N. J.
(4.º ano)
ROUBEI...
Roubei... Tenho que fugir!...
− Oiço passos atrás de mim!... Tenho que fugir!...
Preciso de correr muito!... Apanhar-me-ão!...
Não pode ser! Tenho que correr... fugir!...
Atormentado pela consciência que o fustigava, aquele jovem
inexperiente, desgraçado, pretendia escapar. Mas de quem, se ninguém
o seguia àquela hora da noite?... Continuava temeroso, assustado, ao
entrar na rua estreita, sombria e misteriosa...
Tinha medo da escuridão. Ou talvez não. Não sabia bem...
Escuta passos novamente e, apavorado, em pânico, permanece imóvel
atrás dum carro. Talvez fossem os dalgum ébrio que, mísero como
ele, a cada passo tem medo de tropeçar e cair... Mas não eram. Não
era ninguém. E, sempre fugindo da própria sombra, introduz-se na rua sem saída. Quando verifica, atónito, o seu
descuido, o sangue gela-se-lhe, no corpo fraco. − Uma armadilha!... Estou perdido!... Apanhar-me-ão I Porque roubei?.. Contarei
tudo.
Mas, novamente, o medo apodera-se dele e empreende uma corrida
rápida, de louco... Nota, porém, exausto, que ninguém o
encurralava... Ninguém, sim... Apenas a consciência lhe prendia a alma. Torturado, procurava libertar-se dos seus braços sem,
contudo, o conseguir. − Sou um desgraçado... Porquê esses malditos
passos?... Porque roubei? Sou um miserável, nunca mais terei
paz! Contarei tudo. Não quero ser ladrão!... Não quero que
ninguém me aponte a dedo!... Sim, estou resolvido!... Contarei
tudo. Ou não. Não sei...
E, dominado por um mar de pensamentos, aquele jovem, desamparado
pelo destino, sem saber o que fazer, irresoluto, continuava a fugir
daqueles passos... Fugia de ninguém. Tinha roubado. |