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  secção   a pesca do atum  
 
 
  técnica   breves noções  
 

joão dias leite

 
 

AO ser criada no nosso Boletim a Secção Técnica, houve a preocupação de procurar identificar os nossos leitores com os diferentes ramos de actividade a que a E. P. A. se dedica e ainda aqueles que lhe possam interessar. Enquadrada neste espírito, está a Pesca do Atum, a que vamos dedicar algumas palavras num resumo muito sucinto, dado o pouco espaço de que dispomos, procurando, todavia, focalizar todos os aspectos desta tão interessante modalidade.

A pesca do atum tem-se desenvolvido, nos últimos dez anos, extraordinariamente em todo o mundo, embora ela se faça especialmente nos oceanos Atlântico e Pacífico, sendo porém aquele o que mais locais de eleição possui para a prática frutuosa da actividade, em especial devido às temperaturas das águas, salinidade e correntes marítimas que o percorrem.

As nações que mais progressos têm feito e que mais estudos têm realizado são, sem sombra de dúvida, o Japão e os E. U. A.. Todas as outras têm caminhado na exploração adoptando os frutos colhidos pelos dois países indicados.

Falaremos adiante dos vários sistemas usados, mas antes parece-nos de certo interesse falar um pouco do atum, para a captura do qual se têm construído frotas enormes, como a do Japão, que é de várias centenas de navios.
O atum pertence à família dos «Scombridae» e nela podemos destacar quatro espécies de características diferentes e que também têm diferente valor comercial:

a) O voador (Germo Alalunga, / 19 / Gmelin) Atum de carne branca, caracterizado rudimentarmente por ter a barbatana peitoral muito comprida. É a espécie de maior valor comercial.

b) O albacora (Neothunnus Albacora, Lowe) Atum de carne muito clara. A sua principal característica, para nós, leigos, é ter amarela a ponta da barbatana dorsal. É uma espécie muito apreciada, cuja conserva se apresenta com óptimo aspecto, o que lhe dá um valor comercial muito semelhante ao do voador.
c) O patudo (Parathunnus obesus, Lowe) É um tonídeo de carne rosada, que podemos caracterizar pelo seu aspecto menos fusiforme que as outras duas espécies anteriores e ainda por ter o olho bastante grande. É também apreciada a sua conserva, mas o seu valor comercial não atinge as cotações do albacora e voador.

d) Atum vulgar ou rabilho (Thunus Thynnus, Linaeus) É esta espécie caracterizada pela coloração vermelha da sua carne e por ter a barbatana dorsal de coloração azul. É nesta espécie que se têm encontrado exemplares de maior porte, alguns dos quais com mais de 400 quilos! É, dentro dos tonídeos, o que actualmente menor cotação obtém no mercado internacional.

Estas são as principais características das quatro mais importantes espécies de tonídeos.

Das características gerais da família dos «scombridae», podemos dizer que são muito vorazes e peixes com um ciclo migratório que ainda não está completamente definido, embora / 20 / se relacione intimamente com a temperatura, salinidade das águas e correntes marítimas.

Este ciclo migratório coincide, em parte, com a deslocação dos peixes de que se alimentam e ainda que fazem as suas migrações em grandes cardumes.

Vejamos agora como se faz, ou melhor, como tem evoluído a pesca do atum. Nesta evolução que vamos relatar, apontamos apenas os períodos em que cada modalidade tem marcado época, não afirmando que nesses períodos se não praticasse outra modalidade, embora em pequena escala e, de modo algum, indicando que a evolução tenha feito desaparecer as outras modalidades.

Armações fixas: São redes enormes que entram pelo mar dentro, por vezes mais de um quilómetro, com um sistema de labirinto, que obriga o peixe a nadar para uma armadilha, donde não pode sair.

Usam-se na costa do Algarve, Espanha, Tunísia e Itália, principalmente.

O seu custo é enorme e apresentam o inconveniente de apenas poderem capturar o peixe que passa ao seu alcance, isto é, que navegue dentro do limite da armação.

Vara de salto: É quanto a nós a mais emocionante e das mais rendosas.

É feita com isca viva e com anzol. Em que consiste? Os navios pescadores estão dotados com tanques viveiros, onde armazenam o peixe que vai servir de engodo para a captura de atum. Os atuneiros fazem a pesquisa, usando, especialmente, vigias e bons binóculos e, quando avistam um cardume, tentam abordá-lo e fazê-lo parar junto do barco, lançando isca pela borda fora. Quando o cardume está bem «atracado», começa a pesca de anzol, iscado também com isca viva. Quando o cardume é grande e come bem, pode numa hora fazer-se pesca de 40 ou mais toneladas.

Long-Line Consiste essencialmente numa linha horizontal de cerca de 40 quilómetros, com várias linhas verticais, no extremo das quais são colocados anzóis com isca morta. Um destes aparelhos tem bóias e balizas de identificação, para facilmente se fazer a sua recolha.

Este aparelho é lançado ao mar, deixa-se ficar durante algumas horas e é depois recolhido com um alador especial.

É uma pesca relativamente rendosa, porém mais para peixe que navega pelo fundo, do que peixe de superfície.

Cerco É uma modalidade que agora se está a experimentar / 21 / com bons resultados, dado o seu enorme rendimento. Consiste em, por meio de rede, cercar o peixe e fechá-lo dentro da própria rede, tal e qual como para a sardinha.

Nestes apontamentos que acabastes de ler, rabiscados muito à pressa, apenas quisemos dar uma vaga ideia do que é a pesca do atum, sem a aprofundarmos, como gostaríamos de fazer e como a modalidade merece. Esperamos, num futuro não muito longe, estar de novo convosco e, então, apresentar-vos um estudo mais atraente e agradável, quer sob o aspecto técnico, quer sob o aspecto literário.

 

Legendas das imagens:

1. atuneiro «RIO VOUGA». 

2. Aspecto movimentado da pesca com vara de salto.

 
 

 

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