«É-me agradável
saborear o espectáculo dum incêndio, sem a possibilidade duma queimadura
e sem a mortificação duma ajuda para o sinistrado. Deixo o caminho
desimpedido ao meu representante, o Bombeiro Voluntário». – Miguel
Torga, in A Terceira Voz
I — A sua origem e
princípios fundamentais
Bastava apenas a
leitura deste texto de Miguel Torga para vergar completamente aquele que
ousasse erguer a sua voz contra a nobreza de tais figuras que se movem
no silêncio dos dramas humanos que todos nós, mais ou menos, conhecemos
de perto. Mas o Bombeiro conhece-os sempre por dentro. Não volta as
costas, não sabe dizer não quando a angústia se instala entre os homens.
Está sempre pronto na primeira linha de combate, quantas vezes
arriscando a vida, sem perguntar de quem se trata, qual o credo ou cor
política, raça ou importância social. O seu lema é servir,
voluntariamente.
E voluntários são,
normalmente, gente humilde, trabalhadores por conta de outrem, operários
sujeitos a horários de empresas e com dificuldades económicas, raras
vezes «rapazes e raparigas de boa família que estes não se deixam mover
pelos ideais do socorrismo organizado para valer ao vizinho em caso de
incêndio ou desastre». (1)
Por este serviço
voluntário se explica, também, a frescura da Corporação, tão jovem ao
festejar cem anos, como o era nos tempos gloriosos da sua fundação, com
limitação de meios, mas cheia de força e sempre presente quando se lhe
pede ajuda e colaboração. Parecem longe esses tempos, mas, na verdade,
eles continuam-se, em cada ritual ou cada intervenção, como geralmente
se constata no convívio entre a família dos «Bombeiros Velhos». Os
princípios e objectivos são fundamentalmente os mesmos, actuais,
universalmente válidos na solidariedade pelo Homem, quando este se sente
esmagado pela brutalidade das forças naturais ou dos acidentes
momentâneos. Por tudo isto, cem anos são motivo de festa!
Com a declaração dos
Direitos do Homem e do Cidadão (Revolução Francesa), que mudou por
completo o comportamento do Homem na sociedade, é com a Revolução
Industrial que gradualmente se foi implantando, ao longo do século XIX,
a Igreja e outras forças sociais e políticas trouxeram ao mundo
contemporâneo uma nova filosofia social, mais voltada para o
associativismo, que as burguesias (monárquicas, republicanas,
anárquicas, socialistas, reformistas...) defenderam como combate ao
individualismo destruidor.
A Portugal, essas
ideias chegaram, naturalmente, com os normais atrasos. Aveiro não era
mais do que uma pequena Capital de Distrito. E se até então as
confrarias e associações tinham por objectivo fundamental acções de
cunho religioso sob a protecção de anjos e santos, na prática, perante
as catástrofes e, pior ainda, quando elas se abatiam sobre a cidade e se
reclamava socorro imediato, acima de tudo era imperiosa a mobilização
das pessoas, não a curto prazo, mas no momento presente, sem arengas nem
hesitações. E, neste campo, as velhas confrarias e associações não
funcionavam.
Foram as grandes
dificuldades e a consciência de incapacidade individual na luta perante
o acidente ou a catástrofe que conduziram ao caminho da mais pura
solidariedade.
No caso de Aveiro,
terão tido papel determinante os grandes incêndios que, aqui, se
verificaram pelos meados de Oitocentos (foi em 1858, sob a presidência
do Dr. Bento Xavier de Magalhães, que a Câmara adquiriu as duas
primeiras bombas de incêndio), nomeadamente ao longo do terceiro quartel
deste século, como aconteceu, entre outros, e pelas grandes proporções
atingidas e consequências graves, naquele que fora o Paço Episcopal,
situado na Rua dos Tavares (antigo palacete construído a partir do
século XV e pertencente a uma das mais prestigiadas famílias aveirenses), em 1864, e onde, nessa altura, funcionavam várias
repartições do Governo Civil; na Estacão
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[Reprodução
fac-similada da página 17]
dos Caminhos-de-Ferro que, inaugurada em 1864, ardeu no ano seguinte; no
faustoso palácio dos Viscondes de Almeidinha (1871), que ficou
totalmente destruído (vindo a dar lugar ao Palácio do Governo Civil).
Mas o rosário das
desgraças não se ficava por aqui e a cidade era, com frequência,
sacudida pelos sinistros toques de sino das torres das igrejas e
conventos e, bem assim, pela da própria Câmara Municipal. Em todo o
caso, era sempre o improviso, o voluntariado desorganizado, o material
nem sempre adequado, o descontrolo das operações por falta de preparação
e de comando.
