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farol n.º 12 - mil novecentos e sessenta e três ♦ sessenta e quatro, págs. 18 e 19.

Falando sobre...


o petróleo

Alípio Baptista
(7.º ano)
 

(Conclusão do número anterior)
 

Quando os europeus chegaram à América do Norte, já os índios conheciam o petróleo e o utilizavam para diversos e estranhos fins. No entanto desconheciam em absoluto o seu valor.

É na Europa, contudo, que se localiza a descoberta do precioso líquido, que está ligado a uma curioso história.

Um jovem inglês chamado James Young tinha a paixão das investigações científicas, que fazia por puro amadorismo. Certo dia resolveu explorar uma mina de carvão abandonada, em Afriston, Inglaterra, e ao fazer um buraco no solo reparou num líquido negro que nele aflorava. À primeira vista julgou ser água vulgar que se misturasse ao pó negro do carvão, que abundava naquela mina. Uma melhor observação permitiu-lhe verificar que este líquido diferia um pouco da água. Estranhando o facto, resolveu levar para Glasgow, onde morava, uma amostra do líquido negro que tanta confusão lhe fazia. Uma vez chegado a casa, deu-se ao trabalho de proceder a demoradas observações, tendo concluído que estava em presença de um líquido desconhecido. Entusiasmado, começou a fazer uma série de análises, tendo, passado muito tempo, conseguido extrair a parafina do líquido negro que parecia não ter valor algum.

Deste modo James Young tirou a patente da sua descoberta, tendo enriquecido rapidamente, e o seu nome tornou-se popular em todo o mundo.

A grande novidade de se obter a parafina pelo novo método chegou rapidamente ao continente americano. Aqui ligaram-se então ideias e concluiu-se que o líquido, que os
índios aplicavam para os fins mais inacreditáveis, era nem mais nem menos o petróleo,
/ 19 / que tanto furor estava a causar na Inglaterra.

Começou a estudar-se este assunto a sério e em 1854 criou-se uma companhia (Pennsylvania Rock Oil Company) que tinha a finalidade de explorar o petróleo americano. Esta companhia cometeu, porém, um grave erro, pois procurou só as aflorações superficiais do petróleo à semelhança do que faziam os índios e, assim, pouco conseguiu. À beira da falência, teve de desistir dos seus intentos.

Surgiu, então, um velho coronel, Drake, que tinha ideias revolucionárias sobre o assunto. Pretendia usar uma broca que perfurasse o solo até encontrar um manto de petróleo, do qual, segundo a sua opinião, deveria jorrar abundantemente.

Ninguém lhe deu ouvidos e o pobre coronel resolveu deitar mãos à obra, servindo-se dos seus magros proventos.

Conseguiu construir uma broca e com meia dúzia de dedicados operários, que trabalhavam «por amor à arte», iniciou os trabalhos.

As primeiras tentativas foram desanimadoras, pois a poucos metros encontraram um manto de água lamacenta que cobria tudo. Com muito trabalho conseguiram vencer este obstáculo, para logo outro se lhes deparar: por baixo da água surgiu um rocha que resistia a todas as investidas da broca, que ameaçava partir-se a todo o momento.

Mas o trabalho tudo vence e assim Drake e os seus fieis companheiros, no dia 27 de Agosto de 1859, tiveram a alegria de sentir que a rocha cedia e, passados momentos, um enorme ruído subterrâneo anunciou a chegada do petróleo que num jacto irresistível subiu ao céu, arrastando consigo a broca e todo o material que rodeava o furo, onde eles, sem desfalecimento, tinham trabalhado durante anos.

Estava consumada uma das maiores descobertas de todos os tempos. Uma nova era se abria à Humanidade.

Drake, no entanto, morreu pobre, pois, sem dinheiro para adquirir todo o material necessário à exploração da nova riqueza, pelos métodos por ele criados, teve de recorrer a empréstimos sucessivos que o arruinaram e fizeram a fortuna dos agiotas, que lhe emprestavam o capital e lhe confiscavam os poços de petróleo por falta de pagamento.

 

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08-06-2018