Mensário do 7º D

  Sal de Aveiro  ▲

25 Maio 93

Nº 4


COMO VÊEM OS INDUSTRIAIS O PROBLEMA DO SALGADO

 

Entrevista realizada ao Dr. Amândio Canha,
sócio-gerente da Vita Sal

Entrevista por Cláudia Raquel e Fernando Manuel

S. A. – Que tipo de empresa é a Vita Sal?

A. C. – E uma empresa familiar, pertencente ao tipo das pequenas empresas.

S. A. – Em que data foi fundada?

C. A. – A Vita Sal foi fundada em 1958.

S. A. – Por que foi escolhida esta localização?

C. A. – A localização foi escolhida em função da chegada da matéria prima, quer da proveniente do salgado de Aveiro – a proximidade do canal onde aportam os saleiros – quer da proveniente dos outros salgados e que é transportada pela Via marítima.

S. A. – Actualmente, continua a constituir uma boa localização?

C. A. – Sim.

S. A. – Quais as origens do sal bruto utilizado?

C. A. – A maioria do sal bruto utilizado pela Vita Sal provém dos salgados do sul da França, da Figueira da Foz, do Tejo e uma pequena parte do de Aveiro.

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S. A. – Então a quantidade de sal de Aveiro, utilizado na higienização, tem vindo a diminuir. Porquê?

A. C. – Devido a duas razões principais: uma, ligada ao processo de produção ainda artesanal, o que torna o sal de Aveiro pouco competitivo em relação ao preço de venda, outra, ligada à técnica de fabrico que o torna difícil de higienizar, visto vir acompanhado duma certa quantidade de areia.

S. A. – Que meios de transporte são usados para a aquisição do sal em bruto?

A. C. – A via marítima, que assegura o transporte do sal até ao porto de Aveiro, que é complementada pelo serviço de camionagem pertencente a empresa.

S. A. – Para que fins é utilizado o sal higienizado?

A. C. – Usa-se na alimentação e nas indústrias – conservas, têxtil, padarias, etc...

S. A. – Qual o mercado do produto final e como evoluiu nos últimos 20 anos?

A. C. – Abrange todo o país, incluindo os Açores. A exportação é pouco significativa, em pouca quantidade, para a Alemanha e Canadá. A área de mercado tem vindo a diminuir, devido ao aparecimento de outras fábricas concorrentes, localizadas no litoral do país.

S. A. – Que meios de transporte são utilizados na sua distribuição?

A. C. – A distribuição para Portugal Continental é assegurada por camiões da empresa e, para as Ilhas e Canadá, segue por via marítima.

S. A. – Referiu que os rendimentos auferidos pela empresa não só provêm da comercialização do sal higienizado, mas também da distribuição do sal em bruto. Isso significa que a acessibilidade da rede viária é forte?

A. C. – A construção do IP5 e a extensão das auto-estradas e respectivos acessos veio facilitar bastante o escoamento.

S. A. – Atendendo à realidade económica actual, considera a sua empresa economicamente viável?

A. C. – Existem dificuldades, mas continuamos a ter esperança na viabilidade económica da nossa empresa, apesar da forte concorrência dos distribuidores, possuidores de fortes empresas de camionagem.Produção de sal nos últimos 20 anos em Aveiro. Clicar para ampliar.

S. A. – Qual a sua opinião sobre o futuro do salgado aveirense?

A. C. – Se encararmos o problema do salgado apenas numa perspectiva económica, não sobreviverá muitos anos, mas entendo que, por razões de ordem cultural, uma parte deve ser preservada.

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17-12-2013