Assim, para colmatar
carência tão grave, terá nascido, em 1879, (2) pelo menos, uma
«Companhia de Bombeiros Voluntários de Aveiro», pois datam desse ano os
respectivos Estatutos, compostos de 18 artigos. Segundo a relação que
nesses estatutos consta, a Companhia articulava-se em duas secções de
«Bombeiros» (com 20 efectivos cada e 8 ou 9 «supranumerários») e uma
«secção de machados». A ela pertenceram algumas das figuras mais
distintas da vida aveirense, como, por exemplo:
Artur Ravara, Joaquim de
Melo Freitas, os irmãos Melo Guimarães,
Manuel Homem Cristo,
Jerónimo
Pereira Campos... cabendo o Comando ao «inspector»
Silvério Augusto
Pereira da Silva.
|
Apesar de não
conhecermos as acções por ela desenvolvidas, nem notícias do seu
efectivo funcionamento, tudo leva a crer que haja tido, nesse tempo,
intervenção positiva, a avaliar pelas pessoas que a integravam. No
entanto, certamente por falta de apoios, essa mesma intervenção deve ter
sido limitada, atendendo a que tudo faltava para a prossecução dos
objectivos fundamentais. Talvez por isso, ou porque Aveiro ainda não
estivesse suficientemente sensibilizado para a grande importância desta
instituição, ela deve ter desaparecido precocemente.
Mas a semente estava
lançada!
E quando, em 12 de
Janeiro de 1882, a cidade foi sinistramente abalada pelo violentíssimo
incêndio do Convento de Sá, a própria Câmara, por iniciativa de um dos
mais atentos edis de todos os tempos —
Manuel Firmino de Almeida Maia —,
tomou a iniciativa de propor a imediata constituição de «um corpo de
bombeiros voluntários que pudesse desempenhar-se satisfatoriamente do
encargo que tão nobre e elevada missão impõe.» Quereria dizer que a
«companhia» existente não satisfazia?
Na sessão camarária
de 28 de Novembro desse ano, um punhado de «homens de boa vontade»
apresentou-se na Câmara para constituir uma companhia que pudesse
utilizar todo o material municipal existente, «destinado à extinção de
incêndios, e dele se servirem
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quando algumas destas calamidades se manifestasse no concelho.»
Um mês depois, eram
aprovados os estatutos e eleitos os respectivos órgãos da Companhia.
Seguiu-se, então, um
período de entusiasmo e dedicação popular pelos Bombeiros, com
reconhecimentos referenciados, manifestados publicamente, em particular
quando os incêndios atingiam maiores proporções. Foi assim, na noite de
15 de Novembro de 1884, no combate «ao pavoroso incêndio que devorou o
prédio do Sr. José António de Resende, na Rua da Costeira» e que levou o
presidente da Câmara (Firmino Maia) a reconhecer perante «pasmo e
gratidão de todos nós, os rasgos de sublime heroicidade, e de assombrosa
dedicação de todos os membros dessa benemérita Corporação e que por isso
constituem um dos seus mais distinctissimos trophéus». E, quando
eram pedidos os nomes dos «soldados da paz» que deveriam receber
condecorações por este feito, a resposta dada pelo presidente da
Companhia, muito acertadamente, dizia que «para prémio lhe bastara a
satisfação de terem cumprido, cada um na medida das suas forças, como um
dever, voluntariamente e da melhor vontade, se impuseram». (3)
Desta forma, os
bombeiros cresceram, em Aveiro, com os apoios e o reconhecimento
popular, cada vez mais prestigiados. Em 1887, eram 40 os elementos da
Companhia. Mas sentia-se uma grande dependência em relação à Câmara,
quando já outras ideias e outros eventos sopravam na mentalidade
nacional. Por isso, e para melhor desenvolver a acção do espírito
voluntário, entendia-se que a Companhia se deveria desligar da tutela
Municipal. Foi o que veio a acontecer em 1898, ainda que, na prática, as
pessoas, os apoios e os objectivos fossem os mesmos. Cessou a Companhia
de Bombeiros Voluntários para dar lugar à «Associação Humanitária dos
Bombeiros Voluntários de Aveiro», embora instalada em dependência da
Câmara Municipal, na Rua de Santa Catarina, junto ao Teatro Aveirense. E
a mudança foi acontecendo...
Entrou-se, desta
forma, na viragem do século e, ao longo da sua 1ª década, num período de
grandes transformações, renovando-se o seu material e remodelando-se os
seus serviços internos, enquanto a Câmara lutava com dificuldades
financeiras. Daqui se foi gerando uma certa agitação de que veio a
resultar um fraccionamento da Associação Humanitária, surgindo a
Companhia de Salvação Pública «Guilherme Gomes Fernandes» com objectivos
em tudo semelhantes. A cidade e a região, no entanto, longe de perderem
com um aparente enfraquecimento das instituições paralelas, muito vieram
a ganhar, já que, em vez de arrefecerem os ânimos, cada elemento de cada
qual das Corporações lutava da forma mais entusiasmada e abnegada para
valorizar e dignificar a acção do colectivo altruísta a que pertencia.
