Escola Secundária José Estêvão, n.º 1, Out.-Dez. de 1990

 

Associação de Pais            Programa


Há quatro frentes em que devemos intervir:

- Em primeiro lugar, junto dos restantes Encarregados de Educação, promovendo e divulgando acções com psicólogos, educadores, artistas. Devem-se privilegiar, ainda, as relações com as outras Associações de Pais.

- Também com os alunos do Liceu José Estêvão devemos manter um contacto mais forte, designadamente através da Associação de Estudantes, que poderá ser apoiada, em iniciativas consideradas relevantes. Seria, ainda, interessante, organizar Colóquios sobre temas como a toxicodependência, a educação sexual, as vantagens de praticar desporto, os cuidados básicos a ter com a higiene e a saúde… A criação de alguns prémios incentivaria ainda os alunos desta escola a cumprirem melhor as suas tarefas.

- O terceiro elo desta cadeia é a Comunidade. Entre ela e a Escola deve haver uma interdependência. Os jovens devem ser orientados para intervir socialmente, através de serviços voluntários ou doações, colaborando, por exemplo, com o Hospital, a Cerciav, os Centros de Terceira Idade. Deve-lhes ser facultada uma sólida Educação Cívica. Por sua vez, as empresas da região poderiam aceitar abrir as suas portas aos alunos da Escola mais frequentemente, em visitas de estudo, ou mesmo em tarefas práticas, que poriam os jovens em contacto com a vida activa. Organizações de solidariedade poderiam ainda ser contactadas para que ajudassem os estudantes com comprovadas dificuldades.

- Finalmente, considero que será desejável estabelecer um proveitoso contacto com os professores e funcionários da Escola. Uma participação activa e colaborante em órgãos com o Conselho Directivo e o Conselho Pedagógico é fundamental. Sugiro a organização de um convívio anual, com Encarregados de Educação, alunos, professores, contínuos e outros membros da Comunidade, com a realização de actividades desportivas, lúdicas e musicais.

Carlos Santos

Presidente da Direcção da APEELJE




  • escola de 89/90: balanços


  • EXPRESSÃO DRAMÁTICA

    Avaliação do trabalho desenvolvido ao longo do ano lectivo de 1989/90 na Escola Secundária José Estêvão em Aveiro

     Nuno Miguel Reis

    Avaliar é sempre particularmente difícil, sobretudo quando se trata de avaliar alguém, algo ou algum espaço com que nos inter-relacionamos de tal forma que este adquire um valor inestimável. Assim foi, para mim, e nas circunstâncias em que se propiciou, o contacto com a Expressão Dramática: inestimável e gratificante.

    Justificar-me-ei, mas antes pretendo definir o assunto que me serve de tema. Não é difícil. Expressão quer dizer «manifestação de um sentimento»; por expressar entende-se «exprimir, manifestar». Dramático significa teatral. Há portanto uma ligação entre esta actividade e uma outra, mais conhecida, chamada Teatro. Pelo menos após uma primeira abordagem, constatamos que, tal como acontece no Teatro, poderá haver – entre outros pontos comuns – personagens, palco, adereços, palavras, acção e público. A actividade lúdica é também desenvolvida neste meio, mas é levada mais além. No Teatro importa "fazer parecer", fingir, tomar o fingimento o mais sério possível. Na Expressão Dramática é importante SER, sermos nós próprios a irromper através do jogo lúdico, em vez de com ele nos camuflarmos. A Dramatização é, portanto, para a Expressão Dramática, um meio e nunca um fim.

    A aprendizagem da Expressão Dramática não se pode fazer, confinadamente, no sentido da "retenção de noções". A expressão é a manifestação ou libertação de emoções, – do mais profundo e desconhecido do pensamento – logo, torna-se mais imediato e evidente libertar os pensamentos do que retê-los. Quero com isto dizer que a aprendizagem da Expressão Dramática é feita livremente, pois só assim nos poderíamos libertar. Esta (ainda assim) relativa flexibilidade de parâmetros e métodos, poderá aparentar uma mal interpretada falta de estrutura.

    Esta liberdade de acção vem derrubar a passividade que possa haver no aluno, tantas vezes resultado de maus métodos de ensino, incentivando-o na procura e na descoberta de horizontes e capacidades desconhecidas em si. No sujeito cognoscente dá-se, metaforicamente, a metamorfose do "recipiente" em "sonda".

