Prólogo
O INSTINTO gregário do Ser Humano
levou-o desde os tempos mais remotos pelos factores mais
díspares, a juntar-se em comunidades distintas, consoante a
época, o local e muitas outras causas de vária ordem.
A nossa sociedade, tal qual uma árvore,
necessita de ter raízes fortes, não podendo prescindir delas
para se manter erecta e se apresentar pujante de vida, com
bons frutos. O Homem tem absoluta necessidade de conhecer o
historial daqueles de quem descende para se sentir alguém no
meio da multidão, ter a sua identidade, a sua vida própria, o
seu lugar único numa sociedade que é de todos, e de cada um, e
onde todos devem estar empenhados.
Saber de onde viemos dá-nos
personalidade e segurança. Conhecer a evolução que teve, ao
longo dos anos, a comunidade onde a nossa vida se desenvolve,
estimula-nos a podermos fazer a escolha do caminho que
pretendemos seguir e a recolher experiências dos que nos
precederam, de modo a usufruir delas no presente, com vista a
melhorar o futuro.
É nosso objectivo falar de Santo
António, lembrar um pouco da sua edificante história de vida,
dos seus feitos miraculosos e da devoção que lhe têm tantos
milhões de pessoas por esse mundo além, desde que ele se
começou a manifestar como intercessor poderoso junto de Deus:
Santo António, um Santo Português que pelo seu exemplo de vida
se tornou universal. Esse Homem
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sabedor, que se dedicou a estudar e a ajudar todos os que dele
necessitavam, abdicando dos bens terrenos e dos títulos de
nobreza, é um belo exemplo para todos nós que, obcecados num
mundo de consumismo, dedicamos pouco do nosso tempo a assuntos
bem mais importantes que o Ter: os assuntos do espírito que
nos reportam ao Ser.
Foi esse grande Português que os
habitantes da freguesia de Santo António de Vagos elegeram
como protector e Padroeiro, desde longa data. Não obstante
noutros tempos ter sido aqui festejado S. Tomé, cuja imagem
ainda existe na igreja local (sendo antes a festa em sua honra
a 25 de Julho), Santo António foi desde sempre o Santo de
maior devoção deste povo. A última festa a S. Tomé teve lugar
no ano de 1967. Num processo de evolução natural, foi decidido
pelo povo que Santo António passaria a ser seu Padroeiro
oficial e festejá-lo-iam, em lugar de S. Tomé, no
fim-de-semana mais próximo do dia 13 de Junho. Também foi
acordado dar o nome de Santo António à paróquia então já
existente e à futura freguesia.
Evocando marcos remotos da história da
freguesia de Santo António e seu Padroeiro, apresentamos dados
que compilámos com prazer e dos quais deixamos registo para
conhecimento dos presentes e vindouros.
No quadro a preto e branco da memória
colectiva de um povo, estes dados serão umas simples
pinceladas de cor contra o rodar inexorável do tempo que, de
outra forma, insistiria em dispersá-la e esbatê-la,
extinguindo-a a pouco e pouco.
A experiência mostra-nos que a vida,
olhada à distância, tem outro colorido e dá a quem se detiver
a ponderar um valor real dos esforços dispendidos, dos
obstáculos vencidos e de quanto o Homem é e será sempre capaz
de nos surpreender com a sua força criativa e inovadora.
Aida Viegas |