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farol n.º 2 - mil novecentos e cinquenta e sete ♦ cinquenta e oito, pág. 24

Medo

Domingos Manuel

(6.º Ano)

No céu corre uma estrela,
vertiginosamente...
mas pára de repente!
Se há lá tantas estrelas
belas
daquelas que não correm,
porque correu aquela
vertiginosamente?
A Lua é fogo baço
quando cheia.
E há nuvens no espaço
trovejante:
voam desbaratadas
pelos choques brutais
e a noite existe sempre,
indefinidamente,
e não acaba mais.
Fugi, fugi da noite,
fuja ela de mim
essa noite sem fim...
É tal como a loucura:
nela corre uma estrela,
vertiginosamente
por entre a noite escura
e pára de repente!...
E há as que não correm
e um grande e baço fogo
e as nuvens que trovejam!
Como um jogo,
a noite é desventura...
...................................
Tende um horror, tremendo,
da loucura.

 

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04-06-2018