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Meus caros amigos:
Eis-nos de volta e com as melhores
impressões.
Marchando bem, ar satisfeito de quem
cumpriu, belamente dispostos, não denunciando a menor fadiga, como
vistes, assim regressaram aos seus quarteis nesta cidade os dois
batalhões do 24, que, na tarde de 16, tinham saído para a escola de
repetição.
Como a Liberdade noticiou, o itenerario
percorrido foi de 7 dias com as etapes de Vagos e Sôsa, Mamarrosa,
Andia, Agueda, Albergaria-a-Velha, Estarreja e Aveiro, o que vem a
dar, reduzindo a marchas de estrada, um pouco menos de 111
kilometros.
Para licenciados e milicianos não era de exigir mais.
Em Sôsa, Mamarrosa, Anadia, Agueda, Albergaria e Estarreja as tropas
bivacaram ou acantonaram conforme as condições e recursos locaes,
tendo feito regularmente tanto nas marchas, como nos
estacionamentos, todos os exercicios de preparação, desde os da
escola de recruta, a principiar no passo e manejo de arma, até aos
de campo e combate, subordinados, estes, a situações definidas e
concretas deduzidas de determinadas hipoteses taticas.
A concentração dos 3 batalhões do regimento fez-se em Agueda com uns
700 homens de fileira e 29 oficiais, incluindo um alferes miliciano
e dois alferes medicos, tambem milicianos, dos quais, um, vindo com
o 3.º batalhão de Ovar, 8 viaturas, 20 muares de tiro e 14 cavalos,
sob o comando do sr. coronel do estado maior Antonio Maria de Matos
Cordeiro que assim satisfez a primeira das 3 escolas de repetição
que, para o efeito da sua promoção ao generalato, lhe são impostas.
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O regimento teve por toda a parte o
melhor acolhimento ao que, aliás, ele soube corresponder,
comportando-se sempre, sem distinção de logares nem de pessoas, com
toda a correção e brio.
E isso mesmo reconheceu o sr. coronel
Matos Cordeiro quando em ordem regimental, na entrega do Comando do
Corpo, fez publicar – que a semana de exercicios decorrera por
tal forma serena no que respeita ao procedimento das praças, cuja
correção fôra notavel, que nem uma insignificante punição havia a
registar, e, verbalmente, ao despedir-se, o repetiu ao sr.
coronel Julio Feijó e a toda a corporação.
E' consolador isto
Do diario dum dos oficiais transcrevo as
seguintes interessantes notas.
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Dia 16 – Reunidos os dois
batalhões do regimento que teem os seus quarteis em Aveiro, um em
Sá, com cavalaria n.º 8, e o outro no edificio dos Asilos, seguimos
em direção a Sôsa por Verdemilho, Arribas e Vagos. Em todas estas
povoações é a tropa saudada festivamente, vindo muita gente ás
estradas a ver-nos desfilar e descobrindo-se á passagem da bandeira.
Alguns viriam por causa da musica.
Entardecia ao entrarmos em Sôsa, mas
ainda com luz bastante para se proceder á instalação local. Embora
não excedesse a 12 kilometros esta primeira etape, certo é que
saíramos d'Aveiro pelas 16 horas e tivemos ainda uma grande alta de
50 minutos, por sinal nos belos campos, proximo da Lagoa.
Em Sôsa somos recebidos com aclamações
patrioticas, bandeiras, muitos foguetes, grande animação,
cumprimentos de pessoas amigas.
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Bivacamos junto ao cemiterio e,
francamente, nem só os que ali baixaram tem descanso. Pela minha
parte, confesso-o, dormi como um abade do antigo regimen.
Dia 17 – Toca á alvorada. Tudo se
movimenta. Lava-se cada um conforme pode. Agua felizmente não falta.
Alguns entornam-na em jacto pela cabeça. E' o banho. Segue-se a
distribuição do café que está otimo, sobre tudo quente.
Domicilios eram as tendas abrigos
agarradas ao chão.
Tomado o café dispersam as companhias
para os exercicios.
E' bonita a paisagem. Encostas
verdejando, pinhais; em baixo o braço da ria com a sua ponte de
madeira, a casaria de Vagos do outro lado, lá em cima.
As companhias estabelecem-se em postos
avançados para a pratica do serviço de segurança em estação, – o
dorme que eu velo – dos estacionamentos em campanha.
No entretanto as casinhas fumegam. Não
duas horas de exercicio. Toca ao rancho; as companhias recolhem.
Almoça-se e levanta-se o bivaque.
A secção de quarteis já lá vae. Esta
segunda etape em que deviamos atingir Anadia, fazendo-se uns 26
kilometros, fica reduzida aproximadamente a metade por conveniencia
dos serviços de instrucção e da regularisação dos itenerarios dos
batalhões com séde em Aveiro e Ovar, por forma a dar-se a
concentração de todo o regimento em Agueda.
Ao respectivo toque, a banda de musica
rompe entre aclamações do povo e a coluna segue ao seu destino.
Continuam as manifestações á passagem do
Boco. Na altura de Bustos o sol requeima, começam a acastelar-se
nuvens de trovoadas. Vamos ter trabusana rija.
– Vá rapazes! toca a aviar. Num estante
o ceu fecha-se, que é como quem diz – vai abrir.
Dera-se um descanço para as praças encherem os cantis numa fonte que
encontramos no caminho, a unica, mas de cantis cheios a deitar por
fora iamos nós fazer não tardaria muito.
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