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A Terra na sua andança
pelo cosmos
Parece estar atravessando zona escura
Povoada de energia negativa e raivosa
Criando na humanidade disfunções sociais
Sentidas na grande turbulência que vivemos
Como uma espécie de ausência mórbida
Manifesto antropofágico de nós mesmos
Devorando a carne da nossa própria carne
Enquanto resvalamos para o fundo obscuro
Onde se acoitam em alerta, os demónios
Que nos estão marcando a ferro e fogo
Neste atroz embaraço das circunstâncias,
E sem que disso nos tenhamos dado conta
Entrámos na nuvem azul do conformismo
Para nela nos irmos afundando sem nexo
Longe do alfobre onde vegeta a mudança
Fertilizada pela consciência e pela razão
Distraídos na inércia geradora da preguiça
Que desencoraja os esforços voluntariosos
Visando a adopção, certamente esforçada
Da metanóia alterando os comportamentos
Pois só assim restituiremos os elos perdidos
Da nossa luminosa cadeia de união fraternal
Laço que nos prende aos valores supernos
Esse abraço intangível de um mundo nobre
Onde a verdade, a justiça, a solidariedade
A paz, o entendimento fraterno, e o amor
São as pedras angulares do templo social.
Outubro de 2023 |