Henrique J. C. de Oliveira, Por terras de Arouca. Quatro antigas oficinas oleícolas, In: Separata da revista "Estudos Aveirenses", n.º 2, ISCIA, Aveiro, 1994.

 

<<<

 

Figura 10: Pormenor da sertã e dos potes do lagar de Canelas de Baixo, no concelho de Arouca.

 

Observando a figura 8, poderemos ver que a zona de prensagem se situa no topo oposto à entrada do lagar, ao lado da caldeira que, como também já vimos, se encontra a um canto. O sistema de prensagem, que passaremos a analisar em pormenor, é constituído por três partes: a prensa de vara, a zona de empilhamento das seiras e os recipientes para recolha do óleo libertado pela prensagem.

A prensa de vara não é mais do que um enorme tronco de árvore, que funciona segundo o princípio de uma alavanca inter-resistente. No lado mais delgado, a vara encaixa na parede, numa cavidade rectangular formada por dois grandes blocos verticais de pedra, as virgens, por cima das quais costumam colocar, neste lagar pelo menos, vários tacos  de  madeira,  que irão servir para a prensagem.  Vejam-se, a título exemplificativo, as figuras 10 e 11. O eixo da vara é constituído por uma agulha de ferro, solidamente firme nas virgens. O extremo oposto da vara é de grande grossura, correspondendo à zona de onde saíam as raízes. Designada pelo nome de cabeça da vara, aí funciona o enorme fuso de madeira com o respectivo peso, permitindo aumentar a pressão da prensa. Aproximadamente ao meio, separando a zona de empilhamento das seiras da zona de recolha do óleo, duas vigas verticais de madeira, designadas por balaústes, amparam a vara, impedindo-a de derivar para os lados. O fuso da vara, tal como se pode observar nas figuras 9 e 10, é um parafuso de madeira accionado manualmente por meio de uma alavanca, a chamada panca.  


Página anterior    Página inicial    Página seguinte