Neste mundo a
girar do avesso
torna-se difícil
nele viver,
mas será nele e
com ele
que iremos
navegando de mãos dadas
por rotas
desconhecidas
mesmo sem
bússola nem mestre.
É meia-noite em
ponto,
damos por findos
os trabalhos;
oiço o canto
metálico dos galos,
o regougar das
raposas, o uivo dos lobos
e o piar
agoirento da coruja;
alguém viu
bruxas a dançar
nas
encruzilhadas em algazarra;
vejo a lua,
entre fiapos de nuvens
apresentar-se
pálida, estática
denunciando
tristezas sem dono.
Adormeço no
promitente sonho lindo
duma vivificante
luz vinda do Levante
aprontada para
alumiar a esperança
na recuperação
do mundo perdido
não esquecendo a
justeza e a perfeição
– sublimes e
inestimáveis bens comuns –
assim como a
devolução dos afetos
donde dimana em
apertado e solene abraço
na essência da
balsâmica aura da compaixão
a sentida e
vivida fraternidade, fogo sereno
no sagrado e
ledo batimento dos corações.
Janeiro de 2021 |