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farol n.º 17 - mil novecentos e sessenta e quatro ♦ sessenta e cinco, págs. 17 e 19.

OS PAIS

PERANTE OS EXAMES DOS FILHOS

Agostinho V. Pinho
(6.º ano)
 

ENTRE o jovem e os pais, há sempre um contacto íntimo e directo no que diz respeito aos problemas do estudo; desta forma, os pois têm por dever interessar-se pela educação intelectual do filho e auxiliá-lo em tudo o que puderem. Não é lógico pensar-se que o aluno por si só pode singrar, se não houver alguém que saiba compreender e alentar.

Muitas vezes, os pais são os causadores da derrota do jovem estudante, impondo-lhe «condições» que, de modo algum, deveriam figurar nos meios educacionais. Assim, é dever flagrante dos mais velhos (pais) ajudar os mais novos a adaptarem-se às circunstâncias da vida e do estudo, e dar-lhes um apoio compensador e dignificador.

É preciso ver que estamos a dar os primeiros passos, ainda cambaleantes, para uma vida; a falta de experiência é a causa de «erros», que precisam de ser corrigidos, mas não de uma maneira reprovadora.

Se o aluno, imaginariamente, é posto a caminhar sobre um paredão de 30 centímetros de largura e dez centímetros de altura, consegue alcançar o términus do percurso; porém, se é posto e caminhar sobre um paredão de 20 metros de altura e 30 centímetros de largura, acrescidos das recomendações exageradas dos pais (que esteja atento, que poderá cair...), ele não consegue aguentar-se e cairá mesmo...

A culpa não será do rapaz, mas deles, porque lhe alteraram as condições de normalidade em que poderia caminhar tão bem.

Quando se faz uma prova (já que existem «exames-provas»!), a primeira condição requerida para o bom êxito é a ausência de preocupações de outra natureza; é preciso rodeá-lo de uma atmosfera de / 18 / normalidade e não de constrangimento familiar. Só assim será assegurado o resultado final do exame.

Há uma segunda observação também importante: os pais, geralmente, não se preocupam com a formação do filho, mas sim com o resultado: o que interessa é passar. Ora, não é bem isto: pode-se passar e tirar um curso e ser-se completamente inadaptado ao trabalho, a que o curso diz respeito. É, pois, dever dos pais acompanhar o jovem durante todo o período dos estudos e não se preocupar demasiado com a classificação, o que muitos não fazem, aguardando somente o resultado final.

Se os pais se habituam a esta mentalidade não podem ficar surpreendidos perante uma possível reprovação dos filhos. O problema fundamental consiste na situação do jovem num ambiente de actividade, apoio e ocupação, em que possa desenvolver, da melhor maneira, os alentos recebidos.

 

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08-06-2018