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farol n.º 30 - mil novecentos e sessenta e oito ♦ sessenta e nove, págs. 5 e 6.

A Minha Terra

Nilton José Sousa de Pinho
(3.º ano)
 

A minha terra é uma povoação rústica, pacifica e, talvez, muito monótona, esquecida na vastidão de um planalto, não distante duma turbulenta cidade.

É uma localidade onde as pessoas se conhecem e se estimam, como se fossem todas pertencentes a uma numerosa família e também onde os estrangeiros são recebidos hospitaleiramente com saudações de boas-vindas.

Tem, entre outros edifícios, uma escola caiada com aquela cal branca que condiz com as batas brancas e a alma pura das crianças, que brincam no seu jardim e que aí aprendem as primeiras letras.

Possui também uma igreja, não menos bonita e atraente; no interior desta respira-se o ambiente sereno e acolhedor, ao mesmo tempo que se contempla a beleza da cruz, ao fundo, e as imagens laterais!

E não menos interessante é o espectáculo singelo da gente, igualmente simples, que, aos Domingos, se dirigem para a missa, respondendo à chamada insinuante que os sons agradáveis do sino fazem ouvir!

É um povoado não muito grande no qual se sente um movimento mais acentuado por altura das festas que em diversas quadras do ano se realizam. Tem também campos verdejantes, muitos dos quais fertilizados por um rio de águas mansas e cristalinas e cultivados pelas mãos hábeis e rudes dos camponeses; outros, porém, criados pela mãe-natureza inspiram calma que é quebrada pela época da caça, quando são invadidos por amadores, sôfregos deste desporto, e seus podengos.

Possui uma estrada de sólidos paralelepípedo que se une mais à frente a uma outra estrada principal por onde circulam, como não podia deixar de ser, os possantes bois e as suas simpáticas e chiosas carroças!

E, como se tudo isto não bastasse para se fazer do meu torrão natalício um sítio aprazível, goza, outrossim, de paisagens deslumbrantes, apreciáveis dos lugares mais elevados do terreno, donde se patenteia o ajuntamento de casas, e, quase no meio dos telhados vermelhos cobertos de hera, a altiva torre / 6 / da igreja que recorta o céu, sempre azul, juntamente com as árvores mais esguias e altas, ao fundo!

Este quadro pitoresco, que é deveras uma visão, ou melhor, uma cena tão enternecedora e deleitosa é capaz de dar alento a um poeta!

E há pessoas felizes na minha terra!

 

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11-06-2018