se repetir.»

– «Eu penso que se devia voltar a fazer mais exposições deste tipo, uma vez que para além de ser bastante informativo e cultivante, desperta o interesse aos alunos sobre as coisas que conhecemos e muitas vezes não sabemos a origem.»

– «Tenho dezanove anos e ainda não penso nisto.» [aluna do 9.º ano]
 

E nós dizemos: – É precisamente por causa de críticas deste género que se devem fazer mais exposições deste tipo.

Considerando positivo o balanço – por tudo o que atrás foi dito – sobre a referida exposição, sem nada mais de momento nos despedimos.

Pel'a "Comissão Organizadora" da Exposição sobre a Vida e Obra de Pierre e Marie Curie,

Paulo Moreira

Aliás, Escola Secundária José Estêvão

 

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