Foi assim que ambas
mereceram ver-se instaladas em quartel próprio, em benefício do bem
público. E, ao mesmo tempo, mais exigentes se tornavam no cumprimento
dos objectivos fundamentais que perseguiam.
Caberá, pois, aqui, a
referência de alguns exemplos que bem demonstram que a Associação
Humanitária procurou pautar-se por esses princípios gerais, no que
mostrou também ser a lídima herdeira da Companhia de Bombeiros, ainda
que, nem sempre com unanimidade dos seus componentes:
1) Intervenção em
questões de ordem política
Em 1887, por «ocasião
da visita de S. S. M. Majestades e Altezas a esta cidade» as autoridades
constituídas solicitaram que a Companhia se associasse às manifestações
públicas de homenagem aos ilustres visitantes. Apesar de ter sido
decidido dar todo o apoio para o luzimento dos festejos, um dos seus
elementos «exceptoou a deliberação unânime por entender que a
Corporação não devia sair fora dos fins para que se creou», (4) (o
que pode ser entendido como ideário republicano, já que estamos em
vésperas do ultimatum e
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da revolução de 31 de Janeiro). Em todo o caso, os reis não
representavam propriamente secções partidárias, mas, antes, eram chefes
constitucionais do País.
Já em 1908, quando o
Governador Civil fez igual pedido para a Companhia «assistir à chegada
de S. M. EI-Rei a esta cidade e às demais festas que se fizessem em
honra do mesmo», (5) não houve objecções (ou, pelo menos, não
transpareceram na escrita da Associação). O mesmo acontecendo, por
exemplo com a sessão extraordinária de 3 de Maio de 1903, com o fim de
honrar Almeida Garrett. Mas, quando são os valores locais que estão em
causa, a Associação Humanitária jamais deixou de estar presente. Foi
assim no caso da participação nas festas e cerimónias que decorreram
trazendo da «Estação de Caminho de Ferro o caixão que conduzia o
cadáver de José Estêvão, filho posthumo do sempre memorável tribuna»
(6) ou ao «fazer-se representar no assentamento da pedra fundamental
do monumento a levantar na Praça do Comércio (...) deliberando a
Direcção que todos os seus membros e o respectivo Inspector assistam
aquelle acta». (7)
2) Acções de
solidariedade
A nível
internacional: a solidariedade não tinha limites. Por isso participaram
em diversos apelos como aquele em que, pelo presidente «foi
comunicado ter entregue ao Exm.o Governador Civil do Distrito, para ser
depositado nas mãos do Sr. Ministro de Itália em Lisboa o producto do
bando precatório tirado por esta Companhia em favor das victimas da
grande catástrophe ocorrida n'aquella nação». (8)
E referências à
colaboração nacional não faltam, das quais apenas citamos duas: uma,
referida na acta de 27 de Abril de 1909, diz respeito a «um bando
precatório em favor das victimas sobreviventes da catastrophe produzida
pelos últimos tremores de terra que assolaram algumas povoações do
Ribatejo», enquanto a outra, talvez mais eivada de conteúdo
político, fala de outro peditório «em favor das victimas da revolução
de que resultou a implantação da República em Portugal» e tem a data
de 20 de Outubro de 1910.
3) Intervenções na
comunidade com objectivos de segurança:
As preocupações de
segurança e precauções estão sobejamente presentes na vida da
Corporação. Não é só acudir na desgraça, é também intervir para que se
tomem os devidos cuidados, numa cidade que rapidamente crescia e se
modificava com a introdução de novas técnicas, como aconteceu quando, em
acta de 10 de Março de 1898, se reconhecia que só graças aos esforços e
dedicação dos Bombeiros «se poude obstar a que o incêndio ocorrido na
Rua José Estêvam devorasse parte da cidade» e, a partir daí, se pede
que «da concessão que a Câmara fez aquella Companhia para a
illuminação a gaz, manda que no exterior do edifício illuminado seja
collocada uma torneira de segurança para prever o derramamento de gaz em
caso de incêndio»; ou, ainda e em relação a casas de espectáculos,
pedia à Direcção do Theatro Aveirense «a demolição do muro divisório
dos dois páteos annexos: o da Associação e o do Teatro, a fim de tornar
rápida a montagem de serviço de incêndios em noutes de espectáculo e dar
um abrigo seguro a todos os espectadores». (9)
4) A instituição,
centro formativo de «sublimes virtudes».
Não raro, acontecem
referências ao comportamento dos membros da Associação. Casos houve em
que uns foram admoestados publicamente, outros com diversos castigos
morais, no sentido de impedir que o colectivo dos «bombeiros velhos» se
tornasse mais uma qualquer agremiação. Raros, porém — mas também existem
registos do facto — são os casos de expulsão desta família de
voluntários.
