Com a abertura do
novo espaço comercial – "Fórum Aveiro" – a Rua do Batalhão de Caçadores 10
passou a ser desvio obrigatório. Sendo um dos principais acessos ao
centro da cidade, para quem vem de Ílhavo, S. Bernardo ou Aradas,
tornou-se uma autêntica rua citadina.
O Infante D. Pedro,
no início do séc. XV, mandou cercar Aveiro de muralhas, imprimindo à
então vila um novo carácter, ao provê-la de uma estrutura grandiosa e
dignificante, que a demarcava da restante região. Foram feitas oito
portas de acesso ao centro urbano e uma delas, a do Sol, ficava no
início da medieva Rua da Corredoura. Era esta a antiga designação
toponímica da actual Rua do Batalhão de Caçadores 10, por circundar a
vila fora das muralhas. Estabelecia a rápida e directa ligação da zona
baixa da vila à grande linha de defesa.
Na entrada sul da
rua ficava o convento dominicano, construído a partir de 1423. Ao longo
de vários anos, a igreja pertencente a esse convento – Igreja de S.
Domingos – teve
diferentes designações, conforme o seu titular: Nossa
Senhora do Pranto ou da Piedade e, mais tarde, Nossa Senhora da
Misericórdia. Em 1835, devido à extinção das ordens religiosas e em
honra de D. Maria II, a igreja foi transformada em paróquia, com o nome
de Nossa Senhora da Glória – igreja matriz da freguesia com o mesmo
nome. No convento, entretanto convertido em quartel, funcionou o
Regimento de Infantaria 10. A acentuada degradação que sofreu ao longo
dos anos foi agravada por vários incêndios, entre os quais o de 1843,
que atingiu grande parte do conjunto conventual. Pouco mais restou que a
igreja! Com um vasto e valioso espólio, o mais antigo convento da cidade
é, desde 1938, a famosa Sé de Aveiro.
Do lado direito do
templo encontra-se, desde 25 de Maio de 1957, a Livraria Santa Joana,
pertencente à Diocese de Aveiro. Tem uma grande variedade de livros – de
carácter religioso, literário, artístico, escolar – e de alfaias e
artigos religiosos. No primeiro andar do edifício fica a sede do jornal
“Correio do Vouga".
Entre a Sé e o
cemitério existia um campo de futebol – o campo de S. Domingos –
pertença do senhor Lé, onde os soldados de Infantaria faziam exercícios.
Posteriormente, foi urbanizado.
Em meados deste
século (do século XX), quem percorresse a Rua do Batalhão de Caçadores 10 em direcção à
Praça de Humberto Delgado, deparava com um cenário pouco animador. Era
uma rua morta, sem movimento e bastante escura! O cemitério, que é o
primeiro de Aveiro, resultante das leis de saúde e higiene públicas de
Costa Cabral, tinha a entrada pela rua. Tudo lhe conferia, assim, um
aspecto bastante soturno.
Ao longo dos anos, o
comércio, que se limitava à existência de três tabernas, foi crescendo
com a abertura de algumas oficinas e lojas.
Na entrada norte da
Rua do Batalhão de Caçadores 10, próximo da "Ponte-Praça", havia uma
casa de ferragens pertencente ao Sr. Ricardo Mendes da Costa.
Do lado direito
ficam as casas mortuárias, que ocuparam as antigas instalações do
hospital seiscentista da Misericórdia de Aveiro. Um pouco mais acima, do
lado esquerdo, ficava a oficina de reparação de automóveis do Sr. Manuel
dos Santos Gamelas.
A casa de ferragens
e sanitários do Sr. Américo de Sousa Pinheiro, desalojado da antiga Rua
dos Tavares, está nesta rua há cerca de 34 anos.
Junto ao cemitério,
desde há 33 anos, o "Canteiro Florido” oferece uma diversidade colorida
de plantas e flores.
A realização de
melhores acessos circundantes a esta zona tornou a rua mais agradável.
Passou a haver paragem de autocarros e abriram novos e modernos
estabelecimentos comerciais. A rua ficou mais modernizada, mais
concorrida.
Hoje... alguns problemas
A Rua do Batalhão
de Caçadores 10 teve um crescente desenvolvimento, nos últimos anos. É uma
das artérias de maior fluxo de circulação rodoviária, dentro da cidade.
Durante os meses em
que a rua esteve encerrada ao trânsito, para as obras do "Fórum Aveiro",
o Comércio foi bastante prejudicado mas, de acordo com várias opiniões,
valeu a pena! Comerciantes e moradores sentem, agora, os benefícios da
abertura do novo espaço comercial. Trouxe mais vida à rua! A entrada
para o "Fórum” e o "Pingo Doce”, existentes na Rua do Batalhão
de Caçadores
10 são grande foco de concentração de pessoas na zona.
Alguns lamentam, no
entanto, não poderem continuar a desfrutar da maravilhosa paisagem a que
estavam habituados: a Ria com as suas encantadoras gaivotas. Um cenário
de sonho, sem dúvida!
Os problemas
unanimemente apontados são a ausência de passadeiras para peões e a
deficiente iluminação da rua.
Animem-se os
transeuntes, pois este ano vai haver iluminação de Natal.
Sabia que...
Na
década de 1970, foi proposto à Câmara Municipal de Aveiro a construção
de um edifício de 32 andares (com restaurantes e muitas lojas), no
parque do Côjo. Nessa altura, o presidente da Câmara em funções − Artur
Alves Moreira − mandou fazer os acessos circundantes à zona. Já durante
a vigência da Câmara eleita, no mandato de 1979/83, foi ali lançada, com
pompa e circunstância, a primeira pedra da torre. Mas o projecto nunca
chegou a ser concretizado. Falta de capital? Pressões exercidas por
qualificados aveirenses que eram contra a construção de uma «torre» no
centro da cidade? Alerta constante dos defensores da preservação das
muralhas e locais históricos da cidade? Talvez por tudo isto. |