João Carlos Pinheiro
(6.º ano)
JOÃO GUTEnBERG,
também conhecido por João Jensfleich, nasceu em Mogúncia por volta de 1400. Depois da
morte de seu pai e contando apenas 14 anos, dedicou-se à arte de
joalheiro arte essa que não duraria muito tempo,
pois logo a seguir deixou Mogúncia com rumo desconhecido.
Em 1437, o antigo joalheiro vem a aparecer em Estrasburgo
na companhia de três indivíduos a quem ele se associou: Hans
Riffe, André Heilmann e André Dritzchen. Os sócios intitulavam-se construtores de espelhos, mas toda a gente desconfiava
de objectivos secretos que mais tarde se vieram a confirmar;
com a morte de André Dritzchen, os seus irmãos pretenderam
ocupar o seu lugar na sociedade mas, Gutenberg baseando-se no
contracto à sociedade recusou e manteve-se com o apoio do tribunal
na companhia dos outros dois sócios.
Que espelhos eram, afinal, esses que traziam inquietos os
habitantes de Estrasburgo? Parece fora de dúvida que se tratava dos
famosos Specula, livros de piedade, editados pela arte
tipográfica nos seus começos. O decorrer do processo revelou
claramente que os espelhos em questão não eram de cristal.
A razão de tamanho segredo em volta da indústria
nascente, não é difícil de entender, pois o negócio afigurava-se
chorudo e havia por conseguinte defender o invento. Como as primeiras obras impressas foram vendidas como sendo manuscritos e
aumentando-lhe assim o valor, era de todo o interesse manter-se o sigilo à volta da imprensa que viria a baratear o livro.
A técnica de Estrasburgo revela um progresso enorme sobre
o processo xilográfico ou de letras móveis madeira, utilizadas em
Harlem. Este processo consistia essencialmente em dois pontos:
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fundição dos tipos e impressão, não pelo processo de frotton, por
pressão manual, mas por meio de prensa. É inegável que foi
Gutemberg o inventor da imprensa, invento que revolucionou a
arte tipográfica.
Depois de longa permanência em Estrasburgo e vendo a
sociedade desfeita, Gutemberg decidiu voltar a Mogúncia, onde
aperfeiçoou a prensa, descobriu uma nova liga mais resistente
para a fabricação dos tipos e concebeu o audacioso projecto de
imprimir uma Bíblia «in-folio»
Era preciso dinheiro.
Mas logo apareceu a solução desse
problema com o oferecimento de João Fausto para subsidiar a
empresa, e ao mesmo tempo meter dentro da firma um amigo
chamado Pedro Schoeffer, clérigo de Mogúncia, antigo aluno da
Universidade de Paris, inventor de um novo processo de fundir
os tipos.
E a obra começou, essa famosa Bíblia de Gutenberg, a
Bíblia de 1456. Mas, não há bem que sempre dure... Um dia
João Fausto, com o propósito de vir a ser o único milionário com
os lucros da empresa tratou de arredar Gutenberg da famosa «Tipografia do Touro Negro» mesmo antes de acabar de sair a Bíblia,
alegando que Gutenberg lhe devia 2.020 florins de ouro
que lhe tinham de ser pagos integralmente.
Na impossibilidade
de o fazer Gutenberg teve de entregar todo o material tipográfico e perdeu a parte dos lucros da Bíblia que lhe pertencia.
A injustiça praticada pelo tribunal fez levantar a opinião pública a
favor de Gutenberg, mas há golpes que ferem profundamente e este
foi um deles. A partir daí Gutenberg perdeu
todo o entusiasmo pelo trabalho, embora continuando a trabalhar mas
como um autómato.
Gutenberg veio a morrer em
1480 pobre mas não miserável. Com esta morte acabou o homem que foi o pai da imprensa
e a quem muito devemos.
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