Em geral, no entanto,
valorizam-se as acções positivas, enaltecendo as qualidades morais dos
membros, dando conhecimento público, registando por escrito em actas,
premiando com medalhas. E se, porventura, esteve presente a dificuldade
económica e social
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de alguns bombeiros — e esteve, sem dúvida, conforme se comprova de
muitas actas — é sobretudo a acção formativa que preside ao conjunto dos
componentes, com dirigentes que se cotavam entre os melhores exemplos de
conduta moral da cidade.
A audácia perante o
perigo, o espírito de sacrifício, a coragem, a doação altruísta, a
abnegação, o heroísmo são virtudes bem presentes, como os mais puros
sentimentos dos bombeiros. E aqui, a instituição carrega uma boa parte
da formação moral dos seus quadros.
De entre tantos
relatos que poderiam ser evocados, aqui deixamos um, — e, por certo,
basta — que consta da acta de 4 de Agosto de 1926:
«A Direcção tomou
conhecimento dos factos ocorridos no lamentável incêndio que, na
madrugada de 1 do corrente, se manifestou num prédio sito na rua de S.
Roque, n.º 20, pertença dos herdeiros de
José Maria dos Santos Freire, e
que custou a vida a 3 pessoas. O inquilino deste prédio exercendo a
profissão de pirotécnico tinha, clandestinamente, armazenado grande
quantidade de fogo de artifício, entre ele algum fabricado com dinamite,
no pavimento inferior do edifício. Em consequência duma sucessão de
violentas explosões daquele terrível explosivo, o incêndio tomou
proporções as mais assustadoras, e a breve trecho seguiu-se a derrocada,
tremenda, catastrófica, trágica.» Pelo que, de imediato se
comprovavam a morte de Carlos Simões Freire e de sua mãe,
Ana Batista
Freire, horrorosamente carbonizados e que, no rescaldo, foram
conduzidos, logo que possível, para a casa mortuária do cemitério. Mas,
entretanto, uma terceira pessoa, «Flávia dos Santos Freire,
desvairada, louca, entre chamas que ameaçavam devorá-la pedia, debaixo
dos escombros, após a derrocada, em lancinantes gritos de alma torturada
que a salvassem. Um denodado bombeiro desta Associação,
Mário de Sousa
Marques, num grande gesto de heroísmo e abnegação, sem respeito algum
pelo perigo, corre a salvar a desventurada mulher que se debatia com a
morte. Conduzida ainda com vida ao hospital, agonizara pelas 8 horas da
manhã, em resultado das queimaduras que havia recebido.»
Por este gesto, que
impressiona e arrepia e é do mais sublime na doação ao homem como irmão,
a Direcção resolveu lançar em acta um voto de louvor «pela decisão,
sangue frio e espírito de sacrifício que (o citado bombeiro) demonstrou
no referido incêndio, trepando à fronteira já derrocada, donde partiam
gritos de mulher, e arrancou das chamas a infeliz Flávia dos Santos
Freire, com iminente risco da sua própria vida, pois que em seguida a
este arrojado feito se deram consecutivas explosões, dando assim um belo
exemplo das mais sublimes virtudes da Humanidade».
(Registe-se, por
curiosidade, que neste incêndio, para além da acção de relevo da
Companhia, muito ajudou uma nova «moto-bomba» marca DELAYER, que
trabalhou sem interrupção quatro horas e meia, facto que constitui
grande satisfação para a Companhia. Esta bomba era puxada por bombeiros
e populares, numa carreta).
5) ...Até à cedência
do seu quartel:
E este é um aspecto a
relevar, quando as próprias instalações, face ao perigo público, se
colocam, primeiramente, ao serviço dos outros, desprotegidos e atingidos
na doença e na desgraça. Uma só referência, a título exemplificativo. Em
20 de Novembro de 1918, perante uma situação de epidemia que trouxe o
pânico à cidade e à região, e quando muitos queriam estar o mais
possível defendidos dos contágios, a Corporação foi convidada, pelo
Governador Civil, para uma reunião em que era urgente tomar «medidas
profiláticas contra a epidemia actual», face à sobrecarga de outras
instituições mais vocacionadas para este tipo de assistência e por ser
imperioso encontrar lugar seguro para albergar os contagiados (e foi
grande o número de mortos na nossa região), foi feito «em nome desta
Associação o oferecimento do seu edifício para alojamento de doentes
atacados da mesma, sendo este oferecimento aceite».
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Em suma: os objectivos fundamentais da Associação Humanitária estavam
bem enraizados e cada vez mais alargados no espírito dos aveirenses que
se habituavam a ver nos «Bombeiros Velhos» uma generosidade sem limites,
no apoio dos infortúnios, sempre prontos a acorrer ao sinal de perigo,
quando outros meios se apresentavam incapazes de os enfrentar.