    É o fascínio de (re)aprender a conviver e a brincar com o "eu", com o "outro" e com o meio envolvente. É a actividade criativa perante a vida, como forma de estar. É a imaginação que, à sua mercê, molda o espaço físico e dá movimento aos objectos (tal como os brinquedos se tomam vivos, quando uma criança lhes transmite a sua própria vivacidade). É o aprender a "ver", a / 14 / observar introspectiva e exteriormente. É ter uma permanente atitude dialógica para com tudo o que nos envolve.

    Conhecimento e relacionam ente são indissociáveis. O conhecimento resulta do relacionamento, condicionando-o (de um maior conhecimento resulta uma relação mais próxima). Este processo está presente na actuação individual da pessoa – uma acha na eterna fogueira do "conhece-te a ti mesmo" – e na sua comunicação com o exterior. A confiança é a síntese a extrair deste processo.

    O praticante de Expressão Dramática convive consigo e com o próximo, ausculta-se e parte à descoberta dos outros (que podem ser igualmente praticantes, numa atitude similar); daí resultando a auto confiança e a confiança mútua. Desinibido, o praticante pode "abrir-se", "mostrar-se", libertar com maior plenitude o seu imaginário e os seus sentimentos, utilizando a comunicação artística. Mas este momento é precedido por horas de diálogo e jogos específicos que têm por objectivo acelerar o processo acima descrito. Exercícios físicos, vocais, de relaxamento, etc., são outras receitas mais simples e não menos importantes que fazem parte do menu da Expressão Dramática.

    Tudo isto e algo mais se fez, ao longo do ano lectivo de 1989/90, na Escola Secundária José Estêvão, em Aveiro. Isto e muito mais se há-de fazer, enquanto pessoas como o Dr. Arsélio Martins tiverem uma palavra a dizer no que concerne à educação em Aveiro. Isto e muito mais se tem feito, sob o olhar atento do professor Duarte José Furão Morgado, pessoa encantadora, que coloca o máximo empenho pessoal em tudo aquilo a que se dedica, inclusivamente na Amizade.

    Em que escalas me poderia eu basear para avaliar tamanho esforço humano? O subtítulo deste amontoar de reflexões – Avaliação do trabalho desenvolvido (...) – serviu-me mais como pretexto do que como objectivo.

    De resto, mais representativo do que as mais rebuscadas palavras, foi a participação no "Encontro Nacional de Teatro na Escola" em Santo André (em Maio), os espectáculos realizados por ocasião do Dia da Escola (a 25de Maio) e a coloboração, juntamente com o "Projecto Dança de Aveiro", nas Festas da Ria (em Julho). E melhor ilustração nos dá a apetência e a satisfação dos alunos, que neste ano se inscreveram maciçamente nas diversas actividades expressivas – para já não falar dos professores ou da "Escola Aberta à Comunidade".

    As variadas actividades expressivas, têm visivelmente garantido um lugar, e uma importância, que aliás lhes é intrínseca.

    Limitei os meus comentários à Expressão Dramática, pois foi a ela que estive intimamente ligado. Não foram precedidos de qualquer pesquisa; resultaram do que vi e ouvi, do que me recordo ter praticado, e do muito que senti. Foi uma experiência pedagógica da qual fui, voluntária e conscientemente, uma feliz e orgulhosa cobaia.

    Nuno Miguel Reis


    Notícias do Prémio Literário de José Estêvão

    A Luzostela, Indústria e Serviços, S.A. acaba de lançar a publicação de "Vida e Acaso" de Rosa Maria Oliveira.

    "Vida e acaso" que dá o título ao livro é o poema vencedor do Escalão C do Prémio'90. No livro, agora editado, é integrado o poema "Verbo Liberto", que já tinha sido publicado pela Luzostela, por ter vencido o 1.º Prémio (C) do Prémio'89. A Luzostela apoia o Prémio Literário de José Estêvão, desde a edição de 89, financiando o 1.º Prémio do escalão C. Com estas iniciativas pioneiras, a Luzostela tem contribuído para incentivar a produção poética dos jovens e tem contribuído para dar uma nova dimensão ao Prémio.

    A Escola Secundária de José Estêvão prepara a publicação de todas as obras distinguidas (poesia e prosa) pelo Prémio Literário de José Estêvão. A publicação é apoiada no Projecto Local/Global e conta com o apoio dos órgãos de administração da escola. Vai ser uma, publicação modesta, mas cumpre a promessa feita em tantos regulamentos.

     

    Aliás, Escola Secundária José Estêvão

     

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    págs. 13 e 14