Águia desnuda

 

Um aperto de mãos, olhos vítreos
O atiçar de velho lume com nova fúria,
Eis o estigma de compromissos velhacos
Precursores da praga bíblica, o castigo
Fruto amargo de humanos que não de Deus.

Abraços de traições descabeladas
Choque frontal entre vinganças e raivas
Alucinação de uma enfática Guernica
Da qual, nem a ingenuidade permitirá,
Não só pelo princípio da incerteza
Mas também pela estultícia reinante,
Que dela se retire o entendimento
De uma luminosa paz perpétua,
Porque o pecado do desamor insano
Da intolerância, e de tanto ódio mortal
Só o perdão sem recuo o poderá redimir
Pois aqui não há vencedores nem vencidos
Apenas alguma compreensão suspensa
De uma incompreensão sem morada certa.

Outubro 2025

 

 

20-10-2025