Não surpreende, pois,
que tanto os diversos órgãos do poder local tenham sabido reconhecer de
muitas formas esta dedicação altruísta, como também o próprio poder
Central, quando, em 1929, foi comunicado que o Governo da República
tinha condecorado esta Associação com a Comenda da Ordem de
Benemerência, «pelos relevantes serviços que esta tem prestado à
causa da Humanidade». (10)
E ao atingir-se a
festa dos seus cinquenta anos de vida — AS BODAS DE OURO — mais uma vez
se testemunhou essa gratidão. Não só pelas festas, pelas sessões
públicas, com ilustres oradores, «deslumbrantes iluminações eléctricas e
veneziana», bandas de música, etc., etc., para terminar o arraial com
«grandioso bouquet de fogo» oferecido por um categorizado industrial
aveirense, mas sobretudo, porque foi «a Medalha da Cidade oferecida por
subscrição pública» e ainda — e mais uma vez — o Governo reconheceu, a
10 de Agosto, a Associação «sob proposta do Ministro das Finanças e da
Instrução Pública (...) como instituição de utilidade pública». (11)
Era o coroar de uma
grande jornada de alegria da família dos Voluntários «Bombeiros Velhos»,
ao celebrarem com entusiasmo meio século de vida!
II - DAS BODAS DE
OURO ÀS BODAS DE DIAMANTE
A partir de 1932 e
até às celebrações dos 75 anos de vida da Corporação (1957), dir-se-ia
que tudo foi decorrendo naturalmente, dentro dos princípios gerais que
deram forma à Associação Humanitária.
Dificuldades, porém,
sempre as houve. Elas, no entanto, podiam resumir-se essencialmente em
exigências de material que pudesse tornar a acção dos «Bombeiros Velhos»
mais rápida e mais eficiente, em cada caso, para o que se esperava, dia
a dia, pelas grandes ofertas, generosas, minimamente correspondentes à
generosidade tantas vezes demonstrada pelos «soldados da paz» desta
Corporação.
Todos sabiam, pela
experiência acumulada, que as celebrações festivas eram motivo mais
propício para lembrar carências e, certamente, para concretizar sonhos.
Assim, ainda em
Outubro de 1932, foi adquirida uma nova viatura pronto-socorro e, em
1938, a Associação recebeu uma auto-ambulância para transportes de
feridos. Mas havia muito outro material que urgia substituir...
E quando, em 16 de
Outubro de 1942, eclodiu o violentíssimo incêndio no palácio do Governo
Civil que movimentou todos os esforços do Voluntariado Aveirense e
outros que acorreram, constatou-se melhor ainda quantas as limitações
dos Bombeiros, face aos grandes incêndios, não obstante a exemplar
dedicação posta no combate ao sinistro.
Talvez por isto,
talvez por muitas outras razões que se podem interligar com
solidariedade pregada nos últimos anos da segunda Guerra Mundial e no
pós-guerra, os anos que se seguiram a 1945 e, em particular, até 1952,
foram um período de notável esforço em duas frentes:
1) Segurança para
todos os elementos do Corpo Activo
Contra acidentes (o
que aliás, ficou garantido pela Câmara Municipal) e reorganização da
velha «Caixa de Seguros», no sentido de auxiliar pecuniariamente os
bombeiros e, bem assim, garantir a assistência médica e medicamentosa
deles na doença, mesmo quando fora de serviço.
2) Apetrechamento da
Corporação:
Neste sentido, se
adquiriu «uma agulheta de espuma e respectiva carga, para incêndios de
gasolina, óleos e aguarrás; modernizou os pronto-socorros,
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blindando um deles; comprou uma moderníssima e potente moto-bomba Escol;
renovou todos os fardamentos; criou uma escola de aspirantes», (12) etc.
A fechar o ano de
1952, uma extraordinária festa de Natal para as crianças pobres, que deu
brado na época e teve a adesão de todas as forças vivas de Aveiro.
Mas, entretanto,
novas viaturas foram gentilmente oferecidas, bem como material diverso,
ora por iniciativa do Governo Civil e Câmara Municipal, ora pela
dedicação particular e anónima dos aveirenses. Umas vezes por doações
directas, como em muitas actas consta, através de testamentos e de
ofertas pessoais; outras como subsídios para se comprometerem no
abrilhantar de festejos que a Câmara organizava, como por exemplo,
quando, na acta de 16 de Abril de 1954, se refere que «a Câmara
Municipal de Aveiro concorria com a importância de oito mil escudos para
os cofres desta Associação, importância que se destinava a pagar o custo
do carro alegórico que esta Associação pretendia apresentar no Cortejo
das Festas da Cidade».
Em outros casos, são
os próprios elementos da Corporação que organizam festejos, bailes,
quermesses, peditórios... para concretizar necessidades. Neste período
recorre-se muito à animação do Parque, «cuja autorização nos foi
concedida pela Excelentíssima Câmara desde que sejam montados stands
compatíveis com o local (...) ficou resolvido que os festejos sejam
efectuados aos Domingos, quintas e sábados», (13) com bandas de
música e participação das principais senhoras da sociedade aveirense.
