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farol n.º 17 - mil novecentos e sessenta e quatro ♦ sessenta e cinco, págs. 21 e 22.

Gutenberg,

o inventor da imprensa

João Carlos Pinheiro
(6.º ano)
 

JOÃO GUTEnBERG, também conhecido por João Jensfleich, nasceu em Mogúncia por volta de 1400. Depois da morte de seu pai e contando apenas 14 anos, dedicou-se à arte de joalheiro arte essa que não duraria muito tempo, pois logo a seguir deixou Mogúncia com rumo desconhecido.

Em 1437, o antigo joalheiro vem a aparecer em Estrasburgo na companhia de três indivíduos a quem ele se associou: Hans Riffe, André Heilmann e André Dritzchen. Os sócios intitulavam-se construtores de espelhos, mas toda a gente desconfiava de objectivos secretos que mais tarde se vieram a confirmar; com a morte de André Dritzchen, os seus irmãos pretenderam ocupar o seu lugar na sociedade mas, Gutenberg baseando-se no contracto à sociedade recusou e manteve-se com o apoio do tribunal na companhia dos outros dois sócios.

Que espelhos eram, afinal, esses que traziam inquietos os habitantes de Estrasburgo? Parece fora de dúvida que se tratava dos famosos Specula, livros de piedade, editados pela arte tipográfica nos seus começos. O decorrer do processo revelou claramente que os espelhos em questão não eram de cristal.

A razão de tamanho segredo em volta da indústria nascente, não é difícil de entender, pois o negócio afigurava-se chorudo e havia por conseguinte defender o invento. Como as primeiras obras impressas foram vendidas como sendo manuscritos e aumentando-lhe assim o valor, era de todo o interesse manter-se o sigilo à volta da imprensa que viria a baratear o livro.

A técnica de Estrasburgo revela um progresso enorme sobre o processo xilográfico ou de letras móveis madeira, utilizadas em Harlem. Este processo consistia essencialmente em dois pontos: / 22 / fundição dos tipos e impressão, não pelo processo de frotton, por pressão manual, mas por meio de prensa. É inegável que foi Gutemberg o inventor da imprensa, invento que revolucionou a arte tipográfica.

Depois de longa permanência em Estrasburgo e vendo a sociedade desfeita, Gutemberg decidiu voltar a Mogúncia, onde aperfeiçoou a prensa, descobriu uma nova liga mais resistente para a fabricação dos tipos e concebeu o audacioso projecto de imprimir uma Bíblia «in-folio»

Era preciso dinheiro. Mas logo apareceu a solução desse problema com o oferecimento de João Fausto para subsidiar a empresa, e ao mesmo tempo meter dentro da firma um amigo chamado Pedro Schoeffer, clérigo de Mogúncia, antigo aluno da Universidade de Paris, inventor de um novo processo de fundir os tipos.

E a obra começou, essa famosa Bíblia de Gutenberg, a Bíblia de 1456. Mas, não há bem que sempre dure... Um dia João Fausto, com o propósito de vir a ser o único milionário com os lucros da empresa tratou de arredar Gutenberg da famosa «Tipografia do Touro Negro» mesmo antes de acabar de sair a Bíblia, alegando que Gutenberg lhe devia 2.020 florins de ouro que lhe tinham de ser pagos integralmente.

Na impossibilidade de o fazer Gutenberg teve de entregar todo o material tipográfico e perdeu a parte dos lucros da Bíblia que lhe pertencia.

A injustiça praticada pelo tribunal fez levantar a opinião pública a favor de Gutenberg, mas há golpes que ferem profundamente e este foi um deles. A partir daí Gutenberg perdeu todo o entusiasmo pelo trabalho, embora continuando a trabalhar mas como um autómato.

Gutenberg veio a morrer em 1480 pobre mas não miserável. Com esta morte acabou o homem que foi o pai da imprensa e a quem muito devemos.

Livros consultados: Horizonte, Tratado da Imprensa

 

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08-06-2018