Cavaleiros da Távola bicuda

 

Olho pelo postigo do meu labirinto
E vejo um céu carregado de nuvens;
É inverno triste, agreste, imprevisível
Porquanto no lamaçal da vacuidade
Andam a dirimir futuros passados
Os arautos de uma cavalaria apeada
Num arrebatado e invulgar impudor
Disputando a vanguarda do embuste
Megalomania nos pilares da ganância
Moléstia de lutadores falhos de razão
Reflectida no espelho da demagogia
Mostrando a sua patológica imagem
Como oráculo de mitos e promessas:
A narrativa de um contágio epidémico
A correr no éter das comunicações
E a ser vendida sem foral de garantia
Não indo além de uma prédica manhosa
Tão tóxica como o risco de um desastre
E, no emaranhado dessa tenebrosa teia
Amadurece o facto, requenta a opinião
E de imediato apodrece o sentimento.


Morcegos e noitibós entram no crepúsculo
Guiados pelo instinto da sua natureza
Longe da verdade factual prestes a chegar
A qual irá ser entregue em envelope fechado
Na maternidade onde sem uso de cesariana
Nasça para a vida de olhos bem abertos.

Fevereiro de 2024

 

 

07-03-2024