Mas, à medida que se
aproximava a festa das Bodas de Diamante, um novo ânimo transborda da
documentação da Associação, como uma meta importante a atingir e que,
por isso mesmo, devia ser condignamente celebrada. Muitos se
prontificaram a dar o seu melhor, contribuindo de formas diferentes. Era
grande o entusiasmo. Novos e velhos, sem reservas, quiseram estar na
primeira linha, renovando os juramentos que outros membros da mesma
«família» haviam feito, em 1882. Quando foi pedida a participação ao
Dr.
Alberto Souto, que a esta causa havia dado uma boa parte do seu saber e
dedicação, a resposta foi pronta e galvanizante: «Dar-lhes-ei aquilo
que os meus cabelos brancos e os anos já me dão: a experiência, a calma
e a boa vontade». (14)
Ao celebrar os 75
anos de benemerência, de bravura e de altruísmo, não se distinguiram
pessoas individualmente, ainda que algumas tenham sido agraciadas. Foi
mais a colectiva acção da Companhia do que os actos pessoais que
estiveram nessa homenagem. E foram, efectivamente, festejos de qualidade
aqueles que a cidade viveu. Os jornais da época, mais do que as actas da
Corporação, (estas são normalmente simples e quase só referindo questões
de administração) teceram-lhes os elogios mais rasgados, exaltando
sempre as virtudes humanitárias e o voluntariado que caracteriza a
Associação. Mas, se grandes festejos houve, ficaram a dever-se a um
numeroso grupo de dedicadíssimos aveirenses que, constituídos em
comissão, não quiseram que o 75.º aniversário da Obra dos homens bons de
1882 passasse apagado e que não se pouparam a esforços para que os
festejos se revestissem de inusitado brilhantismo». (15)
Enquanto isto, os
Bombeiros Velhos, em acta de 2 de Março de 1957, apreciavam a maneira
como as celebrações das Bodas de Diamante decorreram, «verificando-se
que não houve a mínima dissidência, tendo corrido tudo com a melhor
ordem, correcção e compostura em todos os números que foram levados a
efeito. Por esta razão, ficou resolvido manifestar a todas as comissões
constituídas, os nossos mais sinceros agradecimentos, pois as festas
tiveram um grande brilhantismo que dignificou esta Associação».
Então, era a
Corporação constituída por 36 Bombeiros, extraordinariamente dedicados
membros desta família altruísta e voluntária. O material, esse era
escasso para as exigências e, em geral, em condições que pouco
dignificavam a «velha» associação.
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III – O
SONHO DO CENTENÁRIO
Ao entrar no seu
quarto quartel de vida, dir-se-ia que um sopro anímico agitou a
Corporação.
Eleito presidente da
Direcção o Sr. Capitão Firmino da Silva, homem de grande experiência no
Comando de forças para-militarizadas, dada a sua categoria de antigo
comandante da P. S. P. em Aveiro, e que, a esta, junta outras qualidades
pessoais, chamou a si uma equipa, de acção renovadora e, a pouco e
pouco, os resultados eram visíveis.
Diversas viaturas
vieram enriquecer o património da Companhia, enquanto outras condições
de atracção eram oferecidas dentro e fora do quartel, para além do
recrutamento que, gradualmente, se vai alargando aos subúrbios de
Aveiro.
Ao festejar os 82
anos de existência da Corporação, Firmino da Silva pedia, ainda,
conforme o semanário aveirense “Litoral”, de 1 de Dezembro de 1964, «um
moderno pronto-socorro-nevoeiro (...) destinado a substituir uma velha
viatura, que conta já 32 anos de serviço», pedido este que viu
concretizado, no ano seguinte.
Quando abandonou a
Direcção, por entender ter cumprido o programa que se propunha, a obra
continuou com o Eng.º Branco Lopes, que se manteve por quase dezena e
meia de anos (até 1981) na presidência da Direcção.
Facto relevante do
meado deste período foi o XIX Congresso dos Bombeiros Portugueses, com
um vasto programa, bem gizado e melhor cumprido, que colocou Aveiro no
Centro do Voluntariado Nacional e de que saíram importantes conclusões
para as dezenas de corporações representadas e outras que dele vieram a
beneficiar. Esse sucesso que foi uma «jornada magnífica de
convivência, camaradagem e de boa e construtiva discussão de teses»,
(16) desenvolveu-se de 9 a 13 de Setembro de 1970, e nele foram
apresentadas dezassete teses, com a participação de diversas centenas de
congressistas.
