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farol n.º 26 - mil novecentos e sessenta e seis ♦ sessenta e sete, págs. 8 e 9.

A Índia Portuguesa

no pensamento e no coração da nossa Juventude

POR iniciativa da Delegação Distrital da M. P. de Aveiro comemorou-se o Dia de Goa.

Pelas 12,30 horas procedeu-se à concentração dos filiados e estudantes junto ao Padrão da M. P.. Aqui foram hasteadas a meia abriça as bandeiras Nacional e da M. P. e depostas flores.

Em seguida foi proferida uma breve alocução à Juventude pelo graduado, aluno deste liceu, Eufrázio Filipe, que disse:

«Ao ter conhecimento desta manifestação patriótica, não quis, como um representante da juventude a que pertenço, deixar de proferir algumas breves palavras sobre a monstruosa injustiça que foi a violação da Índia Portuguesa.

Foi em 18 de Dezembro de 1961 que a União Indiana assaltou Goa, Damão e Diu, verificando-se mais uma vez que o mundo, em que os valores morais se degradam, voltou a pertencer à tirania dos poderosos. Goa foi uma perda irreparável para o Mundo Português, pois era a expressão viva do diálogo português pelo mundo.

Portugal seria pouco mais do que uma zona confundida na Península Ibérica, se não fosse ter na história da Humanidade a gloriosa credencial da Expansão que teve por culminância a Índia.

Por sua vez Goa não teria passado dum lugarejo indiano, se o mundo oriental lhe não devesse o grande serviço de ter sido a Metrópole ocidental do Oriente.

Portugal e Goa interpenetram-se mutuamente. Portugal, ao longo de quatro séculos e meio, imprimiu aos povos e aos territórios de Goa, Damão e Diu a sua inconfundível e própria personalidade que, estou certo, saberão preservar como a mais expressiva riqueza do seu definitivo sentido de vida, Ninguém pode imaginar o que a Nação sofreu e sofre, com a injusta usurpação de Goa. Resta-nos a esperança que o mundo dá muita volta, e, sabendo-se como se sabe que não foram os goeses que expulsaram os portugueses, tão seus há tanto tempo, nem foram os portuguees que abandonaram os goeses, por não poderem sentimentalmente amputar-se de si próprios, é inevitável que Goa, Damão e Diu hão-de continuar a compreender Portugal, para continuarem a compreender-se a si próprios.
/ 9 / Vou agora terminar, pois, por mais que se fale da nossa Índia e por muito que se diga da nossa Goa, será sempre muito mais o que ficará por dizer.

Que a Juventude do presente e do futuro saiba honrar a glória do nosso Passado.»

Em seguida o Delegado Distrital da M. P., sr. Dr. Fernando Marques, historiou os seis anos do cativeiro da Goa Portuguesa.

À tarde, no nosso Liceu, o sr. professor Dr. José Marinho fez uma palestra subordinada ao tema: «A Projecção de Goa no Mundo», que, noutro lugar, reproduzimos com o devido relevo.

Da Redacção

 

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09-06-2018