A
ORIGEM DAS ORIGENS
Sem fazermos uma pesquisa exaustiva sobre a
origem e a história destas terras, iremos apresentar alguns
achados curiosos que encontrámos sobre Vagos, terra mãe, que
deu depois origem a todas as que nasceram à sua volta, tais
como a freguesia de Santo António e seus lugares, não
rejeitando a hipótese de algum destes lugares poder ser,
apesar de tudo, mais antigo do que Vagos.
Apenas no Dicionário Chorografhico de Portugal Continental e
Insular editado em 1943 são citados, como lugares pertencentes
à vila de Vagos, os nomes de Cargo do Seixo, Lameiro do Mar,
Lameiro da Serra, Qyintã e Lomba, todos eles fazendo hoje
parte integrante da freguesia de Santo António. Curioso é
encontrar, nos registos de nascimento, até ao ano de1890, a
Lomba designada, por "Lombotravesso".
Dos três livros que consultámos, editados em datas bem
diferentes, 1877, 1882 e 1943, apenas transcrevemos alguns
excertos, dado que em certas referências eles são
coincidentes, como aliás seria de prever, visto terem bebido
nas mesmas fontes e falarem dos mesmos assuntos, sendo apenas,
opiniões pessoais, ou alguma pesquisa mais aprofundada que os
fazem divergir.
Começamos por "O Districto de Aveiro", editado em Coimbra pela
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Imprensa da Universidade, em 1877, cujo autor é Marques Gomes.
Ali encontrámos nas páginas 306, 307 e 308 uma curta
referência a Vagos cuja transcrição iremos apresentar, na
íntegra, e com ortografia original, por nos parecer
interessante.
Vagos
Freguezia de 170 fogos e 423 habitantes. Está situada 1
kilometro a E. d'um grande areal da parte sul da ria de
Aveiro, e dista da capital do districto 12 kilómetros para SSO.
Orago, S. Thiago. Prior, o sr. João de Miranda Ascenso.
É villa e cabeça de concelho do mesmo nome. Era dos condes de
Aveiras. Até 1853 pertenceu ao concelho de Sousa. Tinha juiz
ordinário, vereadores, dois tabeliães do judicial e notas, e
uma companhia de ordenanças.
Nossa Senhora de Vagos
É tradição que, naufragando junto à Vagueira um navio francez,
o capitão apenas podéra salvar uma imagem de Nossa Senhora que
trazia a bordo, e que escondeu n'uma mata que distava uma
légua do mar. Partiu então para a villa de Esgueira, terra que
lhe ficava mais proxima, onde deu parte do succedido ao
parocho. Voltando ambos com outra muita gente á mata, não
encontraram a
imagem. Estando D. Sancho I em Vizeu, lhe appareceu em sonhos
a Virgem, mandando que lhe edificasse casa no sitio onde se
escondia. O monarcha mandou logo levantar uma sumptuosa
ermida, e perto della uma torre para reparo e defesa dos que a
visitassem. Em 1700 inda existiam as 4 paredes da torre,
com 60 palmos de altura ao defóra da areia, e mostrando pelo
fosso que fazia dentro terem enterrado outro tanto. Hoje ainda
restam 2, com 20 a 25 palmos de alto. Para conservação e
fabrica da ermida applicou el-rei muitas rendas. Pouco depois
Estêvão Coelho,fidalgo da serra da Estrella, vendo-se por
milagre da Senhora curado da lepra, lhe doou todas as rendas
que possuía no logar de Sandomi_ e que comprára no termo da
villa de Vagos. Em 1202 D. Fernando João doou áquella egreja
as terras do couto de S. Romão. Nesse mesmo anno D. Sancho I
doou o sanctuário com todas as suas rendas ao mosteiro de
Grijó, que até 1834 as recebeu. O prior do mosteiro punha
neste sanctuario um religioso da sua casa com um benificiado,
incumbidos do culto da virgem. Muitos annos depois da sua
fundação se mudou a ermida para meio quarto de legua distante
da antiga, que as areias ameaçavam sepultar, e de que já em
1712 não havia
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vestigios. Os condes de Cantanhede, e os senhores de Villa
Verde, mandaram construir casas juncto á capella, para fazerem
novena. A capella tem 65 palmos de comprido e vinte de largo.
A imagem é de pedra, com 5, 1/5 palmos de altura.
Antigamente as freguezias de Souza, Mamarrosa, Covão do Lobo,
Mira, Covaes, Oliveira do Bairro, Trovisca_ S. Lourenço do
Bairro, Villarinho do Bairro, Oyã, Sangalhos, Avelãs de Cima e
Danços a visitavam processionalmente com sua cruz e parocho.
Inda hoje por esta fórma a visitam, na la oitava do Espirito
Santo, os povos de Cantanhede, em cumprimento de antiquissimo
voto. O dia da sua festividade e romaria é o de Nossa Senhora
da Conceição.
S. Romão
A aldêa de S. Romão foi couto, e sé de d'uma egreja parochial.
Já existia nos começos da monarchia. D. Sancho I doou-o a D.
João Fernandes. D. Fernando João, filho deste, o doou ao
sanctuario da Senhora de Vagos, em 1202. Passou depois com
esta ermida para o asceteiro de Grijó.
Pontes e estradas
De Aveiro a Vagos. – Tem de extensão 10:090, m5. Principiou a
construir-se em 12 de junho de 1867, e concluiu-se em 31 de
dezembro de 1873.
Ponte de Vagos. – É na estrada districtal n.º 34. A sua
construção começou em 2 de janeiro de 1872, e terminou em 28
de agosto de 1873.
Marquezes de Vagos
D. Maria José da Silva Tello de Menezes Côrte Real foi
agraciada com o titulo
de marqueza de Vagos em 17 de dezembro de 1835. José Tello
da Silva e Menezes Côrte Real foi agraciado com o mesmo título
em 28 de dezembro de 1863.
Também no Antigo e Moderno Dicionário (volume X), cujo autor é
Augusto Soares de Azevedo Barbosa de Pinho Leal, datado de
1882, da página 28 à 35, podemos ler:
Vagos Villa, Douro, cabeça do concelho do seu nome, comarca,
districto administrativo, bispado e 11 Kilometros ao S. O. d'Aveiro, 1 a E. do vasto areal que está ao S. da ria d'Aveiro,
72 ao S. do Porto, 42 ao NO. de Coimbra, 40 ao O. de Oliveira
de Azeméis, 45 ao S. da Feira, e a E. do mar, 6 ao S. d'Ílhavo,
2 a O. N O. de Sousa, 18 ao N. de Mira, 245 ao N. de Lisboa.
1:200 fogos. Em 1768, tinha 245.
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