A Associação
agigantou-se no meio aveirense, com reconhecimento Nacional. A sua acção
era cada vez mais solicitada para diversas ocorrências, pelas congéneres
concelhias, quando estas constatavam as suas carências de meios humanos
e técnicos. Mas, para isso, foi necessário um grande esforço de
operacionalidade, com máquinas e viaturas especificamente adequadas à
particularidade da situação. A todo o momento, as provas surgiam....
Entre outras, na
cidade, em 1965, a 10 de Junho, a cidade assustou-se quando deflagrou um
incêndio na sede do Beira-Mar. Os bombeiros acorreram, imediatamente
como sempre, e, com a ajuda de outros, salvou-se o mais importante. A
sede sobreviveu (era no edifício da Capitania do Porto de Aveiro), pois
conseguiu-se impedir que o fogo se propagasse às casas vizinhas,
sobretudo à Garagem Trindade.
E, a 18 de Outubro de
1972, nova e dura prova no incêndio da Firma «Tonelux», com material
eléctrico e afim, como discos e plásticos. Pelas suas características,
até então, nunca os Bombeiros Velhos tinham entrado no combate a
sinistro do género. Mas a experiência ficou e os apetrechamentos foram
sendo exigidos.
No ano seguinte, a 9
de Dezembro, foi o grande incêndio do Quartel de Infantaria n.º 10,
constatando-se mais uma vez, a urgência de material adequado.
Nos arredores de
Aveiro, o incêndio de maiores proporções, neste período, foi já ao
aproximarem-se as festas do Centenário. Ocorreu a 23 de Janeiro de 1982,
na Cerâmica de Quintãs. O fogo via-se a léguas de distância e lavrou
durante algumas horas (de cerca das 19,30 até quase à meia-noite), num
edifício amplo, levantado originariamente, cerca de 1910-12. Era um
autêntico braseiro, em que os pisos de madeira muito contribuíram para
impedir um combate mais eficaz. Lá estiveram, com outros, os Bombeiros
Velhos.
Mas a tragédia não
tem lugar nem hora. Fora da cidade e do concelho, referem-se, apenas o
incêndio grave, que aconteceu num autotanque de transporte de
combustível, à entrada de
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Salreu, com sacrifício de vidas e que podia ter sido uma catástrofe,
tanto mais que a força de fogo atingiu casas do local; e o desastre que
ocorreu à entrada de Oliveira de Azeméis, na ponte de Silvares, caindo
um autocarro de 15 metros de altura, carregado de emigrantes, de que
resultaram várias mortes.
Não têm conta os
apelos e as participações dos Bombeiros, a cada hora aptos para acudirem
aos aflitos, onde quer que estejam. É, todavia, no verão que maiores
cuidados e desgastes se vivem na Companhia. As imprevidências e o calor
próprio da estação ajudam. Aveiro vê-se sobrecarregado de tráfego, tanto
de naturais como de estrangeiros. Os problemas avolumam-se e, entre
eles, são os incêndios das matas os que trazem os maiores problemas, em
regra, pois não se adivinha a amplitude nem é fácil encontrar
rapidamente os meios eficazes para o combate.
Assim, por exemplo,
foi o que aconteceu em 18 de Agosto de 1969, quando a Serra do Caramulo
se tornou num autêntico inferno, com vários focos de um incêndio
pavoroso que pôs em pânico várias aldeias da serra e a própria vila de
Águeda, conforme relatam os jornais da época. E, a 19 de Agosto de 1972,
era a vez (mais uma...) do Vale do Vouga, cuja beleza se tornou, em
poucos dias, em espectáculo de desolação e pobreza. Durante dias a fio
se viveram angústias que jamais se esquecerão, com evacuações e haveres
perdidos, em localidades diferentes.
Nestes, como noutros
grandes fogos, a atitude dos Bombeiros Velhos foi o sempre presente, até
ao limite das forças e dos meios técnicos. E, quando estas gentes
optaram pelo regresso e reconstrução da sua vida, a Associação continuou
a sua obra. Houve campanhas de angariação de fundos para as vítimas (17)
e até, dada a violência do sinistro e danos causados, vários clubes
desportivos se ofereceram para, generosamente, contribuírem nessa
angariação de fundos.
Quantos fogos, porém,
se não verificaram nas matas da região de Aveiro, particularmente nos
últimos dez anos..., dos quais, em muitos dos casos, nem registos
ficaram nos livros oficiais da Corporação, mesmo que a intervenção tenha
sido de total empenhamento? É que os soldados da paz não esperam que a
«História» fale deles, não «actuam» para ela. Agem, por vontade de
servir.
Precisam, no entanto,
de material, cada vez mais moderno, sempre pronto a entrar em acção,
para o bem de todos. Como angariar fundos necessários?
Normalmente, pelas
formas tradicionais dos peditórios na via pública ou porta-a-porta, nos
bailes e festas organizados com esse objectivo, nas cunhagens
comemorativas... nos testamentos e doações, tais como: «o total de cento
e trinta e oito mil seiscentos e setenta e cinco escudos e trinta
centavos, a que esta Associação tem direito por deixa testamentária do
senhor António Rocha» (18), etc.
