NÃO
é raro um condutor ser advertido, pela sua consciência, de que o seu fim será em determinada prova. A ideia de
que a próxima corrida será a da morte foi fatal para muitos. Que
estará por detrás de acontecimentos tão estranhos? Bruxaria? Não! É uma resposta demasiado fácil e infantil para explicar tão
intrincado problema.
Supõe-te condutor de um «Fórmula
I» e imagina-te no decurso de um
«Grande Prémio». Um dos teus colegas de equipa segue à tua frente.
De repente, salta-lhe uma roda e o «bólide» capota. Lembrar-te-ias,
então, que corrias num veiculo precisamente igual ao do teu colega e
que poderias vir a ser vítima do mesmo erro cometido pelo homem que
desenhara aquele modelo, ou do que o tinha montado. Necessitarias de
uma coragem enorme para prosseguires a prova e terias de afastar
esse pensamento funesto, ou não conseguirias ter a confiança
necessária a todos os pilotos. E sem auto-confiança nenhum condutor
se deve sentar ao votante. Se ele cogitar demasiado na morte, ela
acabará por vir ao seu encontro.
O comendador Enzo Ferrari afirmou que a maioria dos
acidentes são
ocasionados mais pelo estado de espírito do protagonista, do que por
qualquer deficiência técnica ou mecânica das viaturas.
Os pilotos são muito
supersticiosos!
António Ascari teve um acidente quatro dias antes da corrida
onde pereceu vitima de um outro desastre. O filho, Alberto Ascari,
recusou competir em todos os dias 26, já que o pai tinha morrido
num dia 26 de Maio de 1925, salvo erro. Foi convidado pela Ferrari
para experimentar um novo modelo, exactamente em Maio de I955 e
no dia 26. Tinha então 36 anos, a mesma idade com que o pai morrera.
Mais ainda, tinha tido um acidente 4 dias antes, do qual saiu
incólume. Mas além destas coincidências todas, Alberto, ao chegar a
Monza, verificou que se havia esquecido da sua blusa azul e do capacete de protecção, acessórios que considerava portadores de
boa sorte. E foi muito contrariado que pediu emprestado o capacete
de
Castellotti e saiu para o ensaio. Morreu! Causas? − Não se sabe!
Lembras-te de Donald Campbell, detentor de vários recordes de
velocidade sobre a água?
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Com ele sucedeu um caso
que tem tanto de curioso como de trágico!
Estava-se na véspera do dia em que se iria efectuar mais uma
tentativa de recorde e Campbell fazia paciências com cartas. Ao voltar uma delas deparou-se-lhe o
ás de espadas (símbolo da morte) e
ele estremeceu. A carta seguinte foi a dama do mesmo naipe. Segundo
a história, foi este par que saiu à Rainha Maria Stuart e que ela
interpretou como sendo o aproximar da morte. Esta coincidência
acentuou desmesuradamente a sua tensão mental e no dia seguinte
morreu no lago Caunistou.
No meio automobilístico também há qualquer coisa
acerca dos gatos:
se durante uma competição um destes animais, de cor preta,
atravessar a pista à frente do carro, da direita para a esquerda,
deve-se esperar uma partida desagradável do destino; porém, se ao
contrário, o gato preto a atravessar da esquerda para a direita os augúrios
devem ser benéficos. Que culpa ou, melhor, que influência
terão uns bichinhos tão simpáticos na ocorrência de um desastre de
automóvel?
Tudo isto se deve resumir a uma questão de crenças.
É absolutamente necessário que tenhamos confiança em nós próprios. Se
surgir alguma coisa que abale a nossa auto-confiança, devemos abandonar o campo em que lutamos, pois o contrário poderá resultar trágico.
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