Incêndios

 

Eis um fogo imenso, barulhento

Indomável, destruidor e mortal

Que tudo esfria, não porque esfria

Mas porque atravessa um deserto

Onde as chamas geram este gelo

A espevitar o desconsolo, a revolta

E deixando a fama a oscilar no vácuo.

Mas do espólio em carvão e cinza

Outras labaredas vão irrompendo

A crepitar com doçura incondicional

Luz da compaixão fraterna e solidária

A perdoar ao que vê mas não ouve

E alumiando quem acredita em pitonisas

Na brava friura destas horas estivais.

 

                          Verão de 2025

 

 

27-008-2025