Entretanto, também o
Governo Civil e a Câmara de Aveiro, o Serviço Nacional de Bombeiros e o
próprio Ministério da Administração Interna vão dando a sua preciosa
colaboração. Não para tudo o que se precisava, mas para o absolutamente
indispensável, reconhecendo tratar-se, de facto, de um serviço da maior
valia para a comunidade.
Em todo o caso,
quantas vezes, também, se não ficam pelas palavras elogiosas, pelas
promessas adiadas, pela simples garantia de que para o ano que vem há-de
ser melhor... como se lê na acta de 14 de Julho de 1978: — «O Senhor
Ministro da Administração Interna deu a entender que em mil novecentos e
setenta e nove a vida das Associações de Bombeiros será mais desafogada
e livre das preocupações que até hoje têm tido»!?...
Por esta altura, já
os grandes projectos com vista à celebração das festas do Centenário
andavam na mente dos responsáveis pelos destinos da Corporação. As actas
vão dando conta dessa grande meta a atingir. E a festa trazia em si um
velho sonho: um novo quartel. Os contactos decorriam, as promessas
também e a esperança era cada vez maior.
Por isso, todas as
compras, necessidades e obras se iam
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limitando «ao essencial e sempre com olhos postos na construção do novo
quartel, que muito desejaríamos ver inaugurado nas celebrações do nosso
Centenário» (19). O local fora escolhido entre as hipóteses possíveis e
tudo apontava, então, para que se erguesse junto à Igreja das
Carmelitas.
Cedo, porém, houve
que pensar noutro local, pesando no facto, para além de outras razões, a
operacionalidade e os espaços disponíveis. Tudo parecia correr bem para
a grande festa. Em 1979, quando foi dado «conhecer o desenho do novo
Quartel, o qual impressionou todos os presentes», (20) ainda se
acreditava no milagre.
Em cada ano que
passava, em cada mês, com pedidos para o «seu» Quartel, o programa do
Centenário, se foi gizando, com mais reuniões (mais actas), mais
empenhamento.
E 1982 estava à
porta, finalmente. A acta de 22 de Janeiro deste ano traduz o sentir
geral da Corporação, em relação ao que se esperava: «um ano de
trabalho, ano de alegria, mas não tantas quantas as que se esperavam e
isso porque foi sonho de todos a inauguração do novo Quartel».
Era a constatação da
realidade. A batalha perdida... mas não a guerra. Assinaram essa acta
Joaquim Arnaldo da Silva Mendonça e
Augusto Correia Charneira.
As festas do
Centenário foram incorporadas nas «Festas da Cidade», mas o dia de maior
relevo ficou para 16 de Maio, dia dos antigos padroeiros de Aveiro. Para
evocar a efeméride, para além de discursos e festejos múltiplos e de
garantida a visita do Ministro da Administração Interna, (como refere a
acta), pensou-se na «confecção de pratos e azulejos comemorativos,
confeccionados pelas Fábricas da Vista Alegre. Igualmente se confirmou a
confecção de Medalhas, Emblemas e autocolantes».
A festa não foi
ruidosa, mas foi condigna. Os órgãos de informação renderam à Associação
Humanitária as mais justas homenagens, os poderes públicos renovaram o
reconhecimento de todos, ao longo da sua existência, a população, em
geral, irmanada com seus filhos, pais, irmãos, maridos, demonstrou
quanto apreço tem pela obra dos Bombeiros Velhos...
E a bola de neve, que
era o sonho do Quartel, continua a rolar até que os Bombeiros Velhos
ganhem a sua «guerra».
Aos cem anos, os
Bombeiros Velhos contavam, no activo, com 83 bombeiros, 6 ambulâncias, 1
auto-sapador ligeiro, 3 viaturas de apoio com extintor rebocável, de pó
químico, 1 lancha para salvamentos, 1 viatura para transporte do
pessoal, 3 prontos-socorros ligeiros, 3 auto-tanques e 1 auto-escada.
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Aos cem anos, os
Bombeiros Velhos são, acima de tudo, uma grande família que granjeou
prestígio entre a família do Voluntariado, anonimamente, pelo seu desejo
de servir, e tem merecido, de todos, uma confiança sem limites.
Os princípios são os
mesmos e continuarão eternamente válidos. A obra desenvolvida mostra,
sem reservas, o quanto tem sido dado em troca do quão pouco recebido.
Ficará para sempre a dívida da nossa gratidão!
E a certeza de que a
Associação Humanitária dos Bombeiros Velhos é, ao fazer o seu
Centenário, tão jovem e entusiasmada como quando nasceu.
Cem anos depois, em
espírito, 1982 como em 1882!
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Observação — As
notas, disseminadas ao longo do artigo, não se encontram no original
impresso. |