Aida Viegas, O Tempo das Delícias (poesia), Cucujães, 1999, p. 30.

Dia d'Esperança

Quando o tédio te invadir a alma
E o mundo quiser roubar-te a calma
Esconder Sol e Lua sem piedade
Perturbar-te na busca da verdade;
Não procures na droga o teu refúgio,
Não te enterres na areia como o búzio,
Não afogues no álcool tuas mágoas;
Não fumes cigarro após cigarro,
Não tentes evadir-te noutro “charro”!

Pega num bom livro e, num momento,
Sentirás vaguear teu pensamento
Nos voos mais ousados do autor
Por caminhos de sonhos e miragens
Vai encarnando estranhos personagens
Vai vogando nos ventos do amor
No belo ou na rudeza das paisagens
Na aventura, na ficção, na tormenta;

E deixa-te seguir, não corres perigo
Acolhe a doce chama que te alenta
Pois tens por companheiro um bom amigo!
E verás que ao fim de certo tempo
Dessa pausa activa que encetaste
Te ressurgem da alma novas forças
Ideias de esperança à mente te afloram.

Se resolução logo não achaste
P’ra todos os problemas desse dia,
Tua mente divagou, se distraiu
E após uma pausa, logo viu,
Que bom o devaneio controlado
Do qual voltamos, quando nos apraz
Reconfortados e com nova esperança;
E por novos caminhos de mudança,
Em tua vida irá crescendo a Paz.

28 de Janeiro de 1997
porque a vida não é uma droga


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