Dádiva

 

O dia estava límpido e sereno
Mas não se avistava vivalma
Os horizontes morriam longe
E o jardim fazia doação das flores
E cada flor se ia abrindo à luz
No garrido forte das suas pétalas
E cada pétala dispersava fragrância
Essências levadas pela aragem
Convite para a entrada ancestral
Na barca azul dos sete ventos
Aproada ao cais da exaltação
Para ir resgatar da olvido social
Os desventurados, os vitimados
Por vexames, invejas, humilhações
Pela injustiça social e perseguições,
Porque a natureza tem destas coisas
E, atentos à evidência desta dádiva
De uma simplicidade a privilegiar
A fraternidade solidária, a sabedoria
E a a incontornável aura do amor
Ancoraram na mística doca da fé
Oráculo da celestial esperança
Refúgio de quem abraça, ama
E vive os mistérios da graça divina.

Agosto 2023

 

 

31-008-2023