Novembro escuro

 

Chegou novembro com a oferta de coriscos
Revelada na câmara escura dos olhos tristes;
Adeus querido e doce verão de São Martinho
Dionisíaca pulsão das castanhas e da jeropiga
Agora visível no espelho negro de um passado:
Miragem vago – difusa de memórias orgiásticas
Entre palavras inexpressivas cobertas de cinza
Para serem destapadas  em promessas eleitorais
Como gritos de socorro em desvãos de solidão
Rezando para que a votação não perca o sentido
Voando como o fumo das chaminés das lareiras
Atravessado pelo ziguezaguear de mil  coriscos
Como punhais de fogo cravando-se na carne
De quem se dispõe a desafiar o impossível.

 

                          Novembro de 2025

 

 

19-11-2025