PRODIGIOSA AULA DE CAMPO!
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Contra
as expectativas de uma véspera chuvosa, o dia 11 de Fevereiro raiou sob
o signo de um tempo esplêndido, aquecendo os ânimos dos visitantes da
área do Salgado de Aveiro.
Veja-se o que têm para vos
contar, em jeito de reportagem:
Finalmente o dia chegara.
Estávamos todos ansiosos por começar a viagem. Mal deu o toque para o
intervalo, precipitámo-nos como loucos para o local de encontro.
Momentos depois, vinham
chegando os nossos mestres: a professora de Ciências, toda desportiva, a
de Geografia, com ar muito fino, os professores de Educação Visual,
disponíveis e bem risonhos, a de Matemática, jovem e sempre com um
penteado perfeito, a de Português, apressada e "em cima" dos alunos.
Quanto ao professor de História, à última hora, adoeceu.
Corremos para as camionetas.
Metade da turma numa e a outra metade na outra. Sentíamo-nos impacientes
por partir. Por fim, ouviu-se o barulho dos motores. A viagem ia
iniciar-se.
Passámos pelo centro da
cidade, entrámos na Freguesia da Vera Cruz e circulámos por inúmeras
ruas. No coração da Beira-Mar, fizemos uma breve paragem, para dar
entrada ao nosso guia, João Regala.
Para recordarmos o que era esta faina
em 1993, veja-se a reportagem fotográfica.
Junto ao canal de S. Roque,
estacionámos e vimos os salineiros descalços, em passo de corrida,
mangas e calças arregaçadas, a
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descarregarem o sal dos saleiros, transportando-o em pesadas canastras
para armazéns. No seu interior, havia enormes montes brancos, tal como o
Senhor Regala nos tinha dito. Tão rápidos quanto entravam, esses
marnotos saíam ainda de rodilha à cabeça (como, anos atrás, as
salineiras se apresentavam), mantendo uma passada regular por cima do
tapete que actualmente cobre o alcatrão pedregoso, outrora terra batida.
Fizeram-se perguntas,
tiraram-se fotografias. E a viagem a continuar...
A próxima paragem foi nas
Agras do Norte, onde contemplámos uma vista panorâmica da área a
estudar: terra plana e extensa, traçada à régua pelo Homem, sem lhe
quebrar o encanto.
Mais perguntas foram feitas
e outras tantas respostas obtivemos. Entretanto, alguns curiosos
tentaram penetrar no túnel da Mina de Água que se diz romana.
Outros, para nosso espanto,
anotavam com muito cuidado as explicações que iam sendo fornecidas,
mesmo que para tanto tivessem de se deitar no chão...
De novo a rolar na estrada,
cruzámos com um camião carregadinho de sal, mas vindo da Tunísia, por
ser de fabrico mais barato, dadas as condições favoráveis do clima.
A vida da cidade já se
tornara intensa – indústrias a laborar, lojas abertas, peões em todos os
sentidos e, nos braços da "ria", praticava-se canoagem.
Quase sem contar, eis-nos na
Rotunda do Canal Central. O nó de estradas soterrara as velhas salinas.
Avançámos por baixo da larga ponte do IP5 com destino às Pirâmides, bela
paisagem escolhida pelo Senhor Regala para nos esclarecer ao vivo sobre
as etapas da exploração do sal.
Tudo estava calmo. Um
pequeno arrastão atraiu os nossos olhares. As águas muito azuis
agitaram-se, borbulhando espuma branca.
Como se ficava bem ali,
respirando a maresia, sentados em pedras junto às tramagueiras!
Mas o relógio chamava-nos. Percorremos atalhos enlameados, "navegámos"
sobre poças de água.
Última saída, na Empresa
DeIvis.
Esperava-nos um técnico
holandês, um dos responsáveis que nos explicou estarem algumas salinas,
do grupo de S. Salvador, a serem reconvertidas em viveiros de peixe como
o robalo.
Na volta, sem ter caído ninguém à água, continuávamos animados,
cantávamos, ríamos...
Chegados à escola, depressa dispersámos, pois a fome liderava a nossa
vontade.
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"O sal não é só uma
inconfundível beleza, é também inestimável riqueza." D. João
Evangelista de Lima Vidal, Aveiro - Suas Gentes, Terras e
Costumes. |
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