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farol n.º 18 - mil novecentos e sessenta e cinco ♦ sessenta e seis, pág. 15.

INTERVALO POÉTICO

Não!

Agostinho Vidal de Pinho


Tropeço nos degraus da Vida,
As roupas em farrapos,
As carnes rasgadas,
Tingidas de sangue,
Caminho errante...
Eis o mendigo,
Que bate à tua porta,
Que estende a mão,
Que te pede uma esmola,
Uma esmola de Amor!...
E tu respondes:
«Não! Não!»
O sol apaga-se
E a terra treme,
Afasto-me,
Deixo a teus pés
Uma poça de sangue...
Afasto-me,
A alma rastejando,
O coração partido,
E imploro, com veemência,
O teu Perdão,
 


Em busca do País da Felicidade

Jorge Abreu
 

Por entre olhares
Compõe um grito;
Por entre gritos
Aspira seu olhar;
Berra, furioso
Dos seus tédios;
Espreme almas sem fundo;
Escala céus de montanhas;
Colhe frutos desfeitos
Da Árvore de Ninguém:
Espezinha fIores;
Beija nenúfares.
Oscula sonhos
De loucura adormecida,..
– Peregrino onde vais?
– À procura da
Verdadeira vida,
Que aqui não encontrarei jamais!
 



Esses teus olhos...
 

Outrora Ião alegres, meigos e risonhos,
Espelhos de uma infância jamais olvidada,
São agora restos de uma alma apaixonada,
Sedenta de um amor vivido em sonhos.


Ontem, eram canteiros de luz na escuridão,
Iluminando os momentos duvidosos;
Hoje, são nascentes de rios caudalosos
Que caem em torrentes de ilusão,


Tristes, lacrimosos e distantes,
Fim de uma aventura já perdida,
Esses olhos, que nunca eu vira antes,
São os mais belos que vi na minha vida!

                                           CELESTE ALMEIDA

 

 

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08-06-2018