Mensário do 7º D

  Sal de Aveiro  ▲

Março 93

Nº 2


 

PRODIGIOSA AULA DE CAMPO!

/ pág. 2 / Contra as expectativas de uma véspera chuvosa, o dia 11 de Fevereiro raiou sob o signo de um tempo esplêndido, aquecendo os ânimos dos visitantes da área do Salgado de Aveiro.

Veja-se o que têm para vos contar, em jeito de reportagem:

Finalmente o dia chegara. Estávamos todos ansiosos por começar a viagem. Mal deu o toque para o intervalo, precipitámo-nos como loucos para o local de encontro.

Momentos depois, vinham chegando os nossos mestres: a professora de Ciências, toda desportiva, a de Geografia, com ar muito fino, os professores de Educação Visual, disponíveis e bem risonhos, a de Matemática, jovem e sempre com um penteado perfeito, a de Português, apressada e "em cima" dos alunos. Quanto ao professor de História, à última hora, adoeceu.

Corremos para as camionetas. Metade da turma numa e a outra metade na outra. Sentíamo-nos impacientes por partir. Por fim, ouviu-se o barulho dos motores. A viagem ia iniciar-se.

Passámos pelo centro da cidade, entrámos na Freguesia da Vera Cruz e circulámos por inúmeras ruas. No coração da Beira-Mar, fizemos uma breve paragem, para dar entrada ao nosso guia, João Regala.

Para recordarmos o que era esta faina em 1993, veja-se a reportagem fotográfica.

Junto ao canal de S. Roque, estacionámos e vimos os salineiros descalços, em passo de corrida, mangas e calças arregaçadas, a / pág. 3 / descarregarem o sal dos saleiros, transportando-o em pesadas canastras para armazéns. No seu interior, havia enormes montes brancos, tal como o Senhor Regala nos tinha dito. Tão rápidos quanto entravam, esses marnotos saíam ainda de rodilha à cabeça (como, anos atrás, as salineiras se apresentavam), mantendo uma passada regular por cima do tapete que actualmente cobre o alcatrão pedregoso, outrora terra batida.

Fizeram-se perguntas, tiraram-se fotografias. E a viagem a continuar...

A próxima paragem foi nas Agras do Norte, onde contemplámos uma vista panorâmica da área a estudar: terra plana e extensa, traçada à régua pelo Homem, sem lhe quebrar o encanto.

Mais perguntas foram feitas e outras tantas respostas obtivemos. Entretanto, alguns curiosos tentaram penetrar no túnel da Mina de Água que se diz romana.

Outros, para nosso espanto, anotavam com muito cuidado as explicações que iam sendo fornecidas, mesmo que para tanto tivessem de se deitar no chão...

De novo a rolar na estrada, cruzámos com um camião carregadinho de sal, mas vindo da Tunísia, por ser de fabrico mais barato, dadas as condições favoráveis do clima.

A vida da cidade já se tornara intensa – indústrias a laborar, lojas abertas, peões em todos os sentidos e, nos braços da "ria", praticava-se canoagem.

Quase sem contar, eis-nos na Rotunda do Canal Central. O nó de estradas soterrara as velhas salinas. Avançámos por baixo da larga ponte do IP5 com destino às Pirâmides, bela paisagem escolhida pelo Senhor Regala para nos esclarecer ao vivo sobre as etapas da exploração do sal.

Tudo estava calmo. Um pequeno arrastão atraiu os nossos olhares. As águas muito azuis agitaram-se, borbulhando espuma branca.

Como se ficava bem ali, respirando a maresia, sentados em pedras junto às tramagueiras!
Mas o relógio chamava-nos. Percorremos atalhos enlameados, "navegámos" sobre poças de água.

Última saída, na Empresa DeIvis.

Esperava-nos um técnico holandês, um dos responsáveis que nos explicou estarem algumas salinas, do grupo de S. Salvador, a serem reconvertidas em viveiros de peixe como o robalo.
Na volta, sem ter caído ninguém à água, continuávamos animados, cantávamos, ríamos...

Chegados à escola, depressa dispersámos, pois a fome liderava a nossa vontade.

 

"O sal não é só uma inconfundível beleza, é também inestimável riqueza." D. João Evangelista de Lima Vidal, Aveiro - Suas Gentes, Terras e Costumes.

 

 

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14-12-2013